Octávio V. Gonçalves: Está entregue o prémio de melhor encenador

27-01-2012
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Correspondendo às certezas de muitos de nós, que já não embarcamos na ladainha do tríptico socrático "confiança - progresso - sucesso", a ressaca do apregoado "sucesso" de ontem mostra-nos até onde pode chegar a alucinação de um homem que luta desesperadamente pela sua exclusiva sobrevivência política.
Aquilo que Sócrates mitifica no termo "sucesso", o prémio Nobel da Economia, Paul Krugman (insuspeito de estar  a fazer o jogo do CDS-PP e do PSD) apelida de "à beira da ruína" e sintoma de "desespero", considerando que, a verificarem-se mais sucessos como este, a periferia europeia será destruída.

Contudo, o verdadeiramente inquietante é a bovinidade com que muitos jornalistas e comentadores/analistas replicam ou consentem, sem criticismo, nas fórmulas propagandísticas de Sócrates e correlegionários.
Esta colagem às manobras socráticas é ainda mais incompreensível, quando as encenações publicitárias patéticas (tanto pela exageração de relevância e efeitos, como pelo falso protagonismo), com escassa ou contraditória correspondência na realidade, se constituíram como a pedra de toque e a escapatória recorrentes de toda a governação socrática, quantas vezes, como parece ser aqui o caso, assumindo a forma de uma espiral patológica de descolagem da realidade e de uma irreversível desacreditação pessoal e política.
Não é necessário ficar-se à espera da narrativa do prémio Nobel da Economia ou ter-se formação em economia e finanças para se perceber a mistificação subjacente à caracterização da operação financeira de ontem como um "sucesso".

Basta atentar no seguinte:
- é sucesso a taxa de juro ter descido menos de duas décimas, em relação a Novembro de 2010, quando agora se verificou a intervenção do BCE e se divulgou, na véspera, o cumprimento da meta do défice, em 2010?
- é sucesso vender dívida a uma taxa de juro 6,71%, que os especialistas consideram incomportável para Portugal?
- é sucesso vender 599 milhões de euros a uma taxa melhor que a do último leilão e vender 650 milhões de euros a uma taxa pior?
- é sucesso ter ocorrido aumento da procura ou é apenas um sintoma de juros demasiado apetecíveis, e sem paralelo nos recentes leilões de dívida, para os mercados?
- é sucesso ver os juros aumentarem em mais de dois pontos percentuais, relativamente ao custo desta dívida que foi a leilão, agravando a dependência externa do país?
- é sucesso pagar juros mais elevados do que pagaram, hoje, a Espanha e outros países Europeus?
- é sucesso pagar juros mais elevados do que aqueles que são cobrados no contexto dos Fundos Europeus?

De facto, a teatralidade política de Sócrates, que sistematicamente vai ao bolso dos portugueses e que é incapaz de adoptar a moderação, o tom e o respeito compatíveis com as dificuldades e os dramas que afectam muitos portugueses, em consequência das suas políticas, sairá demasiado onerosa ao país e, especificamente, às gerações futuras, conduzindo-os para uma miserabilização crescente, ao mesmo tempo que o estilo de Sócrates e a natureza da sua governação vão alimentando uma crise de valores (verdade, transparência, sobriedade, humildade...) e de decência.

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Correspondendo às certezas de muitos de nós, que já não embarcamos na ladainha do tríptico socrático "confiança - progresso - sucesso", a ressaca do apregoado "sucesso" de ontem mostra-nos até onde pode chegar a alucinação de um homem que luta desesperadamente pela sua exclusiva sobrevivência política.
Aquilo que Sócrates mitifica no termo "sucesso", o prémio Nobel da Economia, Paul Krugman (insuspeito de estar  a fazer o jogo do CDS-PP e do PSD) apelida de "à beira da ruína" e sintoma de "desespero", considerando que, a verificarem-se mais sucessos como este, a periferia europeia será destruída.

Contudo, o verdadeiramente inquietante é a bovinidade com que muitos jornalistas e comentadores/analistas replicam ou consentem, sem criticismo, nas fórmulas propagandísticas de Sócrates e correlegionários.
Esta colagem às manobras socráticas é ainda mais incompreensível, quando as encenações publicitárias patéticas (tanto pela exageração de relevância e efeitos, como pelo falso protagonismo), com escassa ou contraditória correspondência na realidade, se constituíram como a pedra de toque e a escapatória recorrentes de toda a governação socrática, quantas vezes, como parece ser aqui o caso, assumindo a forma de uma espiral patológica de descolagem da realidade e de uma irreversível desacreditação pessoal e política.
Não é necessário ficar-se à espera da narrativa do prémio Nobel da Economia ou ter-se formação em economia e finanças para se perceber a mistificação subjacente à caracterização da operação financeira de ontem como um "sucesso".

Basta atentar no seguinte:
- é sucesso a taxa de juro ter descido menos de duas décimas, em relação a Novembro de 2010, quando agora se verificou a intervenção do BCE e se divulgou, na véspera, o cumprimento da meta do défice, em 2010?
- é sucesso vender dívida a uma taxa de juro 6,71%, que os especialistas consideram incomportável para Portugal?
- é sucesso vender 599 milhões de euros a uma taxa melhor que a do último leilão e vender 650 milhões de euros a uma taxa pior?
- é sucesso ter ocorrido aumento da procura ou é apenas um sintoma de juros demasiado apetecíveis, e sem paralelo nos recentes leilões de dívida, para os mercados?
- é sucesso ver os juros aumentarem em mais de dois pontos percentuais, relativamente ao custo desta dívida que foi a leilão, agravando a dependência externa do país?
- é sucesso pagar juros mais elevados do que pagaram, hoje, a Espanha e outros países Europeus?
- é sucesso pagar juros mais elevados do que aqueles que são cobrados no contexto dos Fundos Europeus?

De facto, a teatralidade política de Sócrates, que sistematicamente vai ao bolso dos portugueses e que é incapaz de adoptar a moderação, o tom e o respeito compatíveis com as dificuldades e os dramas que afectam muitos portugueses, em consequência das suas políticas, sairá demasiado onerosa ao país e, especificamente, às gerações futuras, conduzindo-os para uma miserabilização crescente, ao mesmo tempo que o estilo de Sócrates e a natureza da sua governação vão alimentando uma crise de valores (verdade, transparência, sobriedade, humildade...) e de decência.

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