Devaneios Desintéricos: as lições de Bombaim

20-01-2012
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A imprensa mundial tem, por estes dias, procurado explicações para aquilo que sucedeu em Bombaim (ou, melhor e desde 1996,em Mumbai), buscando de forma recorrente contar contos, por vezes com algum acrescento de pontos, das tortuosas relações entre a Ìndia e o Paquistão. A matriz hindu do subcontinente, o mosaico islâmico com um potencial de 150 milhões de indivíduos e as derivas nucleares de Islamabad paralelas áquelas de Nova Déli, entre tantos outros factos, representam por si, claro está, factores que a melhor análise não deverá deixar de ter conta. Contudo, corre-se o sério risco de nesta necessária busca de razões que aliviem a pressão mediática do instante, de enquadramentos para compreensões transversais e imediatas, se perder o norte na conceptualização devida. E, aqui chegados, mais do que perceber as raízes geopolíticas das relações indiano-paquistaneses, talvez seja preferível notar naquilo que é comum aos ataques dos apóstolos do Islamofascismo. Em primeiro plano, a neo jihad islâmica global tem sido levada a cabo tendo por base um substrato ideológico evidente, marcado pelo proselitismo expansionista, sendo, neste sentido, muito menos relevante o contexto geopolítico local. Os arrufos entre Islamabad e Nova Déli tornaram-se já mais uma questão de marketing político de trincheira do que propriamente uma questão enraizada nas comunidades das grandes urbes indianas e paquistanesas. Os dois Estados têm vindo a, de forma mais ou menos constante e em face das pressões externas, empreender esforços para aliviar as tensões existentes, sendo até notáveis as mudanças observadas no quadro das relações das populações transfronteiriças. Ora, assente estes tendências, seria porventura aparentemente dificil relacionar o advento do Terrorismo mediático com o clima de estabilidade que se vinha vivendo. Ou talvez não. Na verdade, aquilo que o appeasement ocidental insiste em não ver é tão simples quanto isto: semelhantes ideologias soçobrariam por completo num clima político de concórdia plena. E é por isso que os seus actos são, não tanto afloramentos da discórdia mas, isso sim, instigadores da mesma. E são por que assim cogitados e aplicados. A neo jihad global difere das suas raízes, sobretudo das mais imediatas, porque procura a afirmação de uma validade mundial das suas condutas. E, nessa base, é um fascismo como qualquer outro: vale toda e qualquer coacção quando o objectivo é a imposição de determinada Ordem. A Al Qaeda assume um mero papel messiânico numa ideologia que encontra em cada região a sua razão de ser. No caldo balcânico, no Cáucaso ou na problemática faixa que se estende de Astana a Nova Déli, este Islamofascismo almeja fazer e ser a melhor síntese valorativa no vácuo ideológico que são as neo cleptocracias ribeirinhas do Cáspio ou a Petrocracias arábicas, afundadas que estão na corrupção, no nepotismo e na incúria política. A criação de episódios de política internacional fortemente mediáticos, com violência gratuita e terror generalizado, contribui para destabilização de um lodo que, de outra forma, caminharia, ao sabor de correntes políticas entorpecidas pelo mercantilismo global, para a mansidão possível, afastando os indivíduos do radicalismo conceptual. Esse animus imperii da Neo jihad global afirma-se nesta procura do Caos, de onde esperar conseguir brotar a almejada Nova Ordem sonhada em tantas madrassas. PS: cartoon de Tab, publicado no The Cambodia Daily de Phnon Penh, Cambodja.


A imprensa mundial tem, por estes dias, procurado explicações para aquilo que sucedeu em Bombaim (ou, melhor e desde 1996,em Mumbai), buscando de forma recorrente contar contos, por vezes com algum acrescento de pontos, das tortuosas relações entre a Ìndia e o Paquistão. A matriz hindu do subcontinente, o mosaico islâmico com um potencial de 150 milhões de indivíduos e as derivas nucleares de Islamabad paralelas áquelas de Nova Déli, entre tantos outros factos, representam por si, claro está, factores que a melhor análise não deverá deixar de ter conta. Contudo, corre-se o sério risco de nesta necessária busca de razões que aliviem a pressão mediática do instante, de enquadramentos para compreensões transversais e imediatas, se perder o norte na conceptualização devida. E, aqui chegados, mais do que perceber as raízes geopolíticas das relações indiano-paquistaneses, talvez seja preferível notar naquilo que é comum aos ataques dos apóstolos do Islamofascismo. Em primeiro plano, a neo jihad islâmica global tem sido levada a cabo tendo por base um substrato ideológico evidente, marcado pelo proselitismo expansionista, sendo, neste sentido, muito menos relevante o contexto geopolítico local. Os arrufos entre Islamabad e Nova Déli tornaram-se já mais uma questão de marketing político de trincheira do que propriamente uma questão enraizada nas comunidades das grandes urbes indianas e paquistanesas. Os dois Estados têm vindo a, de forma mais ou menos constante e em face das pressões externas, empreender esforços para aliviar as tensões existentes, sendo até notáveis as mudanças observadas no quadro das relações das populações transfronteiriças. Ora, assente estes tendências, seria porventura aparentemente dificil relacionar o advento do Terrorismo mediático com o clima de estabilidade que se vinha vivendo. Ou talvez não. Na verdade, aquilo que o appeasement ocidental insiste em não ver é tão simples quanto isto: semelhantes ideologias soçobrariam por completo num clima político de concórdia plena. E é por isso que os seus actos são, não tanto afloramentos da discórdia mas, isso sim, instigadores da mesma. E são por que assim cogitados e aplicados. A neo jihad global difere das suas raízes, sobretudo das mais imediatas, porque procura a afirmação de uma validade mundial das suas condutas. E, nessa base, é um fascismo como qualquer outro: vale toda e qualquer coacção quando o objectivo é a imposição de determinada Ordem. A Al Qaeda assume um mero papel messiânico numa ideologia que encontra em cada região a sua razão de ser. No caldo balcânico, no Cáucaso ou na problemática faixa que se estende de Astana a Nova Déli, este Islamofascismo almeja fazer e ser a melhor síntese valorativa no vácuo ideológico que são as neo cleptocracias ribeirinhas do Cáspio ou a Petrocracias arábicas, afundadas que estão na corrupção, no nepotismo e na incúria política. A criação de episódios de política internacional fortemente mediáticos, com violência gratuita e terror generalizado, contribui para destabilização de um lodo que, de outra forma, caminharia, ao sabor de correntes políticas entorpecidas pelo mercantilismo global, para a mansidão possível, afastando os indivíduos do radicalismo conceptual. Esse animus imperii da Neo jihad global afirma-se nesta procura do Caos, de onde esperar conseguir brotar a almejada Nova Ordem sonhada em tantas madrassas. PS: cartoon de Tab, publicado no The Cambodia Daily de Phnon Penh, Cambodja.

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