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19-10-2014
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Dinheiro

Reuniões do GES reveladas

17-10-2014

Um mês e meio antes de ser detido, em plena reunião do Conselho Superior, Ricardo Salgado terá pedido ajuda a Carlos Costa e a Carlos Moedas

Na edição de hoje, 17 de Outubro, o jornal Sol só não revela o quem, o como e o porquê (não se sabe com que objectivo nem por quem foram feitas as gravações, só que não era norma este tipo de registo nas reuniões dos líderes da família Espírito Santo), de resto expõe em discurso directo o conteúdo de uma das derradeiras reuniões do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo, a 2 de Junho de 2014, cerca de um mês e meio antes da detenção de Ricardo Salgado.

De acordo com o jornal, o clima na reunião, presidida por Salgado e onde "pairava já a sombra da falência", seria de "desespero". Sem um financiamento de entre 500 e 750 milhões de euros, para regularizar a situação da Espírito Santo International, prever-se-ia o pior. Ainda por cima, nesse mesmo dia tinha sido noticiado pela Lusa que as três sociedades do grupo no Luxemburgo estavam sob investigação da Procuradoria-Geral do país.

"Isto agora vai piar mais fino, temos aqui um problema sério. Pode ser dramático para o BES. Vai ser muito difícil segurar o Grupo nestas circunstâncias", terá desabafado Ricardo Salgado. Que, imediatamente depois, revela o jornal, terá reagido de forma mais efectiva: a meio do encontro, terá pegado no telefone e telefonado directamente para Carlos Costa.

"Senhor governador, como está? Desculpe ligar a esta hora mas fomos surpreendidos com este comunicado do Luxemburgo. Estamos muito preocupados com as consequências no grupo e no aumento de capital do BES. Se nós, na área não financeira do grupo, precisássemos de um back stop - imagino que o Banco de Portugal não se pronuncia sobre a área não financeira - e fôssemos à Caixa? É a questão da Caixa..."

De acordo com o jornal, a gravação segue com um silêncio, durante o qual o governador do Banco de Portugal se terá recusado a viabilizar o plano. Ricardo Salgado, mesmo assim, terá insistido: "Senhor governador, vamos fazer o nosso possível, mas vamos precisar de um certo apoio. pedia-lhe, pelo menos, que desse uma palavrinha à Caixa...".

Antes de decidir telefonar a Carlos Moedas, que o Sol descreve como "o facilitador", Salgado terá desabafado, aludindo aos alertas que Costa lhe teria deixado: "Ring-fencing, ring-fencing, evitar o contágio, evitar o contágio. Não percebe. Não quer perceber".

O nome do então secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro terá sido sugerido por José Manuel Espírito Santo: "O Moedas! O Moedas! Eu cá punha já o Moedas a funcionar!". Salgado terá feito a ligação de imediato.

"Carlos, está bom? Peço desculpa por estar a chateá-lo a esta hora. Tivemos agora uma notícia muito desagradável. Tem a ver com a Procuradoria no Luxemburgo, que abriu o inquérito a três empresas. Temos medo que possa desencadear um processo complicado sobre o Grupo. Porventura temos de pedir uma linha através de uma instituição bancária. Seria possível dar uma palavrinha ao José de Matos, para ver se recebia a nossa gente da área não financeira? Temos garantias para dar."

Do outro lado, segundo o semanário, a resposta terá sido positiva. Carlos Moedas ter-se-á disponibilizado para falar não só com o presidente da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, como com o ministro da Justiça luxemburguês, Feliz Braz, luso-descendente.

"Ele abrir a porta para nós o contactarmos é excelente. Obrigado, Carlos, um abraço."

Depois de pousar o telefone, Ricardo Salgado terá suspirado de alívio: "O Carlos Moedas conhece o ministro luxemburguês de quem é amicíssimo. Vai tentar contactá-lo para ver se nós o podemos contactar. Enfim, é uma coisa simpática. Ao José de Matos vai também tentar contactá-lo mas não sabe se o apanha hoje".

Até este momento, o agora comissário europeu ainda não reagiu à manchete do Sol. Na próxima semana, promete o semanário, haverá novas transcrições.

Dinheiro

Reuniões do GES reveladas

17-10-2014

Um mês e meio antes de ser detido, em plena reunião do Conselho Superior, Ricardo Salgado terá pedido ajuda a Carlos Costa e a Carlos Moedas

Na edição de hoje, 17 de Outubro, o jornal Sol só não revela o quem, o como e o porquê (não se sabe com que objectivo nem por quem foram feitas as gravações, só que não era norma este tipo de registo nas reuniões dos líderes da família Espírito Santo), de resto expõe em discurso directo o conteúdo de uma das derradeiras reuniões do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo, a 2 de Junho de 2014, cerca de um mês e meio antes da detenção de Ricardo Salgado.

De acordo com o jornal, o clima na reunião, presidida por Salgado e onde "pairava já a sombra da falência", seria de "desespero". Sem um financiamento de entre 500 e 750 milhões de euros, para regularizar a situação da Espírito Santo International, prever-se-ia o pior. Ainda por cima, nesse mesmo dia tinha sido noticiado pela Lusa que as três sociedades do grupo no Luxemburgo estavam sob investigação da Procuradoria-Geral do país.

"Isto agora vai piar mais fino, temos aqui um problema sério. Pode ser dramático para o BES. Vai ser muito difícil segurar o Grupo nestas circunstâncias", terá desabafado Ricardo Salgado. Que, imediatamente depois, revela o jornal, terá reagido de forma mais efectiva: a meio do encontro, terá pegado no telefone e telefonado directamente para Carlos Costa.

"Senhor governador, como está? Desculpe ligar a esta hora mas fomos surpreendidos com este comunicado do Luxemburgo. Estamos muito preocupados com as consequências no grupo e no aumento de capital do BES. Se nós, na área não financeira do grupo, precisássemos de um back stop - imagino que o Banco de Portugal não se pronuncia sobre a área não financeira - e fôssemos à Caixa? É a questão da Caixa..."

De acordo com o jornal, a gravação segue com um silêncio, durante o qual o governador do Banco de Portugal se terá recusado a viabilizar o plano. Ricardo Salgado, mesmo assim, terá insistido: "Senhor governador, vamos fazer o nosso possível, mas vamos precisar de um certo apoio. pedia-lhe, pelo menos, que desse uma palavrinha à Caixa...".

Antes de decidir telefonar a Carlos Moedas, que o Sol descreve como "o facilitador", Salgado terá desabafado, aludindo aos alertas que Costa lhe teria deixado: "Ring-fencing, ring-fencing, evitar o contágio, evitar o contágio. Não percebe. Não quer perceber".

O nome do então secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro terá sido sugerido por José Manuel Espírito Santo: "O Moedas! O Moedas! Eu cá punha já o Moedas a funcionar!". Salgado terá feito a ligação de imediato.

"Carlos, está bom? Peço desculpa por estar a chateá-lo a esta hora. Tivemos agora uma notícia muito desagradável. Tem a ver com a Procuradoria no Luxemburgo, que abriu o inquérito a três empresas. Temos medo que possa desencadear um processo complicado sobre o Grupo. Porventura temos de pedir uma linha através de uma instituição bancária. Seria possível dar uma palavrinha ao José de Matos, para ver se recebia a nossa gente da área não financeira? Temos garantias para dar."

Do outro lado, segundo o semanário, a resposta terá sido positiva. Carlos Moedas ter-se-á disponibilizado para falar não só com o presidente da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, como com o ministro da Justiça luxemburguês, Feliz Braz, luso-descendente.

"Ele abrir a porta para nós o contactarmos é excelente. Obrigado, Carlos, um abraço."

Depois de pousar o telefone, Ricardo Salgado terá suspirado de alívio: "O Carlos Moedas conhece o ministro luxemburguês de quem é amicíssimo. Vai tentar contactá-lo para ver se nós o podemos contactar. Enfim, é uma coisa simpática. Ao José de Matos vai também tentar contactá-lo mas não sabe se o apanha hoje".

Até este momento, o agora comissário europeu ainda não reagiu à manchete do Sol. Na próxima semana, promete o semanário, haverá novas transcrições.

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