Octávio V. Gonçalves: Finalmente, encheram-se de coragem e zás

22-01-2012
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A antiga ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima vem, agora, afirmar que Sócrates desvalorizou e menorizou a cultura.
A militante e deputada socialista Maria de Belém Roseira lembrou-se, agora, que Sócrates se esquecia de ouvir.
Torres Couto defende, agora, a necessidade de uma "postura antítese" daquela que marcou a liderança do PS, nos últimos seis anos.
No seu discurso de 10 de Junho, na qualidade de Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, António Barreto sugere, agora, que se proceda ao apuramento de responsabilidades relativamente àqueles que arrastaram o País para a situação actual.
Com excepção de António Barreto, cujo distanciamento em relação à governação socrática e à conduta política de Sócrates já vem de alguns meses, as restantes personagens e respectivas declarações corporizam as primeiras manifestações, de muitas que se seguirão, de revelações, de divergências longamente reprimidas, de afastamentos e de críticas explícitas relativamente a Sócrates e à sua desgovernação.
Pela minha parte, confesso que não me arrebatam, particularmente, as clarividências, os desabafos e as críticas póstumas.
Lamento, até, que, nos últimos anos, tenham sido tantos aqueles que se recusaram a enxergar as opções, as decisões, as actuações e as posturas erradas e insensatas de Sócrates, que muitos de nós denunciávamos diariamente.
Darei, apenas, três exemplos, para além dos sectoriais ou específicos referenciados em cima, que ilustram alguns dos silêncios cúmplices:
- ninguém escutou estas vozes, a criticar a orientação inconsciente e/ou a exigir apuramentos de responsabilidades, quando Sócrates catapultava o endividamento do País para níveis incomportáveis e comprometia irremediavelmente o espaço de decisão e de actuação às gerações futuras;
- sempre que Sócrates insistia num modelo de avaliação rejeitado pela esmagadora maioria dos professores e considerava a avaliação dos docentes como um "desígnio nacional" era expectável que surgissem vozes lúcidas no interior do PS a remeterem essas declarações para os domínios da completa imbecilidade;
- quando o secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, ameaçou os funcionários públicos que não acatassem a imposição das reformas, admitindo "trucidá-los", estas personagens dever-se-iam ter levantado contra esta espécie de prepotência e de quase fascismo de Estado.
Depois de os portugueses terem desferido a estocada fatal na "fera", não faltarão, doravante, os corajosos de última hora a espetarem as suas farpas.
Mais do que empreender ajustes de contas face ao passado, estou mais interessado em contribuir para o peditório da expectativa de que não volte a ser possível, no futuro, tanto medo, subserviência e cegueira em relação a um líder da estirpe prepotente, incompetente e irresponsável de Sócrates.


A antiga ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima vem, agora, afirmar que Sócrates desvalorizou e menorizou a cultura.
A militante e deputada socialista Maria de Belém Roseira lembrou-se, agora, que Sócrates se esquecia de ouvir.
Torres Couto defende, agora, a necessidade de uma "postura antítese" daquela que marcou a liderança do PS, nos últimos seis anos.
No seu discurso de 10 de Junho, na qualidade de Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, António Barreto sugere, agora, que se proceda ao apuramento de responsabilidades relativamente àqueles que arrastaram o País para a situação actual.
Com excepção de António Barreto, cujo distanciamento em relação à governação socrática e à conduta política de Sócrates já vem de alguns meses, as restantes personagens e respectivas declarações corporizam as primeiras manifestações, de muitas que se seguirão, de revelações, de divergências longamente reprimidas, de afastamentos e de críticas explícitas relativamente a Sócrates e à sua desgovernação.
Pela minha parte, confesso que não me arrebatam, particularmente, as clarividências, os desabafos e as críticas póstumas.
Lamento, até, que, nos últimos anos, tenham sido tantos aqueles que se recusaram a enxergar as opções, as decisões, as actuações e as posturas erradas e insensatas de Sócrates, que muitos de nós denunciávamos diariamente.
Darei, apenas, três exemplos, para além dos sectoriais ou específicos referenciados em cima, que ilustram alguns dos silêncios cúmplices:
- ninguém escutou estas vozes, a criticar a orientação inconsciente e/ou a exigir apuramentos de responsabilidades, quando Sócrates catapultava o endividamento do País para níveis incomportáveis e comprometia irremediavelmente o espaço de decisão e de actuação às gerações futuras;
- sempre que Sócrates insistia num modelo de avaliação rejeitado pela esmagadora maioria dos professores e considerava a avaliação dos docentes como um "desígnio nacional" era expectável que surgissem vozes lúcidas no interior do PS a remeterem essas declarações para os domínios da completa imbecilidade;
- quando o secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, ameaçou os funcionários públicos que não acatassem a imposição das reformas, admitindo "trucidá-los", estas personagens dever-se-iam ter levantado contra esta espécie de prepotência e de quase fascismo de Estado.
Depois de os portugueses terem desferido a estocada fatal na "fera", não faltarão, doravante, os corajosos de última hora a espetarem as suas farpas.
Mais do que empreender ajustes de contas face ao passado, estou mais interessado em contribuir para o peditório da expectativa de que não volte a ser possível, no futuro, tanto medo, subserviência e cegueira em relação a um líder da estirpe prepotente, incompetente e irresponsável de Sócrates.

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