Cavaco tem razão sobre o Conselho de Estado

11-10-2015
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Tenho criticado o Presidente por entender que ele não tem estado à altura do cargo. Por isso me sinto na obrigação de o defender, quando a meu ver tem razão. É o caso da convocatória para o Conselho de Estado. Devido à ordem de trabalhos da reunião da próxima segunda-feira versar sobre as perspetivas pós-troika logo a costumeira tralha politiqueira desatou a criticar esse facto.

Pós-troika - argumentam - quando se passa tanta coisa importante? A estabilidade da coligação, as reformas retroativas, a política de crescimento. Enfim, o costume. Na verdade, tendo em conta que mais de meia centena dos comentadores habituais do espaço público são, eles próprios, políticos (e com agenda política), é normal que as suas cabeças só consigam discorrer sobre o imediato. Mais do que isso: muitos deles são Carlos Abreu Amorim em potência, capazes apenas de dizer o que o povo gosta de ouvir, na esperança de virem a precisar desse mesmo povo numas eleições quaisquer.

Pois bem, qualquer pessoa entende que a atualidade será discutida com qualquer ordem de trabalhos. Já o contrário não é verdade: nem todas as ordens de trabalhos permitem discutir o que iremos fazer no pós-troika.

E o que vamos fazer no momento em que FMI, UE e BCE nos largarem é fundamental. A todos os títulos, mesmo para a compreensão do presente. Se queremos voltar ao que éramos, mais vale haver eleições já e deixarmo-nos de cortes. Se queremos ter um país sustentável, há que fazer acordos entre muitos protagonistas políticos e sociais e tomar medidas bastante difíceis e duras. O nosso presente, como sabe qualquer indivíduo pensante, é também determinado pelo que pretendemos ser no futuro. É bom, portanto, que nos entendamos sobre esse futuro. E que esse entendimento abranja todos os que podem ser Governo.

Foram anos sem pensar para frente que nos trouxeram aqui. Foram anos de má previsão (nomeadamente contas que previam um crescimento da Economia que nunca aconteceu, nem de perto) que nos deixaram esta dívida (que aumentou 100 mil milhões, quase 150%, na década de 2000 a 2010, quando toda a economia estagnava ou crescia menos de 1% ao ano).

É por isso indispensável que o país saiba o que quer ser e deixe de viver de slogans mais ou menos interessantes. E que o Conselho de Estado sirva para essa reflexão. Mau seria pôr-se a discutir as pequenas incidências da política, de Paulo Portas e Passos Coelho, do CDS e do PSD. Já percebemos que é disso que muitos gostam, mas não me parece nada ser disso que o país precisa.

PS: Ontem, uns comentadores aqui da página do Expresso, sempre muito bem informados, com números e tudo, contestavam que houvesse um desequilíbrio no sistema de pensões. Recomendo-lhes que leiam o relatório da Caixa Geral de Aposentações: os descontos só cobrem 40,3% das pensões. 59,7% são pagas pelo Orçamento do Estado, ou seja, pelos nossos impostos.

Twitter:@HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro

Facebook:http://www.facebook.com/pages/Henrique-Monteiro/122751817808469?ref=hl

Tenho criticado o Presidente por entender que ele não tem estado à altura do cargo. Por isso me sinto na obrigação de o defender, quando a meu ver tem razão. É o caso da convocatória para o Conselho de Estado. Devido à ordem de trabalhos da reunião da próxima segunda-feira versar sobre as perspetivas pós-troika logo a costumeira tralha politiqueira desatou a criticar esse facto.

Pós-troika - argumentam - quando se passa tanta coisa importante? A estabilidade da coligação, as reformas retroativas, a política de crescimento. Enfim, o costume. Na verdade, tendo em conta que mais de meia centena dos comentadores habituais do espaço público são, eles próprios, políticos (e com agenda política), é normal que as suas cabeças só consigam discorrer sobre o imediato. Mais do que isso: muitos deles são Carlos Abreu Amorim em potência, capazes apenas de dizer o que o povo gosta de ouvir, na esperança de virem a precisar desse mesmo povo numas eleições quaisquer.

Pois bem, qualquer pessoa entende que a atualidade será discutida com qualquer ordem de trabalhos. Já o contrário não é verdade: nem todas as ordens de trabalhos permitem discutir o que iremos fazer no pós-troika.

E o que vamos fazer no momento em que FMI, UE e BCE nos largarem é fundamental. A todos os títulos, mesmo para a compreensão do presente. Se queremos voltar ao que éramos, mais vale haver eleições já e deixarmo-nos de cortes. Se queremos ter um país sustentável, há que fazer acordos entre muitos protagonistas políticos e sociais e tomar medidas bastante difíceis e duras. O nosso presente, como sabe qualquer indivíduo pensante, é também determinado pelo que pretendemos ser no futuro. É bom, portanto, que nos entendamos sobre esse futuro. E que esse entendimento abranja todos os que podem ser Governo.

Foram anos sem pensar para frente que nos trouxeram aqui. Foram anos de má previsão (nomeadamente contas que previam um crescimento da Economia que nunca aconteceu, nem de perto) que nos deixaram esta dívida (que aumentou 100 mil milhões, quase 150%, na década de 2000 a 2010, quando toda a economia estagnava ou crescia menos de 1% ao ano).

É por isso indispensável que o país saiba o que quer ser e deixe de viver de slogans mais ou menos interessantes. E que o Conselho de Estado sirva para essa reflexão. Mau seria pôr-se a discutir as pequenas incidências da política, de Paulo Portas e Passos Coelho, do CDS e do PSD. Já percebemos que é disso que muitos gostam, mas não me parece nada ser disso que o país precisa.

PS: Ontem, uns comentadores aqui da página do Expresso, sempre muito bem informados, com números e tudo, contestavam que houvesse um desequilíbrio no sistema de pensões. Recomendo-lhes que leiam o relatório da Caixa Geral de Aposentações: os descontos só cobrem 40,3% das pensões. 59,7% são pagas pelo Orçamento do Estado, ou seja, pelos nossos impostos.

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