Stresses, Fundos e Fomentos

08-10-2015
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Com tranquilidade

Tudo à mistura numa semana explosiva.

A Banca, a outrora robusta e eficiente banca, teve mais um pequeno Stress. O BCP, no passado exemplar, depois em crise e agora em processo de recuperação não teve uma semana fácil. Os testes de stress são relevantes, mas o juízo mais importante é o dos mercados, ou seja, a capacidade dos bancos nacionais acederem aos mercados monetários interbancários internacionais e emitirem dívida (sem garantia estatal).

Os testes de stress não raras vezes têm servido como calmante em períodos de turbulência dos mercados. Para obter aprovação nos testes no final cada Banco tinha de obter um rácio de capital na ordem dos 5,5%, no cenário mais adverso.

Desta vez foi o BCP que ficou abaixo. Situado nos 3,3%. Obviamente, estamos a falar de um cenário à data de 31 de Dezembro de 2013. E o que já mudou o mundo financeiro e no próprio balanço do banco desde essa data. Já vimos bancos a desaparecer e a florescer, já vimos Comissões Europeias substituídas, já vimos fusões e destruições de grupos.

O cenário foi desfavorável, sobretudo para a Itália. Foram 9 os Bancos que chumbaram. No entanto lembrando George Orwell há uns países que são mais iguais que outros, não sendo os cenários adversos construídos com a mesma intensidade de queda das variáveis macroeconómicas. Pode fazer um pouco lembrar coincidências ao nível do árbitro russo que apita jogos em que empresas russas patrocinam equipas alemãs. São meras coincidências.

Lá nos Fundos Europeus

Stresses à parte, parece que da Europa não vêm só chumbos. Ainda há dinheiro a chegar, os últimos cartuchos, e que Portugal precisa como de pão para a boca. Injectar dinheiro nas nossas empresas e na economia é uma tarefa premente. Mas não só. E o "animal político" António Costa percebeu rapidamente o cenário que tem pela frente.

Não sei se é uma discussão infantil, se foi gaffe ou se foi apenas "picar o ponto". Mas relevo, sobre esta troca de argumentos entre o Governo e o líder do PS, de todas as análises que li, a do insuspeito Professor Ricardo Mamede e cito: "Se do ponto de vista técnico a questão é menor, do ponto de vista político a gaffe não é de somenos, por dois motivos.

Primeiro, António Costa passou uma imagem de impreparação, algo que não lhe deveria assentar e que os seus conselheiros poderiam ter evitado.

Em segundo lugar, o futuro líder do PS revelou-se inclinado para marcar pontos na agenda política de forma superficial. É que, erro técnico à parte, a discussão sobre os fundos europeus não deveria centrar-se nos níveis de execução, mas antes na sua qualidade (gastar é fácil, díficil é fazê-lo bem)."

E finalmente alguém diz o essencial. É a qualidade do destino dos fundos europeus que deve estar em causa. A qualidade e o retorno. É que cada euro desses fundos deve ser usado de forma a potenciar a nossa economia. Já o disse mais vez, estes fundos não podem servir apenas para Workshops, formações de formadores, estudos de gaveta e inaugurações pomposas. Devem estar ao serviço da economia real e do empresário que irá investir e rentabilizar, criando no processo os muito necessários novos postos de trabalho.

A juntar a estes fundos não podemos esquecer podemos sempre pôr Carlos Moedas a funcionar. Não. Não é com o intuito que foi dito recentemente. É mesmo só para o bem.

Ora António Costa, uma raposa velha do nosso sistema política, percebeu bem que um Governo que tem mais um ano de mandato e fundos "para distribuir" pode fazer mossa. Um ano em política é uma eternidade, a economia foi tão abaixo que uma injecção de fundos poderá dar um sinal de recuperação e ficar um ano a falar obriga a escolhas, apontar caminhos e colocar a nu o que se pensa sobre a governação. Tudo o que um candidato a cavalgar as sondagens não gosta.

Fomentar os fundos

Mas para os fundos serem aplicados importa também que do lado do Governo haja muito siso e acabar de vez com as tricas na coligação. Acordos eleitorais à parte, vem aí o tão ansiado Banco de Fomento, ou mais pomposamente a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD). Recebeu, na semana transacta, luz verde da Comissão Europeia até 2020. As prioridades são o apoio e financiamento das PME viáveis, visando colmatar falhas de mercado, que impedem o acesso destas empresas ao financiamento. Com um capital social na ordem dos 100 milhões de euros e como accionista único o Estado, a IFD irá gerir 1,5 mil milhões de euros dos Fundos que nos vão chegar da Europa.

É um mecanismo que tardou em ser colocado no terreno. Numa fase como a que Portugal vive de escassez de meios, sobretudo para as PME, esta medida não pode mesmo falhar. Já vamos tarde. E esperemos que este Banco do Fomento não emperre no pior da função pública: burocracias e duplicações, nem que haja suspeitas de favorecimentos de determinadas empresas, com base em critérios subjectivos É necessário que a IFD tenha uma estrutura ágil, profissionalizada, conhecedora do tecido empresarial do país e isenta na hora da decisão.

Os dados estão lançados. A ligação entre Europa e Portugal estende-se de regulador a patrocinador. Estamos ligados umbilicalmente. Não há volta a dar. A resposta à crise passa cada vez mais por Bruxelas e Frankfurt.

Com tranquilidade

Tudo à mistura numa semana explosiva.

A Banca, a outrora robusta e eficiente banca, teve mais um pequeno Stress. O BCP, no passado exemplar, depois em crise e agora em processo de recuperação não teve uma semana fácil. Os testes de stress são relevantes, mas o juízo mais importante é o dos mercados, ou seja, a capacidade dos bancos nacionais acederem aos mercados monetários interbancários internacionais e emitirem dívida (sem garantia estatal).

Os testes de stress não raras vezes têm servido como calmante em períodos de turbulência dos mercados. Para obter aprovação nos testes no final cada Banco tinha de obter um rácio de capital na ordem dos 5,5%, no cenário mais adverso.

Desta vez foi o BCP que ficou abaixo. Situado nos 3,3%. Obviamente, estamos a falar de um cenário à data de 31 de Dezembro de 2013. E o que já mudou o mundo financeiro e no próprio balanço do banco desde essa data. Já vimos bancos a desaparecer e a florescer, já vimos Comissões Europeias substituídas, já vimos fusões e destruições de grupos.

O cenário foi desfavorável, sobretudo para a Itália. Foram 9 os Bancos que chumbaram. No entanto lembrando George Orwell há uns países que são mais iguais que outros, não sendo os cenários adversos construídos com a mesma intensidade de queda das variáveis macroeconómicas. Pode fazer um pouco lembrar coincidências ao nível do árbitro russo que apita jogos em que empresas russas patrocinam equipas alemãs. São meras coincidências.

Lá nos Fundos Europeus

Stresses à parte, parece que da Europa não vêm só chumbos. Ainda há dinheiro a chegar, os últimos cartuchos, e que Portugal precisa como de pão para a boca. Injectar dinheiro nas nossas empresas e na economia é uma tarefa premente. Mas não só. E o "animal político" António Costa percebeu rapidamente o cenário que tem pela frente.

Não sei se é uma discussão infantil, se foi gaffe ou se foi apenas "picar o ponto". Mas relevo, sobre esta troca de argumentos entre o Governo e o líder do PS, de todas as análises que li, a do insuspeito Professor Ricardo Mamede e cito: "Se do ponto de vista técnico a questão é menor, do ponto de vista político a gaffe não é de somenos, por dois motivos.

Primeiro, António Costa passou uma imagem de impreparação, algo que não lhe deveria assentar e que os seus conselheiros poderiam ter evitado.

Em segundo lugar, o futuro líder do PS revelou-se inclinado para marcar pontos na agenda política de forma superficial. É que, erro técnico à parte, a discussão sobre os fundos europeus não deveria centrar-se nos níveis de execução, mas antes na sua qualidade (gastar é fácil, díficil é fazê-lo bem)."

E finalmente alguém diz o essencial. É a qualidade do destino dos fundos europeus que deve estar em causa. A qualidade e o retorno. É que cada euro desses fundos deve ser usado de forma a potenciar a nossa economia. Já o disse mais vez, estes fundos não podem servir apenas para Workshops, formações de formadores, estudos de gaveta e inaugurações pomposas. Devem estar ao serviço da economia real e do empresário que irá investir e rentabilizar, criando no processo os muito necessários novos postos de trabalho.

A juntar a estes fundos não podemos esquecer podemos sempre pôr Carlos Moedas a funcionar. Não. Não é com o intuito que foi dito recentemente. É mesmo só para o bem.

Ora António Costa, uma raposa velha do nosso sistema política, percebeu bem que um Governo que tem mais um ano de mandato e fundos "para distribuir" pode fazer mossa. Um ano em política é uma eternidade, a economia foi tão abaixo que uma injecção de fundos poderá dar um sinal de recuperação e ficar um ano a falar obriga a escolhas, apontar caminhos e colocar a nu o que se pensa sobre a governação. Tudo o que um candidato a cavalgar as sondagens não gosta.

Fomentar os fundos

Mas para os fundos serem aplicados importa também que do lado do Governo haja muito siso e acabar de vez com as tricas na coligação. Acordos eleitorais à parte, vem aí o tão ansiado Banco de Fomento, ou mais pomposamente a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD). Recebeu, na semana transacta, luz verde da Comissão Europeia até 2020. As prioridades são o apoio e financiamento das PME viáveis, visando colmatar falhas de mercado, que impedem o acesso destas empresas ao financiamento. Com um capital social na ordem dos 100 milhões de euros e como accionista único o Estado, a IFD irá gerir 1,5 mil milhões de euros dos Fundos que nos vão chegar da Europa.

É um mecanismo que tardou em ser colocado no terreno. Numa fase como a que Portugal vive de escassez de meios, sobretudo para as PME, esta medida não pode mesmo falhar. Já vamos tarde. E esperemos que este Banco do Fomento não emperre no pior da função pública: burocracias e duplicações, nem que haja suspeitas de favorecimentos de determinadas empresas, com base em critérios subjectivos É necessário que a IFD tenha uma estrutura ágil, profissionalizada, conhecedora do tecido empresarial do país e isenta na hora da decisão.

Os dados estão lançados. A ligação entre Europa e Portugal estende-se de regulador a patrocinador. Estamos ligados umbilicalmente. Não há volta a dar. A resposta à crise passa cada vez mais por Bruxelas e Frankfurt.

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