Octávio V. Gonçalves: Sujeiras (des)ocultas?

25-01-2012
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(timbre estampado nos falsos documentos - recebido via e-mail) ler mais AQUI...A recente circulação de documentos na Internet que forjam as supostas conversas escutadas a Sócrates e Vara, incidentalmente ocorridas no âmbito do processo “Face oculta”, pode ser demonstrativa do facto de muita da luta política, em Portugal, se ter adulterado e estar a ocorrer nos subterrâneos da manipulação, da intriga e da guerra suja.Os portugueses mais esclarecidos (pois, muitos outros continuam a “comer gato por lebre” e a lançar todos os anátemas para o funcionamento da Justiça, como as sondagens mais recentes evidenciam) começam a desconfiar se por detrás de reacções e de iniciativas que têm ocorrido não existirão estratégias concertadas para desacreditar e esvaziar a gravidade e a seriedade do que eventualmente poderá estar em causa nas escutas supra-referenciadas.Acontece que, por um lado, acusar a Justiça de ter uma agenda política (chegando-se ao extremo de lhe imputar actividades de espionagem) e, por outro, difundirem-se e-mails com transcrições falseadas das escutas (num país escorreito, não seria difícil chegar à fonte da fabricação destes documentos), são ardis (partam eles de quem partirem) que podem surtir os seguintes efeitos:1) é uma manobra clássica procurar desacreditar a investigação e a intervenção dos putativos acusadores, trazendo-as para o terreno das motivações político-partidárias, sempre que os alegados suspeitos, indiciados ou acusados não conseguem defender-se na base dos seus actos, álibis ou atenuantes. Ataca-se o funcionamento da Justiça para desqualificar, perante a opinião pública, as diligências e/ou as decisões da mesma;2) uma vez que se crê que o teor das escutas não poderá ou não deverá ser divulgado de modo institucional ou oficial, lança-se a confusão sobre a veracidade e a autenticidade dos documentos que consubstanciam as escutas ao misturá-los com outros que se põem a circular e são forjados. Trata-se de impossibilitar que as pessoas possam decidir, com garantia de certeza, sobre quais são os reais e quais são os inventados, conferindo a todos um estatuto de incerteza e de maquinação e, desta forma, esvaziando-os da eventual gravidade;3) envolver figuras do PSD e da Presidência da República na trama do que supostamente se fala ou discute nessas conversas, poderá muito bem traduzir uma tentativa desesperada de reduzir alegadas condutas incriminatórias do que quer que seja a meros jogos político-partidários.Evidentemente que os documentos divulgados são falsos, porque os mesmos confinam-se a narrativas absolutamente ilibatórias, construídas geometricamente e a posteriori e procurando transmitir a imagem de um Sócrates reactivo, não actor de nenhuma alegada conduta ou decisão minimamente grave, e apanhado em turbilhões que o transcendem e de que não é responsável, além de que fazem uma utilização artificial e teatralizada, até à provocação, de alguns personagens políticos da oposição.Se fosse este o conteúdo das escutas, as conclusões eram simples: Sócrates é a vítima e o herói que resiste a tramóias e imprevidências, aguentando, estoicamente, as consequências de decisões de outros; o juiz e o magistrado de Aveiro equivocaram-se em absoluto se inferiram daquelas conversas de baixo nível um qualquer indício de crime grave.Se o embaraço das escutas for apenas o abuso do calão e do palavrão mais impudico e azeiteiro, então porque não pugnam os próprios pela sua divulgação, arrumando, de vez, com suspeições e especulações?Todavia, confrontamo-nos com uma verdade indesmentível: ainda estará para nascer um primeiro-ministro que, com ou sem responsabilidade directa, se tenha visto envolvido em tanto “caso” pouco abonatório para o carácter e a conduta do próprio e tenha originado e alimentado um clima de crispação e de conflitualidade tal, cujas consequências para a desacreditação de grupos profissionais e instituições poderão ser graves e irreparáveis a curto prazo.E o interesse do país deve sobrepor-se às implicações advindas de alegadas atribulações e desventuras de uma história pessoal, qualquer que ela seja.E começando a constatar-se que Sócrates se está a tornar, justa ou injustamente, num factor de entropia na comunicação política e de perturbação na vida das instituições e do país, não é normal que se queira mudar tudo e todos para efeitos de ajuste à história e ao estilo de actuação de um único, por mais providencial que o mesmo se considere. PS: espera-se que a questão da troca simultânea de telemóveis e da existência de uma carta anónima, a ser verdade, possa ser objecto de um apuramento concludente e, à semelhança do processo que envolveu Lopes da Mota (fez-se silêncio sobre o caso), não se esfume na extinção/silenciamento em que, habitualmente, se transformam os fogos de palha mediáticos.


(timbre estampado nos falsos documentos - recebido via e-mail) ler mais AQUI...A recente circulação de documentos na Internet que forjam as supostas conversas escutadas a Sócrates e Vara, incidentalmente ocorridas no âmbito do processo “Face oculta”, pode ser demonstrativa do facto de muita da luta política, em Portugal, se ter adulterado e estar a ocorrer nos subterrâneos da manipulação, da intriga e da guerra suja.Os portugueses mais esclarecidos (pois, muitos outros continuam a “comer gato por lebre” e a lançar todos os anátemas para o funcionamento da Justiça, como as sondagens mais recentes evidenciam) começam a desconfiar se por detrás de reacções e de iniciativas que têm ocorrido não existirão estratégias concertadas para desacreditar e esvaziar a gravidade e a seriedade do que eventualmente poderá estar em causa nas escutas supra-referenciadas.Acontece que, por um lado, acusar a Justiça de ter uma agenda política (chegando-se ao extremo de lhe imputar actividades de espionagem) e, por outro, difundirem-se e-mails com transcrições falseadas das escutas (num país escorreito, não seria difícil chegar à fonte da fabricação destes documentos), são ardis (partam eles de quem partirem) que podem surtir os seguintes efeitos:1) é uma manobra clássica procurar desacreditar a investigação e a intervenção dos putativos acusadores, trazendo-as para o terreno das motivações político-partidárias, sempre que os alegados suspeitos, indiciados ou acusados não conseguem defender-se na base dos seus actos, álibis ou atenuantes. Ataca-se o funcionamento da Justiça para desqualificar, perante a opinião pública, as diligências e/ou as decisões da mesma;2) uma vez que se crê que o teor das escutas não poderá ou não deverá ser divulgado de modo institucional ou oficial, lança-se a confusão sobre a veracidade e a autenticidade dos documentos que consubstanciam as escutas ao misturá-los com outros que se põem a circular e são forjados. Trata-se de impossibilitar que as pessoas possam decidir, com garantia de certeza, sobre quais são os reais e quais são os inventados, conferindo a todos um estatuto de incerteza e de maquinação e, desta forma, esvaziando-os da eventual gravidade;3) envolver figuras do PSD e da Presidência da República na trama do que supostamente se fala ou discute nessas conversas, poderá muito bem traduzir uma tentativa desesperada de reduzir alegadas condutas incriminatórias do que quer que seja a meros jogos político-partidários.Evidentemente que os documentos divulgados são falsos, porque os mesmos confinam-se a narrativas absolutamente ilibatórias, construídas geometricamente e a posteriori e procurando transmitir a imagem de um Sócrates reactivo, não actor de nenhuma alegada conduta ou decisão minimamente grave, e apanhado em turbilhões que o transcendem e de que não é responsável, além de que fazem uma utilização artificial e teatralizada, até à provocação, de alguns personagens políticos da oposição.Se fosse este o conteúdo das escutas, as conclusões eram simples: Sócrates é a vítima e o herói que resiste a tramóias e imprevidências, aguentando, estoicamente, as consequências de decisões de outros; o juiz e o magistrado de Aveiro equivocaram-se em absoluto se inferiram daquelas conversas de baixo nível um qualquer indício de crime grave.Se o embaraço das escutas for apenas o abuso do calão e do palavrão mais impudico e azeiteiro, então porque não pugnam os próprios pela sua divulgação, arrumando, de vez, com suspeições e especulações?Todavia, confrontamo-nos com uma verdade indesmentível: ainda estará para nascer um primeiro-ministro que, com ou sem responsabilidade directa, se tenha visto envolvido em tanto “caso” pouco abonatório para o carácter e a conduta do próprio e tenha originado e alimentado um clima de crispação e de conflitualidade tal, cujas consequências para a desacreditação de grupos profissionais e instituições poderão ser graves e irreparáveis a curto prazo.E o interesse do país deve sobrepor-se às implicações advindas de alegadas atribulações e desventuras de uma história pessoal, qualquer que ela seja.E começando a constatar-se que Sócrates se está a tornar, justa ou injustamente, num factor de entropia na comunicação política e de perturbação na vida das instituições e do país, não é normal que se queira mudar tudo e todos para efeitos de ajuste à história e ao estilo de actuação de um único, por mais providencial que o mesmo se considere. PS: espera-se que a questão da troca simultânea de telemóveis e da existência de uma carta anónima, a ser verdade, possa ser objecto de um apuramento concludente e, à semelhança do processo que envolveu Lopes da Mota (fez-se silêncio sobre o caso), não se esfume na extinção/silenciamento em que, habitualmente, se transformam os fogos de palha mediáticos.

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