Octávio V. Gonçalves: Não há remédio para as dores de incómodo?

25-01-2012
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Eleição após eleição, já se percebeu que o maior adversário do PSD, por motivações individuais ou de facção, é o próprio PSD.
Uns porque alimentam protagonismos e vaidades pessoais, mesmo que a diferentes escalas, outros por impulso revanchista, outros por estratégias sucessórias, outros a despeito de terem sido postergados ou secundarizados e, alguns, ainda, incomodados com o facto de ninguém, dentro do partido, ter notado a sua existência e a dos seus currículos, por mais que tivessem "trabalhado" para tal desiderato.
Esta espécie de zombies partidários vive e anda por aí, seja sob a forma de "abutres" que apenas emergem (eles ou os seus discursos mutantes) em períodos eleitorais, mal pressentem o cheiro a problemas, seja sob a forma de "doentes" de incómodos, sempre que intuem a ameaça de que determinadas escolhas pessoais ou programáticas lhes possam retirar oportunidades de serem lembrados e recrutados.
Mesmo confrontado com a abundância diversificada destes espécimes, permito-me destacar os dois seguintes, a título de exemplares figurativos, ainda que em planos de impacto, peso político e relevância mediática absolutamente distanciados: o omnipresente Santana Lopes e este putativo candidato a ser um dia lembrado para qualquer função política na área da educação.

Relativamente ao primeiro, formulo apenas três questões:
- depois de um período breve de algum retiro ou nojo político, na sequência de derrotas sucessivas no país e no partido, a que se deve este reaparecimento na cena mediática, cujas intervenções mais sublinhadas são de crítica e dissonância face ao PSD?
- pergunte-se a Santana Lopes que imagem deu de si próprio (a começar por aquele inenarrável discurso de tomada de posse do seu Governo) e do seu governo, para além da trágica impreparação e amadorismo que catapultou Sócrates para a desgovernação do país?
- que pensarmos da coerência de alguém que se identificava com uma "lei da rolha" que limitava/proibia as discordâncias públicas com a estratégia do partido, nos 60 dias anteriores a eleições, defendendo que as mesmas prejudicavam objectivamente o partido, para, na primeira oportunidade, ser ele próprio a disparar todas as semanas, e a escassos dias de um acto eleitoral, contra o seu partido?

Em relação ao segundo, não vou perder muito tempo com as suas impressões subjectivas, pelo que, nesta primeira resposta, apenas avanço duas notas:
- para quem acusa alguém de falta de fundamentação para as ideias que defende, que por acaso os professores, esse grupo profissional que se orienta por "sentimentos primários", subscreve maioritariamente, retorquir com colagem de rótulos e tiradas sem nenhuma fundamentação da sua oposição a diagnósticos e a medidas robustas que Santana Castilho propõe (aguardarei pela argumentação concreta deste senhor professor gondomarense), diz bem da dimensão afectiva do incómodo deste sujeito;
- de facto, a mancha do colaboracionismo, com o pior das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues, como o acompanhamento da implementação de um modelo de avaliação aberrante, não sai com a limpeza OMO.

Onde estão agora, no PSD, aqueles que passaram anos a afirmar, com grande ênfase e dramatismo (e com inteira razão), que Sócrates representava a maior ameaça ao funcionamento das instituições e à governabilidade do país?
Será que, no momento decisivo, os ajustes pessoais e mesquinhos de contas e de incómodos, se sobrepõem ao interesse do país?
Voltarei a este tema, também para mostrar como as desafinações e a impreparação de Sócrates foi recorrente e trágica para o Portugal, bem como para relembrar como Durão Barroso foi vergastado, durante toda a campanha eleitoral de 2002, sendo acusado exactamente de impreparação, indecisões e trapalhadas, ninguém lhe augurando capacidade ou futuro de monta (hoje, é apenas presidente da Comissão Europeia), quando comparado com o daqueles que o acusavam (onde estão?...).


Eleição após eleição, já se percebeu que o maior adversário do PSD, por motivações individuais ou de facção, é o próprio PSD.
Uns porque alimentam protagonismos e vaidades pessoais, mesmo que a diferentes escalas, outros por impulso revanchista, outros por estratégias sucessórias, outros a despeito de terem sido postergados ou secundarizados e, alguns, ainda, incomodados com o facto de ninguém, dentro do partido, ter notado a sua existência e a dos seus currículos, por mais que tivessem "trabalhado" para tal desiderato.
Esta espécie de zombies partidários vive e anda por aí, seja sob a forma de "abutres" que apenas emergem (eles ou os seus discursos mutantes) em períodos eleitorais, mal pressentem o cheiro a problemas, seja sob a forma de "doentes" de incómodos, sempre que intuem a ameaça de que determinadas escolhas pessoais ou programáticas lhes possam retirar oportunidades de serem lembrados e recrutados.
Mesmo confrontado com a abundância diversificada destes espécimes, permito-me destacar os dois seguintes, a título de exemplares figurativos, ainda que em planos de impacto, peso político e relevância mediática absolutamente distanciados: o omnipresente Santana Lopes e este putativo candidato a ser um dia lembrado para qualquer função política na área da educação.

Relativamente ao primeiro, formulo apenas três questões:
- depois de um período breve de algum retiro ou nojo político, na sequência de derrotas sucessivas no país e no partido, a que se deve este reaparecimento na cena mediática, cujas intervenções mais sublinhadas são de crítica e dissonância face ao PSD?
- pergunte-se a Santana Lopes que imagem deu de si próprio (a começar por aquele inenarrável discurso de tomada de posse do seu Governo) e do seu governo, para além da trágica impreparação e amadorismo que catapultou Sócrates para a desgovernação do país?
- que pensarmos da coerência de alguém que se identificava com uma "lei da rolha" que limitava/proibia as discordâncias públicas com a estratégia do partido, nos 60 dias anteriores a eleições, defendendo que as mesmas prejudicavam objectivamente o partido, para, na primeira oportunidade, ser ele próprio a disparar todas as semanas, e a escassos dias de um acto eleitoral, contra o seu partido?

Em relação ao segundo, não vou perder muito tempo com as suas impressões subjectivas, pelo que, nesta primeira resposta, apenas avanço duas notas:
- para quem acusa alguém de falta de fundamentação para as ideias que defende, que por acaso os professores, esse grupo profissional que se orienta por "sentimentos primários", subscreve maioritariamente, retorquir com colagem de rótulos e tiradas sem nenhuma fundamentação da sua oposição a diagnósticos e a medidas robustas que Santana Castilho propõe (aguardarei pela argumentação concreta deste senhor professor gondomarense), diz bem da dimensão afectiva do incómodo deste sujeito;
- de facto, a mancha do colaboracionismo, com o pior das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues, como o acompanhamento da implementação de um modelo de avaliação aberrante, não sai com a limpeza OMO.

Onde estão agora, no PSD, aqueles que passaram anos a afirmar, com grande ênfase e dramatismo (e com inteira razão), que Sócrates representava a maior ameaça ao funcionamento das instituições e à governabilidade do país?
Será que, no momento decisivo, os ajustes pessoais e mesquinhos de contas e de incómodos, se sobrepõem ao interesse do país?
Voltarei a este tema, também para mostrar como as desafinações e a impreparação de Sócrates foi recorrente e trágica para o Portugal, bem como para relembrar como Durão Barroso foi vergastado, durante toda a campanha eleitoral de 2002, sendo acusado exactamente de impreparação, indecisões e trapalhadas, ninguém lhe augurando capacidade ou futuro de monta (hoje, é apenas presidente da Comissão Europeia), quando comparado com o daqueles que o acusavam (onde estão?...).

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