Carlos Costa e supervisão debaixo de fogo

19-11-2014
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Carlos Costa e supervisão debaixo de fogo

Inês David Bastos

17 Nov 2014

Inquérito arranca com atenções viradas para falhas da regulação e intervenção do governador do BdP.

A audição de Carlos Costa dá hoje o ‘pontapé de saída' da comissão de inquérito ao BES e a oposição prepara-se para confrontar o governador do Banco de Portugal (BdP) sobre "a ineficácia da supervisão". Em ‘xeque' hoje estará, assim, um dos lados deste colapso: as falhas na regulação.

Como responsável máximo da regulação bancária, Carlos Costa tem estado no centro do furacão BES e os deputados - sobretudo da oposição - entendem que o governador não tem dado explicações claras sobre o tempo e o modo da actuação do BdP. Hoje, quando se sentar na comissão de inquérito, o primeiro de 121 personalidades, Carlos Costa não escapará a perguntas directas do PS, PCP e BE. Quando soube do problema financeiro do BES? Quando actuou? Quando foi decidida a separação do banco? Porque falhou a supervisão?

João Galamba, do PS, vai rebater de novo da contradição que existe entre a garantia dada por Carlos Costa de que a resolução foi decidida a 1 de Agosto e notícias que dão conta de alertas dados dias antes à Comissão Europeia. Em audições anteriores, o governador escapou da resposta, remetendo-a para Bruxelas mas o deputado socialista vai exigir uma clarificação em sede de inquérito. João Galamba entende que a chave da história deste colapso está em parte no regulador e, por isso. "Já sabemos que Carlos Costa não foi completamente te sincero em audições anteriores e até mentiu na questão da comunicação à Direcção da Concorrência Europeia", diz ao Diário Económico o deputado Miguel Tiago. Para este comunista, o governador terá de explicar "quando soube e quando actuou" mas também terá de clarificar como é que foi possível o BES fazer negócios com o BESA debaixo dos olhos do BdP.

Também para Maria Mortágua, coordenadora do BE no inquérito, não há dúvidas que "a supervisão foi ineficaz" e que Carlos Costa terá de explicar como foi possível o BdP não ter actuado a tempo. Mas o arranque da comissão de inquérito à gestão e supervisão do BES - são estes os dois objectivos amplos - começa já inquinado e no ambiente de grande tensão. É que à hora da audição de Carlos Costa os deputados ainda não receberam a auditoria forense que o BdP e a CMVM encomendaram à consultora Delloite e que já devia estar concluída. A oposição promete chamar de novo Carlos Costa quando tiver acesso à auditoria.

Da parte da maioria, a abordagem deverá ser mais ampla. Carlos Abreu Amorim diz ao Económico que o importante da audição de Carlos Costa será "tentar firmar uma versão". Isto é, perante as contradições nas histórias que já vieram a público, a maioria quer sobretudo que Carlos Costa conte a "história desde o início" para que a comissão possa partir de uma versão.

Carlos Costa e supervisão debaixo de fogo

Inês David Bastos

17 Nov 2014

Inquérito arranca com atenções viradas para falhas da regulação e intervenção do governador do BdP.

A audição de Carlos Costa dá hoje o ‘pontapé de saída' da comissão de inquérito ao BES e a oposição prepara-se para confrontar o governador do Banco de Portugal (BdP) sobre "a ineficácia da supervisão". Em ‘xeque' hoje estará, assim, um dos lados deste colapso: as falhas na regulação.

Como responsável máximo da regulação bancária, Carlos Costa tem estado no centro do furacão BES e os deputados - sobretudo da oposição - entendem que o governador não tem dado explicações claras sobre o tempo e o modo da actuação do BdP. Hoje, quando se sentar na comissão de inquérito, o primeiro de 121 personalidades, Carlos Costa não escapará a perguntas directas do PS, PCP e BE. Quando soube do problema financeiro do BES? Quando actuou? Quando foi decidida a separação do banco? Porque falhou a supervisão?

João Galamba, do PS, vai rebater de novo da contradição que existe entre a garantia dada por Carlos Costa de que a resolução foi decidida a 1 de Agosto e notícias que dão conta de alertas dados dias antes à Comissão Europeia. Em audições anteriores, o governador escapou da resposta, remetendo-a para Bruxelas mas o deputado socialista vai exigir uma clarificação em sede de inquérito. João Galamba entende que a chave da história deste colapso está em parte no regulador e, por isso. "Já sabemos que Carlos Costa não foi completamente te sincero em audições anteriores e até mentiu na questão da comunicação à Direcção da Concorrência Europeia", diz ao Diário Económico o deputado Miguel Tiago. Para este comunista, o governador terá de explicar "quando soube e quando actuou" mas também terá de clarificar como é que foi possível o BES fazer negócios com o BESA debaixo dos olhos do BdP.

Também para Maria Mortágua, coordenadora do BE no inquérito, não há dúvidas que "a supervisão foi ineficaz" e que Carlos Costa terá de explicar como foi possível o BdP não ter actuado a tempo. Mas o arranque da comissão de inquérito à gestão e supervisão do BES - são estes os dois objectivos amplos - começa já inquinado e no ambiente de grande tensão. É que à hora da audição de Carlos Costa os deputados ainda não receberam a auditoria forense que o BdP e a CMVM encomendaram à consultora Delloite e que já devia estar concluída. A oposição promete chamar de novo Carlos Costa quando tiver acesso à auditoria.

Da parte da maioria, a abordagem deverá ser mais ampla. Carlos Abreu Amorim diz ao Económico que o importante da audição de Carlos Costa será "tentar firmar uma versão". Isto é, perante as contradições nas histórias que já vieram a público, a maioria quer sobretudo que Carlos Costa conte a "história desde o início" para que a comissão possa partir de uma versão.

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