Câmara Corporativa: Está bonita a festa, pá [4]

24-01-2012
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E agora é chegada a vez de Paulo Rangel, que está exilado lá em Bruxelas, também malhar no Governo, especificamente na política externa, que parece andar aos baldões sob a capa de uma autoproclamada eficácia. Eis um excerto do seu artigo na edição de hoje no Público:‘É preciso fazer política e saber fazer política nesse novo contexto. A economia há-de ser um instrumento, mas não conseguirá nem poderá nunca ser mais do que um mero instrumento. Dar a primazia à diplomacia económica significa que não se percebeu ainda o que nos aconteceu. Vejo com apreensão que, nestes últimos dez anos, Portugal nada fez para desenvolver alianças estratégicas e preferenciais dentro do universo dos 27. Portugal relaciona-se "monoliticamente" com as instituições europeias e fala, de quando em vez, com os países "grandes". Mas renunciou a fazer diplomacia em rede dentro da União, estabelecendo alianças de geometria variável, organizadas em função de assuntos e interesses comuns, alicerçadas num diálogo sustentado no tempo: ora com os países do Sul (que vão de Chipre à Espanha), ora com os países de média dimensão (tão díspares como a Hungria ou a Suécia), ora com os periféricos (que podem ir da Estónia à Irlanda). E os exemplos podem multiplicar-se à exaustão. A crise das dívidas mostra bem que os estados mais debilitados - com muitos problemas comuns - não foram sequer capazes de estabelecer um diálogo permanente.A este propósito, há um bom exemplo - ainda que menor - da nossa política externa recente: o encerramento das embaixadas em quatro países da União Europeia (Estónia, Letónia, Lituânia e Malta). Num momento em que precisamos de todos os votos nas instituições europeias, em particular no Conselho, em que carecemos de todos os lobbies e de todas as boas vontades, resolvemos ignorar e desprezar o papel dos pequenos estados na União. Pode ser economicamente vantajoso (e, mesmo isso, não é claro), mas pode ser politicamente muito prejudicial. E sem solução política europeia, não haverá economia portuguesa que aguente...’


E agora é chegada a vez de Paulo Rangel, que está exilado lá em Bruxelas, também malhar no Governo, especificamente na política externa, que parece andar aos baldões sob a capa de uma autoproclamada eficácia. Eis um excerto do seu artigo na edição de hoje no Público:‘É preciso fazer política e saber fazer política nesse novo contexto. A economia há-de ser um instrumento, mas não conseguirá nem poderá nunca ser mais do que um mero instrumento. Dar a primazia à diplomacia económica significa que não se percebeu ainda o que nos aconteceu. Vejo com apreensão que, nestes últimos dez anos, Portugal nada fez para desenvolver alianças estratégicas e preferenciais dentro do universo dos 27. Portugal relaciona-se "monoliticamente" com as instituições europeias e fala, de quando em vez, com os países "grandes". Mas renunciou a fazer diplomacia em rede dentro da União, estabelecendo alianças de geometria variável, organizadas em função de assuntos e interesses comuns, alicerçadas num diálogo sustentado no tempo: ora com os países do Sul (que vão de Chipre à Espanha), ora com os países de média dimensão (tão díspares como a Hungria ou a Suécia), ora com os periféricos (que podem ir da Estónia à Irlanda). E os exemplos podem multiplicar-se à exaustão. A crise das dívidas mostra bem que os estados mais debilitados - com muitos problemas comuns - não foram sequer capazes de estabelecer um diálogo permanente.A este propósito, há um bom exemplo - ainda que menor - da nossa política externa recente: o encerramento das embaixadas em quatro países da União Europeia (Estónia, Letónia, Lituânia e Malta). Num momento em que precisamos de todos os votos nas instituições europeias, em particular no Conselho, em que carecemos de todos os lobbies e de todas as boas vontades, resolvemos ignorar e desprezar o papel dos pequenos estados na União. Pode ser economicamente vantajoso (e, mesmo isso, não é claro), mas pode ser politicamente muito prejudicial. E sem solução política europeia, não haverá economia portuguesa que aguente...’

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