Octávio V. Gonçalves: O universo disparatado e delirante de Madrinha

27-01-2012
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Começo por estabelecer uma ressalva prévia: restrinjo-me, neste post, à parte da crónica de Fernando Madrinha, "opinante" do Expresso, que é disponibilizada aqui, pela razão prosaica de que me vi constrangido a implementar um plano pessoal de ajustamento e de corte nas "gorduras" das minhas despesas, tendo começado, exactamente, pela eliminação das aquisições daqueles jornais, cujas linhas editoriais se têm orientado, tanto pelo suporte às políticas de saque fiscal e salarial, como pelo relativo silenciamento das justas reivindicações dos professores, tantas vezes não coincidentes sequer com as agendas sindicais. Ora, entre estes jornais está, naturalmente, o Expresso.

É verdade que existem jornalistas que se esforçam por noticiar factos e acontecimentos, com recurso a narrativas que tendem para a máxima objectividade possível.
Também é verdade que existem cronistas ou colunistas que opinam sobre factos ou acontecimentos, ancorando-se em informações ou dados verosímeis acerca dos mesmos, ainda que possamos discordar da intencionalidade, da coerência ou da capacidade analítica das suas interpretações ou avaliações.

Depois, existe este universo interior, absolutamente fabulado, mistificador e disparatado, de Fernando Madrinha, sempre que se atira a discorrer sobre temas da Educação (não sei a que espécie de modelo de avaliação esta gente se sujeita para poder asnear sem consequências) e acaba no seguinte sucedâneo de referências absurdas, sem qualquer colagem à realidade:

1. Nuno Crato ganhou uma guerra [a do modelo de avaliação] à Fenprof.
Duplo disparate: Nem a Fenprof estava envolvida, desde Janeiro de 2010 (se é que, convictamente, o esteve depois do "memorando de entendimento" de Abril de 2008), em nenhuma guerra com o Ministério da Educação relativa à avaliação dos professores, caso contrário indique o "opinante" uma acção da Fenprof de resistência ou de contestação, nas escolas ou nas ruas, ao modelo em vigor, entre Janeiro de 2010 e a actualidade, nem é jornalisticamente adequado falar de uma vitória de Nuno Crato sobre a Fenprof, quando esta estrutura sindical não rubricou o acordo, ao invés do que tinha ocorrido em Janeiro de 2010, no contexto do "acordo de princípios". Extraordinária capacidade a deste cronista, na forma como transforma acordos em derrotas e desacordos em vitórias.

2. O País estava farto dessa guerra.
Delírio: Em que manifestações, reacções, sinais ou comunicações de comunidades educativas ou da população em geral se baseia o "opinante" para concluir pelo enfartamento em relação a uma guerra, cujas batalhas e soldados são, hoje, exactamente, os mesmos (se não forem mais) de há um ano atrás?

3. Nuno Crato e a sua equipa alcançaram uma vitória política assinalável.
Disparate: O que é uma vitória política assinalável? É o facto de os comentadores e os membros do Governo afirmarem que se tratou de uma vitória política, mesmo que o acordo tenha sido assinado por sindicatos que representam menos 75% dos professores do que representavam os sindicatos que subscreveram o acordo com Isabel Alçada? É a circunstância de este "novo" modelo se traduzir em meros retoques ao anterior, mantendo o essencial das bases do descrédito do anterior e, em alguns, domínios ser uma treta ainda mais facilitista do que aquela que existia no tempo em que o "opinante" defendia que não existia avaliação nenhuma?

4. O problema da avaliação dos professores vitimou Isabel Alçada.
Delírio: Em que momento e devido a que acto(s) ocorreu a morte política de Isabel Alçada? Objectiva e subjectivamente, a percepção com que os professores e os demais portugueses devem ter ficado foi a de que a imolação política de Isabel Alçada se ficou a dever, exclusivamente, à derrota eleitoral de Sócrates.

5. Maria de Lurdes Rodrigues foi a operária (incompreendida) que trabalhou para o sucesso de Nuno Crato.
Disparate: Maria de Lurdes Rodrigues foi um absoluto desastre para a escola pública e para a autoridade dos professores, tendo perturbado irresponsavelmente a escola, com custos culposamente deletérios para a motivação dos professores, para os climas relacionais e para as efectivas qualificações dos alunos.
Todavia, concedo que, numa parte, esta é a única tirada de realismo e de lucidez do "opinante", porque, verdadeiramente, o modelo de Crato (quem diria!...) conserva o essencial da filosofia e dos processos da ADD de Maria de Lurdes Rodrigues.

Além de raramente ter presenciado tanto disparate por milímetro quadrado, convém ter-se presente que foi este tipo de "opinante" e este tipo de jornal que contribuíram (e, pelos vistos, persistem em contribuir) para manter a farsa da avaliação dos professores e o reinado de personagens politicamente miseráveis, como o foram Maria de Lurdes Rodrigues, Sócrates e aqueles que agora se perfilam como seus continuadores.


Começo por estabelecer uma ressalva prévia: restrinjo-me, neste post, à parte da crónica de Fernando Madrinha, "opinante" do Expresso, que é disponibilizada aqui, pela razão prosaica de que me vi constrangido a implementar um plano pessoal de ajustamento e de corte nas "gorduras" das minhas despesas, tendo começado, exactamente, pela eliminação das aquisições daqueles jornais, cujas linhas editoriais se têm orientado, tanto pelo suporte às políticas de saque fiscal e salarial, como pelo relativo silenciamento das justas reivindicações dos professores, tantas vezes não coincidentes sequer com as agendas sindicais. Ora, entre estes jornais está, naturalmente, o Expresso.

É verdade que existem jornalistas que se esforçam por noticiar factos e acontecimentos, com recurso a narrativas que tendem para a máxima objectividade possível.
Também é verdade que existem cronistas ou colunistas que opinam sobre factos ou acontecimentos, ancorando-se em informações ou dados verosímeis acerca dos mesmos, ainda que possamos discordar da intencionalidade, da coerência ou da capacidade analítica das suas interpretações ou avaliações.

Depois, existe este universo interior, absolutamente fabulado, mistificador e disparatado, de Fernando Madrinha, sempre que se atira a discorrer sobre temas da Educação (não sei a que espécie de modelo de avaliação esta gente se sujeita para poder asnear sem consequências) e acaba no seguinte sucedâneo de referências absurdas, sem qualquer colagem à realidade:

1. Nuno Crato ganhou uma guerra [a do modelo de avaliação] à Fenprof.
Duplo disparate: Nem a Fenprof estava envolvida, desde Janeiro de 2010 (se é que, convictamente, o esteve depois do "memorando de entendimento" de Abril de 2008), em nenhuma guerra com o Ministério da Educação relativa à avaliação dos professores, caso contrário indique o "opinante" uma acção da Fenprof de resistência ou de contestação, nas escolas ou nas ruas, ao modelo em vigor, entre Janeiro de 2010 e a actualidade, nem é jornalisticamente adequado falar de uma vitória de Nuno Crato sobre a Fenprof, quando esta estrutura sindical não rubricou o acordo, ao invés do que tinha ocorrido em Janeiro de 2010, no contexto do "acordo de princípios". Extraordinária capacidade a deste cronista, na forma como transforma acordos em derrotas e desacordos em vitórias.

2. O País estava farto dessa guerra.
Delírio: Em que manifestações, reacções, sinais ou comunicações de comunidades educativas ou da população em geral se baseia o "opinante" para concluir pelo enfartamento em relação a uma guerra, cujas batalhas e soldados são, hoje, exactamente, os mesmos (se não forem mais) de há um ano atrás?

3. Nuno Crato e a sua equipa alcançaram uma vitória política assinalável.
Disparate: O que é uma vitória política assinalável? É o facto de os comentadores e os membros do Governo afirmarem que se tratou de uma vitória política, mesmo que o acordo tenha sido assinado por sindicatos que representam menos 75% dos professores do que representavam os sindicatos que subscreveram o acordo com Isabel Alçada? É a circunstância de este "novo" modelo se traduzir em meros retoques ao anterior, mantendo o essencial das bases do descrédito do anterior e, em alguns, domínios ser uma treta ainda mais facilitista do que aquela que existia no tempo em que o "opinante" defendia que não existia avaliação nenhuma?

4. O problema da avaliação dos professores vitimou Isabel Alçada.
Delírio: Em que momento e devido a que acto(s) ocorreu a morte política de Isabel Alçada? Objectiva e subjectivamente, a percepção com que os professores e os demais portugueses devem ter ficado foi a de que a imolação política de Isabel Alçada se ficou a dever, exclusivamente, à derrota eleitoral de Sócrates.

5. Maria de Lurdes Rodrigues foi a operária (incompreendida) que trabalhou para o sucesso de Nuno Crato.
Disparate: Maria de Lurdes Rodrigues foi um absoluto desastre para a escola pública e para a autoridade dos professores, tendo perturbado irresponsavelmente a escola, com custos culposamente deletérios para a motivação dos professores, para os climas relacionais e para as efectivas qualificações dos alunos.
Todavia, concedo que, numa parte, esta é a única tirada de realismo e de lucidez do "opinante", porque, verdadeiramente, o modelo de Crato (quem diria!...) conserva o essencial da filosofia e dos processos da ADD de Maria de Lurdes Rodrigues.

Além de raramente ter presenciado tanto disparate por milímetro quadrado, convém ter-se presente que foi este tipo de "opinante" e este tipo de jornal que contribuíram (e, pelos vistos, persistem em contribuir) para manter a farsa da avaliação dos professores e o reinado de personagens politicamente miseráveis, como o foram Maria de Lurdes Rodrigues, Sócrates e aqueles que agora se perfilam como seus continuadores.

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