Octávio V. Gonçalves: Tempo de vagas gordas?

27-01-2012
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Se, por um lado, não acompanho o bastonário da Ordem dos Médicos que, ano após ano, vem criticar o aumento de vagas para os cursos de medicina, quando o país se confronta, dramaticamente, com a inexistência de médicos em número suficiente (dou apenas três exemplos: contratação de médicos estrangeiros; centros de saúde que entram em colapso sempre que um médico vai de férias ou entra de baixa; vagas por preencher, como psiquiatria, em Vila Real), o que não o livra da suspeita de apenas estar interessado em manter um estatuto único de privilégio aos médicos, também é verdade que me parece inconcebível o aumento verificado no número de vagas em Direito.
Parece-me da mais elementar racionalidade libertar a gestão das vagas de critérios políticos, confiando a sua definição a um grupo de trabalho independente que pudesse planificar e articular, tanto índices e tendências actuais de empregabilidade de jovens e adultos jovens com formação superior, como dinâmicas/constrangimentos actuais e futuros do mercado.
Até por mera constatação empírica, um grupo desta natureza aconselharia, por exemplo, o aumento de vagas em Medicina e em grupos de docência que, a breve prazo, virão a ser deficitários nas escolas - em função das reformas curriculares, mas não em áreas como o Direito, uma vez que o mercado se encontra absolutamente saturado de advogados e juristas. 
Depois, designar a formação em Direito como sendo de "banda larga" (mesmo que possa haver alguma adequação conceptual a suportar a intenção do ministro), num momento em que se encontram licenciados em Direito a desempenharem tarefas que vão das caixas de supermercado aos call centers, pode ser interpretado como uma tirada de mau gosto.


Se, por um lado, não acompanho o bastonário da Ordem dos Médicos que, ano após ano, vem criticar o aumento de vagas para os cursos de medicina, quando o país se confronta, dramaticamente, com a inexistência de médicos em número suficiente (dou apenas três exemplos: contratação de médicos estrangeiros; centros de saúde que entram em colapso sempre que um médico vai de férias ou entra de baixa; vagas por preencher, como psiquiatria, em Vila Real), o que não o livra da suspeita de apenas estar interessado em manter um estatuto único de privilégio aos médicos, também é verdade que me parece inconcebível o aumento verificado no número de vagas em Direito.
Parece-me da mais elementar racionalidade libertar a gestão das vagas de critérios políticos, confiando a sua definição a um grupo de trabalho independente que pudesse planificar e articular, tanto índices e tendências actuais de empregabilidade de jovens e adultos jovens com formação superior, como dinâmicas/constrangimentos actuais e futuros do mercado.
Até por mera constatação empírica, um grupo desta natureza aconselharia, por exemplo, o aumento de vagas em Medicina e em grupos de docência que, a breve prazo, virão a ser deficitários nas escolas - em função das reformas curriculares, mas não em áreas como o Direito, uma vez que o mercado se encontra absolutamente saturado de advogados e juristas. 
Depois, designar a formação em Direito como sendo de "banda larga" (mesmo que possa haver alguma adequação conceptual a suportar a intenção do ministro), num momento em que se encontram licenciados em Direito a desempenharem tarefas que vão das caixas de supermercado aos call centers, pode ser interpretado como uma tirada de mau gosto.

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