Devaneios Desintéricos: o veto de Cavaco

26-01-2012
marcar artigo


“para não agravar a desprotecção da parte mais fraca, o legislador devia ponderar em que medida não seria preferível manter-se (...) o regime do divórcio culposo”Insisto no que tenho dito (mormente aqui e acolá) neste Devaneios: Como se pode, com um mínimo de honestidade intelectual, acreditar que a família (que tipo de família, já agora?) se deve proteger por via de de leis de divórcio mais rígidas? Como se concebe que um indivíduo seja forçado a manter um determinado vínculo por razões que não as puramente afectivas ou emocionais?Como se pode, como presidente de um Estado da Europa do século XXI, dirigir-se a toda uma colectivade de cidadãos livres com um exercício intelectual pleno de moralismo fétido travestido da usual e costumeira mediocridade argumentativa que constitui este desejo de "protecção da Família" presidencial? É, não tenhamos dúvidas, o paternalismo moral de cadeirão de sofá mais reaccionário, quiçá Totalitário, que entende impor força de Lei a uma Moral de Estado. É lamentável, porventura sintomático, que tudo isso seja protegido em Belém.Sócrates tem aqui uma boa possibilidade de afirmar as suas apregoadas "visões modernizadoras da Sociedade Portuguesa" de que tanto se orgulhou no seu discurso de encerramento do último Congresso da Juventude Socialista, ordenando ao Grupo Parlamentar do PS que confirme o Diploma. Veremos se a tanto seja a sua "Esquerda".PS: Uma palavra para os suspeitos do costume: reflexo da “leviandade com que, muitas vezes, o Parlamento produz leis”, diz o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa; A leviandade de que fala Carlos Azevedo constitui uma ofensa por parte de um Poder não legitimado a um Poder legitimado e supremo que nos representa a todos. Chamar leviana à Assembleia da República equivale, de certo modo, a considerar levianos, porventura estúpidos, todos aqueles que votaram e escolherem em consciência aqueles como seus representantes. É uma arrogância que não se deveria permitir porque desrepeitosa do adquirido civilizacional de celebração da Democracia. E no jogo da mesma - aquele que a ICAR manifestamente desconhece - a noção de valores agregadores de compromissos não é, como em tantas outras questões, unívoca.


“para não agravar a desprotecção da parte mais fraca, o legislador devia ponderar em que medida não seria preferível manter-se (...) o regime do divórcio culposo”Insisto no que tenho dito (mormente aqui e acolá) neste Devaneios: Como se pode, com um mínimo de honestidade intelectual, acreditar que a família (que tipo de família, já agora?) se deve proteger por via de de leis de divórcio mais rígidas? Como se concebe que um indivíduo seja forçado a manter um determinado vínculo por razões que não as puramente afectivas ou emocionais?Como se pode, como presidente de um Estado da Europa do século XXI, dirigir-se a toda uma colectivade de cidadãos livres com um exercício intelectual pleno de moralismo fétido travestido da usual e costumeira mediocridade argumentativa que constitui este desejo de "protecção da Família" presidencial? É, não tenhamos dúvidas, o paternalismo moral de cadeirão de sofá mais reaccionário, quiçá Totalitário, que entende impor força de Lei a uma Moral de Estado. É lamentável, porventura sintomático, que tudo isso seja protegido em Belém.Sócrates tem aqui uma boa possibilidade de afirmar as suas apregoadas "visões modernizadoras da Sociedade Portuguesa" de que tanto se orgulhou no seu discurso de encerramento do último Congresso da Juventude Socialista, ordenando ao Grupo Parlamentar do PS que confirme o Diploma. Veremos se a tanto seja a sua "Esquerda".PS: Uma palavra para os suspeitos do costume: reflexo da “leviandade com que, muitas vezes, o Parlamento produz leis”, diz o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa; A leviandade de que fala Carlos Azevedo constitui uma ofensa por parte de um Poder não legitimado a um Poder legitimado e supremo que nos representa a todos. Chamar leviana à Assembleia da República equivale, de certo modo, a considerar levianos, porventura estúpidos, todos aqueles que votaram e escolherem em consciência aqueles como seus representantes. É uma arrogância que não se deveria permitir porque desrepeitosa do adquirido civilizacional de celebração da Democracia. E no jogo da mesma - aquele que a ICAR manifestamente desconhece - a noção de valores agregadores de compromissos não é, como em tantas outras questões, unívoca.

marcar artigo