Octávio V. Gonçalves: CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES DESTE PAÍS

21-01-2012
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Exmos. Senhores,A propósito da contestação pacífica e ordeira que os professores têm encetado face à irracionalidade e às injustiças que comportam os processos de divisão da carreira e de avaliação do desempenho, alega a Sra. Ministra da Educação que seria uma “vergonha” recuar. Não me espanta que a Sra. Ministra da Educação se refugie em “estados de alma” pessoais, pois fez da subjectividade, da animosidade e da teimosia os referenciais da sua actuação. Era fundamental que a equipa do Ministério da Educação saísse do enredo narcísico em que se envolveu e pensasse, seriamente, nas escolas e no País, libertando-se da obsessão por uma autoridade e uma pretensa coragem que, a partir de hoje, já não tem mais.Com o Despacho do Ministério da Educação relativo às alterações a introduzir no Estatuto do Aluno, recuando face às primeiras investidas dos alunos, já todos percebemos de que é feita a suposta coragem deste Governo e, também, do seu Primeiro-Ministro.De facto, reconhecemo-lo, a escola não tem cumprido cabalmente o dever da formação da cidadania, caso contrário, nunca teríamos chegado a uma sociedade onde os camiões, os ovos e os tomates têm mais poder de persuasão do que a coerência e a justeza dos argumentos.Vai o Sr. Presidente da República continuar a apelar à “serenidade”, quando na prática este Governo só é sensível ao apelo da ilegalidade e da má educação, ou seja, quando alguém se lembra de cortar as estradas ou de arremessar ovos e tomates à cabeça dos governantes?Sua Excelência o Sr. Presidente da República considera ter margem para continuar a pactuar com a pedagogia que decorre deste Ministério da (Des)Educação, com os sinais que transmite à sociedade e com as formas de actuação de alguns membros deste Governo?Se sim, então, estamos todos entendidos, pois o País já não precisa, de facto, nem da escola pública, nem dos professores para mais nada! Leve-se o processo da sua destruição até ao fim.Todavia, os professores farão tudo o que estiver ao seu alcance, mesmo arriscando não progredir nas suas carreiras ou não receber “prémios” (serão computadores Magalhães pelo Natal?...), para defenderem a sua dignidade profissional e a qualidade da escola, mas fiquem sossegados que, mesmo correndo o risco de não sermos ouvidos, não desperdiçaremos, nem ovos, nem tomates na cabeça de tão medíocres governantes.A grandeza das pessoas não advém da persistência obstinada no erro e na injustiça, seja por vergonha ou para não perder a face, mas decorre da coragem necessária para corrigir o que, reconhecidamente, está mal ou é gerador de injustiças. A História é feita daqueles que souberam repensar as suas actuações e contribuir para o aperfeiçoamento jurídico e moral das leis do seu País. Sobretudo, quando existe, hoje, um consenso na sociedade, entre os professores e entre os partidos políticos (do PSD ao BE) que este modelo de avaliação é desajustado e que a divisão arbitrária e injusta da carreira compromete a credibilidade do mesmo, além de degradar, inutilmente, o ambiente nas escolas. Se é assim, de que estão à espera para acabar com essa divisão e substituir o modelo de avaliação por outro mais credível e funcional, pois os professores desejam ser avaliados de forma séria e justa.Por uma vez, tenham todos CORAGEM!...Procurem, ainda, ser felizes no que resta do pantanal para que estão a conduzir o País.Respeitosos cumprimentos.Vila Real, 17 de Novembro de 2008,Octávio V Gonçalves


Exmos. Senhores,A propósito da contestação pacífica e ordeira que os professores têm encetado face à irracionalidade e às injustiças que comportam os processos de divisão da carreira e de avaliação do desempenho, alega a Sra. Ministra da Educação que seria uma “vergonha” recuar. Não me espanta que a Sra. Ministra da Educação se refugie em “estados de alma” pessoais, pois fez da subjectividade, da animosidade e da teimosia os referenciais da sua actuação. Era fundamental que a equipa do Ministério da Educação saísse do enredo narcísico em que se envolveu e pensasse, seriamente, nas escolas e no País, libertando-se da obsessão por uma autoridade e uma pretensa coragem que, a partir de hoje, já não tem mais.Com o Despacho do Ministério da Educação relativo às alterações a introduzir no Estatuto do Aluno, recuando face às primeiras investidas dos alunos, já todos percebemos de que é feita a suposta coragem deste Governo e, também, do seu Primeiro-Ministro.De facto, reconhecemo-lo, a escola não tem cumprido cabalmente o dever da formação da cidadania, caso contrário, nunca teríamos chegado a uma sociedade onde os camiões, os ovos e os tomates têm mais poder de persuasão do que a coerência e a justeza dos argumentos.Vai o Sr. Presidente da República continuar a apelar à “serenidade”, quando na prática este Governo só é sensível ao apelo da ilegalidade e da má educação, ou seja, quando alguém se lembra de cortar as estradas ou de arremessar ovos e tomates à cabeça dos governantes?Sua Excelência o Sr. Presidente da República considera ter margem para continuar a pactuar com a pedagogia que decorre deste Ministério da (Des)Educação, com os sinais que transmite à sociedade e com as formas de actuação de alguns membros deste Governo?Se sim, então, estamos todos entendidos, pois o País já não precisa, de facto, nem da escola pública, nem dos professores para mais nada! Leve-se o processo da sua destruição até ao fim.Todavia, os professores farão tudo o que estiver ao seu alcance, mesmo arriscando não progredir nas suas carreiras ou não receber “prémios” (serão computadores Magalhães pelo Natal?...), para defenderem a sua dignidade profissional e a qualidade da escola, mas fiquem sossegados que, mesmo correndo o risco de não sermos ouvidos, não desperdiçaremos, nem ovos, nem tomates na cabeça de tão medíocres governantes.A grandeza das pessoas não advém da persistência obstinada no erro e na injustiça, seja por vergonha ou para não perder a face, mas decorre da coragem necessária para corrigir o que, reconhecidamente, está mal ou é gerador de injustiças. A História é feita daqueles que souberam repensar as suas actuações e contribuir para o aperfeiçoamento jurídico e moral das leis do seu País. Sobretudo, quando existe, hoje, um consenso na sociedade, entre os professores e entre os partidos políticos (do PSD ao BE) que este modelo de avaliação é desajustado e que a divisão arbitrária e injusta da carreira compromete a credibilidade do mesmo, além de degradar, inutilmente, o ambiente nas escolas. Se é assim, de que estão à espera para acabar com essa divisão e substituir o modelo de avaliação por outro mais credível e funcional, pois os professores desejam ser avaliados de forma séria e justa.Por uma vez, tenham todos CORAGEM!...Procurem, ainda, ser felizes no que resta do pantanal para que estão a conduzir o País.Respeitosos cumprimentos.Vila Real, 17 de Novembro de 2008,Octávio V Gonçalves

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