Octávio V. Gonçalves: PIM, PAM, PUM!

27-01-2012
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  In Expresso, 03/07/2010
A crer na notícia do Expresso, os efeitos do PAM (o famigerado Plano de Acção para a Matemática) nos 1.º e 2.º ciclos ainda não são visíveis, conclusões tiradas com base nos resultados a Matemática, nas Provas de Aferição, desde 2008 a 2010: em vez da tão aguardada melhoria, os resultados até têm vindo a piorar! Quanto ao 9.º ano, os resultados “ainda não são conhecidos”, mas, durante a próxima semana, só devem confirmar que não há duas sem três…Ainda de acordo com a notícia, são várias as razões a sustentarem o tardar do milagre, desde a necessidade de “trabalho sistemático e durante muito tempo”, até à falta de material didáctico-pedagócio, ou até á necessidade de “mudança na prática lectiva”. Aparentemente, tudo isto parece óbvio, mas há duas ou três mentiras que foram, por várias vezes, repetidas. A este propósito, convém, recordar (agora que a senhora voltou a falar de Educação) que, em 2008, a média de Matemática A, em exames nacionais (12.º ano) passou de 10,6 valores (em 2007) para 14 valores na primeira fase de 2008!!! Explicando tamanha façanha no espaço de um ano, a então ministra da Educação (que esta semana esteve sob as luzes da ribalta e voltou a opinar sobre Educação) atribuiu (na RTP) o efeito ao PAM, acabadinho de chegar entretanto ao 8.º ano, que, qual contágio, influenciou os resultados no 12.º ano! O PAM no 8.º ano e efeitos imediatos… no 12.º ano! Parece anedota, mas é verdade!Pois, parece que o efeito do PAM ter-se-á esgotado por aí, apesar de algumas vozes (certamente peças de campanhas negras) não sintonizadas com MLR…Será que o PAM deu então o estouro, o PIM. PAM, PUM? Quem anda no terreno sabe que milagres como o descrito só poderiam ter ocorrido para mostrar que os professores estavam no bom caminho da “domesticação”; recorde-se que se estava então nos primeiros meses da ADD imposta pelo anterior D R 2/2008 (entretanto reciclado e renomeado), o que só confirmava a necessidade de avaliação e de "amansar" os profs. A Educação tinha então um rumo e uma líder…Quem anda no terreno também sabe que ensinar (e também aprender) não é fácil, sabe que é preciso muita dedicação, esforço e tempo para trabalhar no que é verdadeiramente importante, as aprendizagens dos alunos. Com toda uma série de funções e de papéis, muitos dos quais apenas burocráticos a desempenhar, não pode haver mesmo milagres. E se a avaliação dos docentes estiver acima de tudo, se o trabalho for para as “evidências”, para a fotografia e para o folclore, o resultado pode ser memo trágico!!!Manuel Salgueiro


  In Expresso, 03/07/2010
A crer na notícia do Expresso, os efeitos do PAM (o famigerado Plano de Acção para a Matemática) nos 1.º e 2.º ciclos ainda não são visíveis, conclusões tiradas com base nos resultados a Matemática, nas Provas de Aferição, desde 2008 a 2010: em vez da tão aguardada melhoria, os resultados até têm vindo a piorar! Quanto ao 9.º ano, os resultados “ainda não são conhecidos”, mas, durante a próxima semana, só devem confirmar que não há duas sem três…Ainda de acordo com a notícia, são várias as razões a sustentarem o tardar do milagre, desde a necessidade de “trabalho sistemático e durante muito tempo”, até à falta de material didáctico-pedagócio, ou até á necessidade de “mudança na prática lectiva”. Aparentemente, tudo isto parece óbvio, mas há duas ou três mentiras que foram, por várias vezes, repetidas. A este propósito, convém, recordar (agora que a senhora voltou a falar de Educação) que, em 2008, a média de Matemática A, em exames nacionais (12.º ano) passou de 10,6 valores (em 2007) para 14 valores na primeira fase de 2008!!! Explicando tamanha façanha no espaço de um ano, a então ministra da Educação (que esta semana esteve sob as luzes da ribalta e voltou a opinar sobre Educação) atribuiu (na RTP) o efeito ao PAM, acabadinho de chegar entretanto ao 8.º ano, que, qual contágio, influenciou os resultados no 12.º ano! O PAM no 8.º ano e efeitos imediatos… no 12.º ano! Parece anedota, mas é verdade!Pois, parece que o efeito do PAM ter-se-á esgotado por aí, apesar de algumas vozes (certamente peças de campanhas negras) não sintonizadas com MLR…Será que o PAM deu então o estouro, o PIM. PAM, PUM? Quem anda no terreno sabe que milagres como o descrito só poderiam ter ocorrido para mostrar que os professores estavam no bom caminho da “domesticação”; recorde-se que se estava então nos primeiros meses da ADD imposta pelo anterior D R 2/2008 (entretanto reciclado e renomeado), o que só confirmava a necessidade de avaliação e de "amansar" os profs. A Educação tinha então um rumo e uma líder…Quem anda no terreno também sabe que ensinar (e também aprender) não é fácil, sabe que é preciso muita dedicação, esforço e tempo para trabalhar no que é verdadeiramente importante, as aprendizagens dos alunos. Com toda uma série de funções e de papéis, muitos dos quais apenas burocráticos a desempenhar, não pode haver mesmo milagres. E se a avaliação dos docentes estiver acima de tudo, se o trabalho for para as “evidências”, para a fotografia e para o folclore, o resultado pode ser memo trágico!!!Manuel Salgueiro

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