Devaneios Desintéricos: para bom entendedor meia palavra basta...

23-01-2012
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...e esta foi direitinha de Estocolmo até Ancara. Ao comunicar, esta tarde, a atribuição do prémio nobel da literatura a Orhan Pamuk, a Academia Sueca não pretendeu apenas sublinhar o trabalho de um intelectual preso entre o ocidente e o oriente, escrevendo sobre a sua Istambul, por muito que os problemas de Constantinopla possam ser tão actuais quanto simbólicos deste mundo. O escritor que em entrevista à Das Magazin (suplemento do diário Tages-Anzeiger de Zürich) se assumiu como o único turco defensor da veracidade histórica do genocídio de um milhão de arménios às mãos do poder turco, é ainda um inconveniente e pouco simpático denunciador dos milhares de mortos curdos às mãos da Turquia contemporânea.Tudo isto valeu-lhe a perseguição judicial das autoridades turcas, ancorada no já famoso artigo 301 do Código Penal Turco que, aliás, o Devaneios abordou a propósito de Elif Shafak. O ataque impiedoso da Academia Sueca constituiu um meritório sopapo no Executivo de Ancara. Mas, ao concentrar a sua mensagem na defesa da liberdade de expressão, o simbolismo desta escolha não pode deixar de colateralmente abranger outros casos...


...e esta foi direitinha de Estocolmo até Ancara. Ao comunicar, esta tarde, a atribuição do prémio nobel da literatura a Orhan Pamuk, a Academia Sueca não pretendeu apenas sublinhar o trabalho de um intelectual preso entre o ocidente e o oriente, escrevendo sobre a sua Istambul, por muito que os problemas de Constantinopla possam ser tão actuais quanto simbólicos deste mundo. O escritor que em entrevista à Das Magazin (suplemento do diário Tages-Anzeiger de Zürich) se assumiu como o único turco defensor da veracidade histórica do genocídio de um milhão de arménios às mãos do poder turco, é ainda um inconveniente e pouco simpático denunciador dos milhares de mortos curdos às mãos da Turquia contemporânea.Tudo isto valeu-lhe a perseguição judicial das autoridades turcas, ancorada no já famoso artigo 301 do Código Penal Turco que, aliás, o Devaneios abordou a propósito de Elif Shafak. O ataque impiedoso da Academia Sueca constituiu um meritório sopapo no Executivo de Ancara. Mas, ao concentrar a sua mensagem na defesa da liberdade de expressão, o simbolismo desta escolha não pode deixar de colateralmente abranger outros casos...

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