Devaneios Desintéricos: devaneios cinematográficos: Munich

21-01-2012
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Motivado por um repentino e bocejante tédio, resolvi largar o sofá e aventurar-me pelos dez graus negativos de uma invernosa Zürich para ir ver a mais recente película de Steven Spielberg. Trata-se do verdadeiramente interessante Munich onde Spielberg volta, em meu entender de forma magistral, ao anos dourados do seu melhor. Relembrando a História - factor essencial da película - corria o mês de Setembro de 1972 quando um ataque terrorista sem precedentes se desenrola perante milhões de telespectadores por todo o globo. Decorria a segunda semana dos Jogos Olímpicos de Verão, em Munique, na então Alemanha Ocidental - os jogos que haviam sido apelidados "Jogos da Paz e da Alegria" - quando, sem aviso, um grupo extremista palestiniano, "Setembro Negro", invadiu a Aldeia Olímpica, matando dois membros da equipa israelita e capturando nove elementos como reféns. Com excepcional frieza e crueza, Spielberg descreve os passos violentamente sangrentos do ataque, expondo-os na antecâmara do que se assume como a narrativa base do filme: a procura da vingança israelita, consumada pela MOSSAD (para quem não saiba, trata-se dos serviços de inteligência do estado judaico). Mais do que a intriga política das profundezas, o telespectador assiste à verdadeira natureza de um interminável círculo vicioso de violência, de lado a lado, que se torna num drama perigosamente psiquiátrico para a personagem principal - Avner, o jovem patriota oficial da MOSSAD. Spielberg, ao atentar no cariz repetitivo da violência de ambas as facções, acaba por estabelecer uma equivalência moral crua quer para palestenianos quer para israelitas. Perfeito e certeiro.


Motivado por um repentino e bocejante tédio, resolvi largar o sofá e aventurar-me pelos dez graus negativos de uma invernosa Zürich para ir ver a mais recente película de Steven Spielberg. Trata-se do verdadeiramente interessante Munich onde Spielberg volta, em meu entender de forma magistral, ao anos dourados do seu melhor. Relembrando a História - factor essencial da película - corria o mês de Setembro de 1972 quando um ataque terrorista sem precedentes se desenrola perante milhões de telespectadores por todo o globo. Decorria a segunda semana dos Jogos Olímpicos de Verão, em Munique, na então Alemanha Ocidental - os jogos que haviam sido apelidados "Jogos da Paz e da Alegria" - quando, sem aviso, um grupo extremista palestiniano, "Setembro Negro", invadiu a Aldeia Olímpica, matando dois membros da equipa israelita e capturando nove elementos como reféns. Com excepcional frieza e crueza, Spielberg descreve os passos violentamente sangrentos do ataque, expondo-os na antecâmara do que se assume como a narrativa base do filme: a procura da vingança israelita, consumada pela MOSSAD (para quem não saiba, trata-se dos serviços de inteligência do estado judaico). Mais do que a intriga política das profundezas, o telespectador assiste à verdadeira natureza de um interminável círculo vicioso de violência, de lado a lado, que se torna num drama perigosamente psiquiátrico para a personagem principal - Avner, o jovem patriota oficial da MOSSAD. Spielberg, ao atentar no cariz repetitivo da violência de ambas as facções, acaba por estabelecer uma equivalência moral crua quer para palestenianos quer para israelitas. Perfeito e certeiro.

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