Octávio V. Gonçalves: A farsa em todo o seu esplendor

22-01-2012
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Confesso a minha relativa indiferença face ao dramatismo que comociona, por estes dias, alguma blogosfera docente, virginalmente escandalizada com manifestações públicas parasíticas de alguns professores que, movidos por um instinto de sobrevivência/desenrascanço (e em nenhum cenário da natureza este tipo de impulso é compatível com as boas maneiras), procuram aceder a relatórios de auto-avaliação já devidamente preenchidos.
O meu descomprometimento com estas situações é absoluto, uma vez que sempre procurei desmontar e denunciar a natureza farsante e artificiosa dos procedimentos que substantivam os processos de avaliação em curso, além de que nunca disponibilizei informações/materiais ou expectativas de disponibilização de informações/materiais que, directa ou indirectamente, de forma intencional ou involuntária, pudessem contribuir para alimentar ou facilitar a implementação e a perpetuação de processos que reputo de arbitrários e pouco sérios, os quais tendem a propiciar a cópia de objectivos individuais e fichas/relatórios ou a induzir a preparação artificial e impressionista de duas ou três aulas que venham a ser observadas por colegas (uns mais hostis e outros mais compinchas).
A este propósito, tudo o que divulguei foram materiais de oposição ou de resistência aberta a este miserável modelo de avaliação do desempenho, nunca alinhando nas ambivalências e dubiedades de quem, estando contra o modelo de avaliação, ia achando que o mesmo já não fosse removível ou ia facilitando o acesso  às ferramentas que garantiriam a adaptação à aberração e, por consequência, a sua perpetuação menos traumática.
Sempre tive uma visão da blogosfera docente como espaços de intervenção de cidadania, orientados para a resistência e a defesa de ideias e de projectos, pelo que nunca valorizei blogues ou sites de "ajuda" ou de disponibilização de informação, porque sempre me pareceu que os professores não carecem de "papinha maizena", pois dispõem de mãozinhas e cabecinha para pesquisarem, conceberem, preencherem e agirem por si próprios. Neste particular, admito ter outra concepção da cooperação e da colaboração entre professores.
Aliás, considero existirem outras formas de sublimar o amor ao próximo, quiçá, num momento de crise, sob a forma de campanhas caritativas mais úteis aos desvalidos e desfavorecidos da sociedade.
Todavia, estas manifestações apenas vêm provar uma de duas coisas ou ambas, qualquer delas desaconselhando a manutenção desta farsa de avaliação:
- este modelo de avaliação não é sério, pois presta-se a este tipo de traficâncias de documentos (e isto é a pura verdade);
- este tipo de práticas também pode exprimir a disposição dos professores para não darem nada de seu e de genuíno a um modelo que antevêem como desacreditado, porque arbitrário e nada sério.
Não duvido que com o fim das palhaçadas que o modelo de avaliação, em vigor, patrocinou nas escolas e em alguma blogosfera, muita gente ficará a perder, desde os protagonistas das condutas das evidências folclóricas, quantas vezes procurando disfarçar fragilidades pedagógicas e científicas, até às condutas parasitárias de muitos saudosistas do faz-de-conta socrático (porque nem todos o fazem por resistência ao modelo), para não falar em blogues de bons samaritanos.


Confesso a minha relativa indiferença face ao dramatismo que comociona, por estes dias, alguma blogosfera docente, virginalmente escandalizada com manifestações públicas parasíticas de alguns professores que, movidos por um instinto de sobrevivência/desenrascanço (e em nenhum cenário da natureza este tipo de impulso é compatível com as boas maneiras), procuram aceder a relatórios de auto-avaliação já devidamente preenchidos.
O meu descomprometimento com estas situações é absoluto, uma vez que sempre procurei desmontar e denunciar a natureza farsante e artificiosa dos procedimentos que substantivam os processos de avaliação em curso, além de que nunca disponibilizei informações/materiais ou expectativas de disponibilização de informações/materiais que, directa ou indirectamente, de forma intencional ou involuntária, pudessem contribuir para alimentar ou facilitar a implementação e a perpetuação de processos que reputo de arbitrários e pouco sérios, os quais tendem a propiciar a cópia de objectivos individuais e fichas/relatórios ou a induzir a preparação artificial e impressionista de duas ou três aulas que venham a ser observadas por colegas (uns mais hostis e outros mais compinchas).
A este propósito, tudo o que divulguei foram materiais de oposição ou de resistência aberta a este miserável modelo de avaliação do desempenho, nunca alinhando nas ambivalências e dubiedades de quem, estando contra o modelo de avaliação, ia achando que o mesmo já não fosse removível ou ia facilitando o acesso  às ferramentas que garantiriam a adaptação à aberração e, por consequência, a sua perpetuação menos traumática.
Sempre tive uma visão da blogosfera docente como espaços de intervenção de cidadania, orientados para a resistência e a defesa de ideias e de projectos, pelo que nunca valorizei blogues ou sites de "ajuda" ou de disponibilização de informação, porque sempre me pareceu que os professores não carecem de "papinha maizena", pois dispõem de mãozinhas e cabecinha para pesquisarem, conceberem, preencherem e agirem por si próprios. Neste particular, admito ter outra concepção da cooperação e da colaboração entre professores.
Aliás, considero existirem outras formas de sublimar o amor ao próximo, quiçá, num momento de crise, sob a forma de campanhas caritativas mais úteis aos desvalidos e desfavorecidos da sociedade.
Todavia, estas manifestações apenas vêm provar uma de duas coisas ou ambas, qualquer delas desaconselhando a manutenção desta farsa de avaliação:
- este modelo de avaliação não é sério, pois presta-se a este tipo de traficâncias de documentos (e isto é a pura verdade);
- este tipo de práticas também pode exprimir a disposição dos professores para não darem nada de seu e de genuíno a um modelo que antevêem como desacreditado, porque arbitrário e nada sério.
Não duvido que com o fim das palhaçadas que o modelo de avaliação, em vigor, patrocinou nas escolas e em alguma blogosfera, muita gente ficará a perder, desde os protagonistas das condutas das evidências folclóricas, quantas vezes procurando disfarçar fragilidades pedagógicas e científicas, até às condutas parasitárias de muitos saudosistas do faz-de-conta socrático (porque nem todos o fazem por resistência ao modelo), para não falar em blogues de bons samaritanos.

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