É capaz de ser invulgar, mas sempre que sou confrontado com tentativas de catalogação das pessoas com base em etiquetas do tipo radical – moderado ou puro – impuro, apenas me ocorrem nêsperas, algures num jardim aristotélico.
Não me perguntem porquê, mas nunca apreciei ver-me catalogado numa qualquer caixa ou prateleira (nem que fosse dourada), nem gosto de ser arredado para a estratosfera etérea dos imaculados que já não podem intervir e decidir no conspurcado dos impuros.
No fundamental, trata-se de truques dialécticos que escondem formas auto-justificativas para acomodar consciências inquietas face a incoerências, vacilações ou piruetas próprias.
Desconfio sempre de exercícios retóricos de redução e desqualificação de ideias, princípios e valores, amarrando-os a etiquetagens generalistas, enquanto tentativas de reconduzir o essencial para posturas depreciadas no politicamente banal e no purgatório do meio-termo, procurando, desta forma, inactivar a intervenção daqueles que procuram pautar-se por padrões de seriedade, de exigência e de inalienável criticismo.
Aliás, sempre que os argumentos rareiam e são fracos, é habitual recorrer-se a catalogações dualistas e maniqueístas. A técnica é velha e useira em contextos em que tendem a prevalecer lógicas repressivas ou, então, lógicas de interesses.
Até podem catalogar os representantes dos movimentos de professores, mas de certeza que não permitiremos que nos embalem, qualquer que seja a semântica tomada.
Talvez sejamos nêsperas, mesmo que, neste país, ter aparência “inteira” e “pura” seja contranatura ou indesejável.
Alguns ainda insistem que os tempos estão mais para fruta bichada.
E sempre preferem que se sirva a razão em fatias e que se sujeite a uma espécie de quotas (15%?), não vá o governo ou Sócrates ficarem melindrados ou constrangidos no confronto com a rudeza terrena das suas políticas medíocres.
Todavia, o estranho no meio de tudo isto é a circunstância de a maioria dos professores, nas escolas, parecer estar a situar-se no lado “inteiro”, “radical” e “puro” das reivindicações.
Se calhar, os tempos estão a mudar e, assim, fracassam as tentativas de uma medida calibrada e média das nêsperas.
Estará a fruta a radicalizar-se?!
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É capaz de ser invulgar, mas sempre que sou confrontado com tentativas de catalogação das pessoas com base em etiquetas do tipo radical – moderado ou puro – impuro, apenas me ocorrem nêsperas, algures num jardim aristotélico.
Não me perguntem porquê, mas nunca apreciei ver-me catalogado numa qualquer caixa ou prateleira (nem que fosse dourada), nem gosto de ser arredado para a estratosfera etérea dos imaculados que já não podem intervir e decidir no conspurcado dos impuros.
No fundamental, trata-se de truques dialécticos que escondem formas auto-justificativas para acomodar consciências inquietas face a incoerências, vacilações ou piruetas próprias.
Desconfio sempre de exercícios retóricos de redução e desqualificação de ideias, princípios e valores, amarrando-os a etiquetagens generalistas, enquanto tentativas de reconduzir o essencial para posturas depreciadas no politicamente banal e no purgatório do meio-termo, procurando, desta forma, inactivar a intervenção daqueles que procuram pautar-se por padrões de seriedade, de exigência e de inalienável criticismo.
Aliás, sempre que os argumentos rareiam e são fracos, é habitual recorrer-se a catalogações dualistas e maniqueístas. A técnica é velha e useira em contextos em que tendem a prevalecer lógicas repressivas ou, então, lógicas de interesses.
Até podem catalogar os representantes dos movimentos de professores, mas de certeza que não permitiremos que nos embalem, qualquer que seja a semântica tomada.
Talvez sejamos nêsperas, mesmo que, neste país, ter aparência “inteira” e “pura” seja contranatura ou indesejável.
Alguns ainda insistem que os tempos estão mais para fruta bichada.
E sempre preferem que se sirva a razão em fatias e que se sujeite a uma espécie de quotas (15%?), não vá o governo ou Sócrates ficarem melindrados ou constrangidos no confronto com a rudeza terrena das suas políticas medíocres.
Todavia, o estranho no meio de tudo isto é a circunstância de a maioria dos professores, nas escolas, parecer estar a situar-se no lado “inteiro”, “radical” e “puro” das reivindicações.
Se calhar, os tempos estão a mudar e, assim, fracassam as tentativas de uma medida calibrada e média das nêsperas.
Estará a fruta a radicalizar-se?!