Devaneios Desintéricos: Roménia

21-01-2012
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Bucareste, 1989

Faço da resposta ao amigo José Raposo um post para duas ou três considerações sobre este país. Não existem muitas dicas que possam ser dadas ao viajante comum para estas bandas. A Roménia está longe de ser um destino turístico. O país não detém estruturas capazes de lutar por um lugar ao sol no exigente mercado europeu estando, por exemplo, longe dos progressos observáveis noutros estados do leste. Bucareste não é, nem de perto nem de longe, uma cidade que possa ser considerada agradável, turisticamente apelativa ou confortável a olhos habituados a outras paragens. Não existe, por ora, a abertura necessária ao turismo, na acepção mais alargada do termo. As edificações urbanas -por exemplo- estão, ainda, num avançado estado de degradação sendo que a megalomania de Ceausescu levou a que a quase totalidade da velha Bucareste fosse terraplanada para levantar monumentos colossais à sua visão da roménia. Veja-se, para tanto, o impressionante Palácio do Parlamento dos 1100 quartos e acabamentos de ouro.Mas não é por tudo isto que Bucareste se torna menos atractiva. Quem, como eu, goste de se entreter com os aspectos sociais e políticos de uma dada comunidade, encontra na Roménia uma lição viva de História. Arrisco até dizer que a mesma nos é dada, muito provavelmente, de forma bem mais veemente e enfática do que as dos restantes países da orla de leste. A Revolta de Timisoara e a Rebelião de Bucareste são acontecimentos incrivelmente vívidos na consciência comum romena. Quem tenha presente a franca bravura com que os romenos se revoltaram contra a Opressão e o Totalitarismo mais abjecto não pode senão admirar este povo que, enfrentando a pior das violências, resistiu nas ruas de Bucareste a bombardeamentos de helicópteros do seu próprio país e aos disparos dos seus próprios tanques. O verdadeiramente atípico de Bucareste é constatar que, de alguma forma, ainda se respira esse instante inicial e limpo que representa o irromper da Liberdade e da Democracia. Por isso vale a pena Bucareste.

Bucareste, 1989

Faço da resposta ao amigo José Raposo um post para duas ou três considerações sobre este país. Não existem muitas dicas que possam ser dadas ao viajante comum para estas bandas. A Roménia está longe de ser um destino turístico. O país não detém estruturas capazes de lutar por um lugar ao sol no exigente mercado europeu estando, por exemplo, longe dos progressos observáveis noutros estados do leste. Bucareste não é, nem de perto nem de longe, uma cidade que possa ser considerada agradável, turisticamente apelativa ou confortável a olhos habituados a outras paragens. Não existe, por ora, a abertura necessária ao turismo, na acepção mais alargada do termo. As edificações urbanas -por exemplo- estão, ainda, num avançado estado de degradação sendo que a megalomania de Ceausescu levou a que a quase totalidade da velha Bucareste fosse terraplanada para levantar monumentos colossais à sua visão da roménia. Veja-se, para tanto, o impressionante Palácio do Parlamento dos 1100 quartos e acabamentos de ouro.Mas não é por tudo isto que Bucareste se torna menos atractiva. Quem, como eu, goste de se entreter com os aspectos sociais e políticos de uma dada comunidade, encontra na Roménia uma lição viva de História. Arrisco até dizer que a mesma nos é dada, muito provavelmente, de forma bem mais veemente e enfática do que as dos restantes países da orla de leste. A Revolta de Timisoara e a Rebelião de Bucareste são acontecimentos incrivelmente vívidos na consciência comum romena. Quem tenha presente a franca bravura com que os romenos se revoltaram contra a Opressão e o Totalitarismo mais abjecto não pode senão admirar este povo que, enfrentando a pior das violências, resistiu nas ruas de Bucareste a bombardeamentos de helicópteros do seu próprio país e aos disparos dos seus próprios tanques. O verdadeiramente atípico de Bucareste é constatar que, de alguma forma, ainda se respira esse instante inicial e limpo que representa o irromper da Liberdade e da Democracia. Por isso vale a pena Bucareste.

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