Câmara Corporativa: Temos de ser uns prós outros

24-01-2012
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Ficou-me atravessada a vez em que fui excessivo com Paulo Pinto Mascarenhas (PPM). A oportunidade de me redimir chegou com a discussão em torno do Plano B, espaço que o Jornal de Negócios lhe pôs à disposição para dar conta das suas excursões pela blogosfera. Aparentemente, o PPM não entendeu o meu acto de contrição: a um comentário melindrado (aqui) seguiu-se um post despropositado.A verdade é que há uma hipótese — e é o que preocupa a blogosfera — de salvar o famoso Plano B, lançando mão a um plano de emergência (a escolha da letra para o identificar pode ser deixada ao livre arbítrio do Autor). Para isso, o PPM tem de entender o que está em causa. Por exemplo, se ele se colocasse no lugar de um alto quadro de uma empresa do PSI-20: • Não se sentiria insultado se lhe oferecessem uma mulher delambida em papel, com uma qualidade de impressão inferior à dos calendários das casas de pneus, quando esses altos quadros podem, num momento de aflição, entregar-se, sem embaraço de maior, a uma massagem tailandesa (talvez coberta pelo seguro de saúde suportado pela empresa)?• Não se sentiria frustrado, tendo em conta que esses altos quadros têm o tempo contado, se no seu jornal de eleição se visse constrangido a ler algo sobre um tal Gonçalves, cuja obra, eventualmente relevante, é desconhecida, descontada “uma lista de [sic] 100 melhores filmes americanos, a que Gonçalves se refere com a crítica e o humor habituais”?• Não se sentiria gozado se, com o mundo em sobressalto, o seu jornal de negócios o convocasse a debruçar-se sobre blogues com títulos tão sugestivos como Bitaites, Blogotinha, Crónica do Migas, Horizonte Artificial, Jardinagens, Lena d’Água, Lisboa Oh Yeah ou O Senhor Prendado?Pense nisto, PPM. A direita é capaz de fazer melhor — até porque, como não se cansa de sublinhar Pacheco Pereira, é ela, pela ordem natural das coisas, que detém o saber (e a cultura).PS — Ia-me esquecendo de um aspecto: num jornal de economia, que se preocupa com o rigor dos números, o estilo adoptado não pode ser o da pequena intriga e do amiguismo do Independente. Até porque, quando a coisa não é feita com conta, peso e medida, há quem se sinta numa situação desconfortável: A blogosfera agora tem o seu Carlos Castro.


Ficou-me atravessada a vez em que fui excessivo com Paulo Pinto Mascarenhas (PPM). A oportunidade de me redimir chegou com a discussão em torno do Plano B, espaço que o Jornal de Negócios lhe pôs à disposição para dar conta das suas excursões pela blogosfera. Aparentemente, o PPM não entendeu o meu acto de contrição: a um comentário melindrado (aqui) seguiu-se um post despropositado.A verdade é que há uma hipótese — e é o que preocupa a blogosfera — de salvar o famoso Plano B, lançando mão a um plano de emergência (a escolha da letra para o identificar pode ser deixada ao livre arbítrio do Autor). Para isso, o PPM tem de entender o que está em causa. Por exemplo, se ele se colocasse no lugar de um alto quadro de uma empresa do PSI-20: • Não se sentiria insultado se lhe oferecessem uma mulher delambida em papel, com uma qualidade de impressão inferior à dos calendários das casas de pneus, quando esses altos quadros podem, num momento de aflição, entregar-se, sem embaraço de maior, a uma massagem tailandesa (talvez coberta pelo seguro de saúde suportado pela empresa)?• Não se sentiria frustrado, tendo em conta que esses altos quadros têm o tempo contado, se no seu jornal de eleição se visse constrangido a ler algo sobre um tal Gonçalves, cuja obra, eventualmente relevante, é desconhecida, descontada “uma lista de [sic] 100 melhores filmes americanos, a que Gonçalves se refere com a crítica e o humor habituais”?• Não se sentiria gozado se, com o mundo em sobressalto, o seu jornal de negócios o convocasse a debruçar-se sobre blogues com títulos tão sugestivos como Bitaites, Blogotinha, Crónica do Migas, Horizonte Artificial, Jardinagens, Lena d’Água, Lisboa Oh Yeah ou O Senhor Prendado?Pense nisto, PPM. A direita é capaz de fazer melhor — até porque, como não se cansa de sublinhar Pacheco Pereira, é ela, pela ordem natural das coisas, que detém o saber (e a cultura).PS — Ia-me esquecendo de um aspecto: num jornal de economia, que se preocupa com o rigor dos números, o estilo adoptado não pode ser o da pequena intriga e do amiguismo do Independente. Até porque, quando a coisa não é feita com conta, peso e medida, há quem se sinta numa situação desconfortável: A blogosfera agora tem o seu Carlos Castro.

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