Octávio V. Gonçalves: Vantagens da actividade física em meio escolar

22-01-2012
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Apesar da ameaça de chuviscos e de uma nortada de final de dia bastante agreste, responsáveis pela quase ausência de pessoas (o que tem as suas vantagens para quem corre), não dispensei o meu jogging de fim-de-semana nas praias da Granja e de S. Félix da Marinha, apostado em manter-me o mais afastado possível dos Centros de Doença e desejando não constituir, tão cedo, um encargo para o, já deficitário, Serviço Nacional de Doença (que muita gente, equivocamente, designa como Serviço Nacional de Saúde, quando a quase totalidade dos seus recursos é gasta com doenças).
Frequentemente questiono-me acerca das razões que explicam, quer o desinvestimento das escolas em programas de actividade física, quer o relativo menosprezo do sistema escolar relativamente ao corpo, acabando sempre por ir bater, enquanto remonto na ordem das causas, à mentalidade dualista herdada da cultura judaico-cristã, já de si impregnada das influências orfo-pitagóricas e platónicas.
Num aparte, é até interessante constatar a ambivalência com que a escola (e a sociedade) lida com o corpo: tolerante em relação a tudo o que represente sacrifício ou dor, mas resistente a conferir uma centralidade na vida escolar à promoção salutogénica do corpo, como é a dificuldade em lidar com a educação sexual ou como a ausência de actividades físicas deixa quase toda a gente indiferente. Veja-se, a propósito, como a utilização do corpo para o prazer (o recente caso da monitora Bruna) faz soar imediatamente as campainhas da moralidade pública e da ordem social ameaçadas, ao passo que os fenómenos de violência física se vão tornando rotineiros nas escolas e na sociedade, sem que ocorram os sobressaltos locais ou mediáticos que tendem a verificar-se nas situações em que está envolvida a exposição do corpo, o desejo concupiscente ou o prazer.
É uma lástima que as escolas não incorporem nas suas rotinas diárias a prática organizada de actividade física, ao invés de terem os alunos fechados, horas a fio, nas salas de aula, mesmo nas mais inúteis aulas de substituição.
Todavia, a circunstância de as notas obtidas na disciplina de Educação Física terem entrado na média da classificação interna dos alunos, com o mesmo peso das outras disciplinas, foi um factor extremamente positivo para envolver todos os alunos na prática de algum exercício físico, pois, antes, os melhores alunos tendiam a furtar-se às aulas de Educação Física, recorrendo aos mais diversos expedientes, mormente, os atestados médicos.
A actividade física e os desportos na escola deviam ocupar um lugar central, pelas seguintes razões:
- é na infância e na adolescência que se desenvolvem e consolidam os hábitos saudáveis que ficam para a vida;
- a inactividade física é um dos mais importantes factores de mortalidade e de morbilidade;
- além dos benefícios gerais em termos fisiológicos, a actividade física em adolescentes saudáveis contribui decisivamente para o aumento da resistência aeróbica e da força muscular, assim como para a diminuição dos factores de risco da doença cardiovascular;
- inúmeras experiências e estudos científicos suportam a existência de implicações positivas no humor e numa maior predisposição para a aprendizagem, bastando, para o efeito, cerca de quinze minutos de actividade física intensa antes do início das aulas, o que tem vantagens nos jovens com défices de atenção e concentração, bem como nos jovens hiperactivos.

Apesar da ameaça de chuviscos e de uma nortada de final de dia bastante agreste, responsáveis pela quase ausência de pessoas (o que tem as suas vantagens para quem corre), não dispensei o meu jogging de fim-de-semana nas praias da Granja e de S. Félix da Marinha, apostado em manter-me o mais afastado possível dos Centros de Doença e desejando não constituir, tão cedo, um encargo para o, já deficitário, Serviço Nacional de Doença (que muita gente, equivocamente, designa como Serviço Nacional de Saúde, quando a quase totalidade dos seus recursos é gasta com doenças).
Frequentemente questiono-me acerca das razões que explicam, quer o desinvestimento das escolas em programas de actividade física, quer o relativo menosprezo do sistema escolar relativamente ao corpo, acabando sempre por ir bater, enquanto remonto na ordem das causas, à mentalidade dualista herdada da cultura judaico-cristã, já de si impregnada das influências orfo-pitagóricas e platónicas.
Num aparte, é até interessante constatar a ambivalência com que a escola (e a sociedade) lida com o corpo: tolerante em relação a tudo o que represente sacrifício ou dor, mas resistente a conferir uma centralidade na vida escolar à promoção salutogénica do corpo, como é a dificuldade em lidar com a educação sexual ou como a ausência de actividades físicas deixa quase toda a gente indiferente. Veja-se, a propósito, como a utilização do corpo para o prazer (o recente caso da monitora Bruna) faz soar imediatamente as campainhas da moralidade pública e da ordem social ameaçadas, ao passo que os fenómenos de violência física se vão tornando rotineiros nas escolas e na sociedade, sem que ocorram os sobressaltos locais ou mediáticos que tendem a verificar-se nas situações em que está envolvida a exposição do corpo, o desejo concupiscente ou o prazer.
É uma lástima que as escolas não incorporem nas suas rotinas diárias a prática organizada de actividade física, ao invés de terem os alunos fechados, horas a fio, nas salas de aula, mesmo nas mais inúteis aulas de substituição.
Todavia, a circunstância de as notas obtidas na disciplina de Educação Física terem entrado na média da classificação interna dos alunos, com o mesmo peso das outras disciplinas, foi um factor extremamente positivo para envolver todos os alunos na prática de algum exercício físico, pois, antes, os melhores alunos tendiam a furtar-se às aulas de Educação Física, recorrendo aos mais diversos expedientes, mormente, os atestados médicos.
A actividade física e os desportos na escola deviam ocupar um lugar central, pelas seguintes razões:
- é na infância e na adolescência que se desenvolvem e consolidam os hábitos saudáveis que ficam para a vida;
- a inactividade física é um dos mais importantes factores de mortalidade e de morbilidade;
- além dos benefícios gerais em termos fisiológicos, a actividade física em adolescentes saudáveis contribui decisivamente para o aumento da resistência aeróbica e da força muscular, assim como para a diminuição dos factores de risco da doença cardiovascular;
- inúmeras experiências e estudos científicos suportam a existência de implicações positivas no humor e numa maior predisposição para a aprendizagem, bastando, para o efeito, cerca de quinze minutos de actividade física intensa antes do início das aulas, o que tem vantagens nos jovens com défices de atenção e concentração, bem como nos jovens hiperactivos.

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