Ainda não refeito do choque de acordar num país melhor, Aníbal Cavaco Silva apareceu para pedir “soluções de bom senso” na regulamentação da lei a ser aprovada pela Assembleia da República, no quadro do referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez. Sua excelência o presidente de todos nós (salvo seja...) não se coíbe de, na pose de bonus pater familias que lhe vamos (re)conhecendo, interferir em matéria que, frise-se, não é da sua da sua competência. Não compete ao Presidente da República, por muito extensa que seja a sua interpretação dos poderes constitucionais que lhe são atribuídos, enviar "recados" a uma Assembleia cujo poder soberano assenta na legitimidade democrática de todos nós. O poder legiferante da AR não encontra, nem pode encontrar, outros limites que não os estritamente contidos na Constituição da República. Não deve, nem pode, aceitar sugestões de como pautar a sua actividade que não aqueles estritamente decorrentes da expressão política de uma comunidade electiva unida em torno dos institutos tipo da Democracia. O senhor Presidente da República não pode querer ganhar na Secretaria o jogo que não ganhou em campo. Até porque, por muito que lhe doa, quem manda em Democracia somos todos nós. E, sobre este assunto, nós já dissémos o que tínhamos a dizer. E não admitimos recados.
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Ainda não refeito do choque de acordar num país melhor, Aníbal Cavaco Silva apareceu para pedir “soluções de bom senso” na regulamentação da lei a ser aprovada pela Assembleia da República, no quadro do referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez. Sua excelência o presidente de todos nós (salvo seja...) não se coíbe de, na pose de bonus pater familias que lhe vamos (re)conhecendo, interferir em matéria que, frise-se, não é da sua da sua competência. Não compete ao Presidente da República, por muito extensa que seja a sua interpretação dos poderes constitucionais que lhe são atribuídos, enviar "recados" a uma Assembleia cujo poder soberano assenta na legitimidade democrática de todos nós. O poder legiferante da AR não encontra, nem pode encontrar, outros limites que não os estritamente contidos na Constituição da República. Não deve, nem pode, aceitar sugestões de como pautar a sua actividade que não aqueles estritamente decorrentes da expressão política de uma comunidade electiva unida em torno dos institutos tipo da Democracia. O senhor Presidente da República não pode querer ganhar na Secretaria o jogo que não ganhou em campo. Até porque, por muito que lhe doa, quem manda em Democracia somos todos nós. E, sobre este assunto, nós já dissémos o que tínhamos a dizer. E não admitimos recados.