Machete considera absurda comparação das situações portuguesa e grega

11-02-2015
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"Será absurdo comparar a situação de Portugal, que já pode gerir a sua dívida pública em condições de mercado - continuando todavia a estar atento a soluções institucionais que facilitem a gestão da sua dívida - com a situação que se vive actualmente na Grécia", considerou hoje o governante, durante uma audição pela comissão parlamentar de Assuntos Europeus.

Rui Machete disse que o novo governo grego, saído das eleições do passado dia 25 de Janeiro, "começou com uma posição de grande radicalismo", e - elencando várias medidas anunciadas logo a seguir à posse do executivo, entre as quais o aumento do salário mínimo no sector privado, a revogação da lei sobre despedimentos no privado e de funcionários públicos ou o congelamento de privatizações - concluiu que "não foi um início auspicioso".

No entanto, o chefe da diplomacia portuguesa salientou, por diversas vezes nas suas intervenções, que o Governo faz votos de que a Grécia se possa manter no euro e que as regras da moeda única sejam preservadas. "É melhor para os interesses do euro, do sistema financeiro e da União Europeia se a Grécia se mantiver no euro", considerou.

Leia Também Reembolso ao FMI distancia Portugal da crise na Grécia

Actualmente, há um processo negocial e, aí, Portugal senta-se, "em princípio, do outro lado da mesa das negociações", afirmou Rui Machete, que justificou que esta "parece ser a posição correta inicial, mas isso não significa desatenção ou desconsideração" relativamente à Grécia. "A ideia de que o Governo se encontra distraído ou tem qualquer 'parti pris' no sentido de preferir que a solução fosse a exclusão da Grécia é inteiramente infundamentada", disse.

Nestas negociações, a Grécia "tem evoluído muito rapidamente e tem tido posições que se alteram, o que não é ilegítimo", mas "é difícil formular um juízo seguro sobre como o processo irá acabar", disse.

Rui Machete mencionou que, ao longo dos tempos, assistiu-se a "falcatruas" na contabilidade pública daquele país: "Não podemos olhar para os gregos como os inocentes e os coitadinhos da História, visto que globalmente eles têm uma responsabilidade colectiva importante", sustentou, recordando que "metade da população não paga impostos".

O PS, pela voz de Vitalino Canas, disse não ter a certeza de que o Governo português esteja "do lado certo" do debate sobre a situação de Atenas. "Na Europa necessitamos de estadistas, de visionários, e não de contabilistas. Aquilo que é necessário fazer na Europa é um diálogo franco e aberto com o Governo grego", considerou o socialista, que apontou que a Grécia "continua numa situação miserável" e que a solução passa pela diminuição da austeridade.

O deputado do PSD António Rodrigues admitiu a sua "perplexidade diária" pelos "comportamentos distintos do primeiro-ministro e do ministro das Finanças gregos, como polícia bom e polícia mau, num tacticismo ziguezagueante que vai modelando as suas posições consoante os interlocutores".

"A única coisa firme que a Grécia pediu até agora foi mais dinheiro. Qualquer negociação que se possa querer séria precisa de ter reciprocidade. Se se pretende alterar umas regras do jogo, tem de se dar uma contrapartida. E até agora não vislumbramos nada", criticou.

Pelo CDS-PP, Ribeiro e Castro fez votos de que o Governo grego "tenha sempre presente que faz parte do euro e dos seus compromissos" e disse que "é bom que na Grécia haja bons contabilistas, porque a fraude sobre as contas públicas não pode continuar", antes de condenar a introdução de "factores cujo propósito só pode ser complicar ainda mais, como a exigência de reparações de guerra à Alemanha, 70 anos depois".

Carla Cruz, do PCP, acusou o Governo de "negar uma evidência", ao não admitir que os resultados eleitorais gregos "mostram claramente uma rejeição das políticas de ingerência que a União Europeia tem imposto aos povos do sul" da Europa.

Questionando Rui Machete sobre as diligências que o Governo tem feito para "resolver o problema das dívidas públicas dos Estados-membros", a deputada comunista afirmou que o seu partido apresentará em breve uma proposta para a realização de uma conferência intergovernamental sobre este problema. Na resposta, Rui Machete considerou que "a dívida portuguesa é efectivamente um problema", mas que "não se resolve com conferências sobre o perdão da dívida, manifestos ou manifestações de rua, mas com as negociações apropriadas".

"Será absurdo comparar a situação de Portugal, que já pode gerir a sua dívida pública em condições de mercado - continuando todavia a estar atento a soluções institucionais que facilitem a gestão da sua dívida - com a situação que se vive actualmente na Grécia", considerou hoje o governante, durante uma audição pela comissão parlamentar de Assuntos Europeus.

Rui Machete disse que o novo governo grego, saído das eleições do passado dia 25 de Janeiro, "começou com uma posição de grande radicalismo", e - elencando várias medidas anunciadas logo a seguir à posse do executivo, entre as quais o aumento do salário mínimo no sector privado, a revogação da lei sobre despedimentos no privado e de funcionários públicos ou o congelamento de privatizações - concluiu que "não foi um início auspicioso".

No entanto, o chefe da diplomacia portuguesa salientou, por diversas vezes nas suas intervenções, que o Governo faz votos de que a Grécia se possa manter no euro e que as regras da moeda única sejam preservadas. "É melhor para os interesses do euro, do sistema financeiro e da União Europeia se a Grécia se mantiver no euro", considerou.

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Actualmente, há um processo negocial e, aí, Portugal senta-se, "em princípio, do outro lado da mesa das negociações", afirmou Rui Machete, que justificou que esta "parece ser a posição correta inicial, mas isso não significa desatenção ou desconsideração" relativamente à Grécia. "A ideia de que o Governo se encontra distraído ou tem qualquer 'parti pris' no sentido de preferir que a solução fosse a exclusão da Grécia é inteiramente infundamentada", disse.

Nestas negociações, a Grécia "tem evoluído muito rapidamente e tem tido posições que se alteram, o que não é ilegítimo", mas "é difícil formular um juízo seguro sobre como o processo irá acabar", disse.

Rui Machete mencionou que, ao longo dos tempos, assistiu-se a "falcatruas" na contabilidade pública daquele país: "Não podemos olhar para os gregos como os inocentes e os coitadinhos da História, visto que globalmente eles têm uma responsabilidade colectiva importante", sustentou, recordando que "metade da população não paga impostos".

O PS, pela voz de Vitalino Canas, disse não ter a certeza de que o Governo português esteja "do lado certo" do debate sobre a situação de Atenas. "Na Europa necessitamos de estadistas, de visionários, e não de contabilistas. Aquilo que é necessário fazer na Europa é um diálogo franco e aberto com o Governo grego", considerou o socialista, que apontou que a Grécia "continua numa situação miserável" e que a solução passa pela diminuição da austeridade.

O deputado do PSD António Rodrigues admitiu a sua "perplexidade diária" pelos "comportamentos distintos do primeiro-ministro e do ministro das Finanças gregos, como polícia bom e polícia mau, num tacticismo ziguezagueante que vai modelando as suas posições consoante os interlocutores".

"A única coisa firme que a Grécia pediu até agora foi mais dinheiro. Qualquer negociação que se possa querer séria precisa de ter reciprocidade. Se se pretende alterar umas regras do jogo, tem de se dar uma contrapartida. E até agora não vislumbramos nada", criticou.

Pelo CDS-PP, Ribeiro e Castro fez votos de que o Governo grego "tenha sempre presente que faz parte do euro e dos seus compromissos" e disse que "é bom que na Grécia haja bons contabilistas, porque a fraude sobre as contas públicas não pode continuar", antes de condenar a introdução de "factores cujo propósito só pode ser complicar ainda mais, como a exigência de reparações de guerra à Alemanha, 70 anos depois".

Carla Cruz, do PCP, acusou o Governo de "negar uma evidência", ao não admitir que os resultados eleitorais gregos "mostram claramente uma rejeição das políticas de ingerência que a União Europeia tem imposto aos povos do sul" da Europa.

Questionando Rui Machete sobre as diligências que o Governo tem feito para "resolver o problema das dívidas públicas dos Estados-membros", a deputada comunista afirmou que o seu partido apresentará em breve uma proposta para a realização de uma conferência intergovernamental sobre este problema. Na resposta, Rui Machete considerou que "a dívida portuguesa é efectivamente um problema", mas que "não se resolve com conferências sobre o perdão da dívida, manifestos ou manifestações de rua, mas com as negociações apropriadas".

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