Câmara Corporativa: O erro de palmatória de Louçã

26-01-2012
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Entre economistas conta-se uma anedota que é mais ou menos assim:Um físico, um químico e um economista estão presos numa ilha deserta. Os três estão com fome, mas a única coisa que lhes resta para comer são latas de feijão. Naturalmente, não dispõem de um abre-latas, pelo que põem a imaginação a trabalhar para encontrar uma forma de abrir as latas.O físico diz: "- Vamos tentar com que a luz do sol incida sobre a tampa - talvez esta derreta e abra um buraco."O químico, insatisfeito, riposta: "- Não, vamos atirar água salgada para cima da tampa - talvez ela enferruje."O economista, impaciente, interrompe: "- Estão a perder tempo com ideias complicadas. Vamos apenas assumir que temos um abre-latas".Louçã, quando fala em soluções de governação à esquerda, raciocina como o economista da anedota. Louçã pede às pessoas que "assumam" que o Bloco de Esquerda é Governo, de modo a que possa aplicar as suas soluções milagrosas para a economia portuguesa. Quando alguém coloca os pés no chão e lhe pergunta como é que o Bloco de Esquerda pode alguma vez ser Governo quando não passa dos 7% nas sondagens, e quando apenas aceita coligar-se com um partido que não vai muito mais além nas intenções de voto, imaginamos Louçã a dizer: "Estão a perder tempo com ideias complicadas". Depois de prometer mudar por completo o panorama da política nacional, Louçã prepara-se para reduzir a representação parlamentar do Bloco de Esquerda a um grupelho de extrema-esquerda cuja razão de existir é o de protestar contra o "capitalismo". O erro de Louçã foi, afinal, de palmatória: não percebeu que, ao longo de último ano, transformou o BE num partido cuja estratégia em praticamente nada difere da do PCP. Não foi para isto que uma larga fatia de eleitores votou no BE: esses não querem regressar ou reconstruir as clivagens que marcaram o PREC, e que levaram à separação definitiva entre a esquerda revolucionária e a reformista. Que Louçã tenha cometido semelhante erro não é por falta de inteligência ou instinto político: é porque não "dá" para tirar o PSR de dentro dele.Pedro T.


Entre economistas conta-se uma anedota que é mais ou menos assim:Um físico, um químico e um economista estão presos numa ilha deserta. Os três estão com fome, mas a única coisa que lhes resta para comer são latas de feijão. Naturalmente, não dispõem de um abre-latas, pelo que põem a imaginação a trabalhar para encontrar uma forma de abrir as latas.O físico diz: "- Vamos tentar com que a luz do sol incida sobre a tampa - talvez esta derreta e abra um buraco."O químico, insatisfeito, riposta: "- Não, vamos atirar água salgada para cima da tampa - talvez ela enferruje."O economista, impaciente, interrompe: "- Estão a perder tempo com ideias complicadas. Vamos apenas assumir que temos um abre-latas".Louçã, quando fala em soluções de governação à esquerda, raciocina como o economista da anedota. Louçã pede às pessoas que "assumam" que o Bloco de Esquerda é Governo, de modo a que possa aplicar as suas soluções milagrosas para a economia portuguesa. Quando alguém coloca os pés no chão e lhe pergunta como é que o Bloco de Esquerda pode alguma vez ser Governo quando não passa dos 7% nas sondagens, e quando apenas aceita coligar-se com um partido que não vai muito mais além nas intenções de voto, imaginamos Louçã a dizer: "Estão a perder tempo com ideias complicadas". Depois de prometer mudar por completo o panorama da política nacional, Louçã prepara-se para reduzir a representação parlamentar do Bloco de Esquerda a um grupelho de extrema-esquerda cuja razão de existir é o de protestar contra o "capitalismo". O erro de Louçã foi, afinal, de palmatória: não percebeu que, ao longo de último ano, transformou o BE num partido cuja estratégia em praticamente nada difere da do PCP. Não foi para isto que uma larga fatia de eleitores votou no BE: esses não querem regressar ou reconstruir as clivagens que marcaram o PREC, e que levaram à separação definitiva entre a esquerda revolucionária e a reformista. Que Louçã tenha cometido semelhante erro não é por falta de inteligência ou instinto político: é porque não "dá" para tirar o PSR de dentro dele.Pedro T.

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