Devaneios Desintéricos: a lógica que subjaz

21-01-2012
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Olusegun Obasanjo dirige, enquanto "supremo chefe da República Federal da Nigéria", uma democracia soit disant conhecida por, entre tantas outras coisas, massacres de civis, sentenças de morte por apedrejamento à luz da Lei Sharia e suspeitas ligações entre as petrolíferas e o Estado conducentes, por exemplo, a assassinatos selectivos de defensores dos Direitos Humanos. Porém, na procura de novas formas de erradicar qualquer réstea de democracia eventualmente testemunhada por aquelas terras, o presidente Obasanjo, alvo até de uma alteração constitucional ad personam que lhe permitirá um terceiro mandato à frente do Executivo de Abuja, decidiu fazer aprovar uma curiosa lei de "proibição do casamento homossexual" . Chegados aqui qualquer observador mais ingénuo sentir-se-ia, porventura, forçado a concluir a premência do tema "homossexualidade" na sociedade nigeriana, claramente acima do avanço da fome, da violência institucionalizada e da inequidade social de um dos países onde mais se produz petróleo mas onde a população é mais pobre. Mas não. A preocupação anti-homossexualidade do executivo nigeriano serve apenas o propósito tantas vezes na base dos mais singelos proto-totalitarismos: galvanizar apoio em torno de um ódio comum, buscando-se, dessa forma, obter apoio popular à supressão dos mais basilares princípios humanistas de qualquer Democracia digna de seu nome. No caso presente, sob pretexto de "proibir o casamento homossexual", erradica-se o direito à livre associação e expressão. À luz da nova legislação, qualquer um que se case com outro indíviduo do mesmo sexo será sentenciado, pelo menos, a 5 anos de prisão. Do mesmo modo, também será punido quem esteja presente na cerimónia, ou quem, em público ou em privado, demonstre indícios de uma relação amorosa de teor homossexual. Como bem atentou o International Herald Tribune, basta que duas pessoas sejam vistas a jantar num restaurante para serem punidas. Associações que apoiem homossexuais também serão punidas (aqui todas as ONGs de combate, por exemplo, à SIDA presentes em território nigeriano serão abrangidas). Tudo - quem se espanta?- com o apoio do Poder Islâmico e da Igreja Anglicana local.A criação de cidadãos de segunda, que tanto favorece os poderes, constitui, apenas e tão só, a lógica de sempre que serviu e serve tantos propósitos.


Olusegun Obasanjo dirige, enquanto "supremo chefe da República Federal da Nigéria", uma democracia soit disant conhecida por, entre tantas outras coisas, massacres de civis, sentenças de morte por apedrejamento à luz da Lei Sharia e suspeitas ligações entre as petrolíferas e o Estado conducentes, por exemplo, a assassinatos selectivos de defensores dos Direitos Humanos. Porém, na procura de novas formas de erradicar qualquer réstea de democracia eventualmente testemunhada por aquelas terras, o presidente Obasanjo, alvo até de uma alteração constitucional ad personam que lhe permitirá um terceiro mandato à frente do Executivo de Abuja, decidiu fazer aprovar uma curiosa lei de "proibição do casamento homossexual" . Chegados aqui qualquer observador mais ingénuo sentir-se-ia, porventura, forçado a concluir a premência do tema "homossexualidade" na sociedade nigeriana, claramente acima do avanço da fome, da violência institucionalizada e da inequidade social de um dos países onde mais se produz petróleo mas onde a população é mais pobre. Mas não. A preocupação anti-homossexualidade do executivo nigeriano serve apenas o propósito tantas vezes na base dos mais singelos proto-totalitarismos: galvanizar apoio em torno de um ódio comum, buscando-se, dessa forma, obter apoio popular à supressão dos mais basilares princípios humanistas de qualquer Democracia digna de seu nome. No caso presente, sob pretexto de "proibir o casamento homossexual", erradica-se o direito à livre associação e expressão. À luz da nova legislação, qualquer um que se case com outro indíviduo do mesmo sexo será sentenciado, pelo menos, a 5 anos de prisão. Do mesmo modo, também será punido quem esteja presente na cerimónia, ou quem, em público ou em privado, demonstre indícios de uma relação amorosa de teor homossexual. Como bem atentou o International Herald Tribune, basta que duas pessoas sejam vistas a jantar num restaurante para serem punidas. Associações que apoiem homossexuais também serão punidas (aqui todas as ONGs de combate, por exemplo, à SIDA presentes em território nigeriano serão abrangidas). Tudo - quem se espanta?- com o apoio do Poder Islâmico e da Igreja Anglicana local.A criação de cidadãos de segunda, que tanto favorece os poderes, constitui, apenas e tão só, a lógica de sempre que serviu e serve tantos propósitos.

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