Octávio V. Gonçalves: RAPIDINHAS: vivemos tempos de ausência de escrúpulo democrático e de falta de escrúpulo moral

24-01-2012
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Dois episódios recentes ilustram, inquestionavelmente, a degradação que vem afectando a vida democrática nacional, tanto no plano político estrito, como no domínio da justiça e da equidade social.Refiro-me, em concreto, à revisão do ECD aprovada pela voluntariedade do último Conselho de Ministros, bem como às notícias que nos chegam da TAP relativas às duplicações dos salários dos gestores e ao esbanjamento em aquisições milionárias de viaturas para os 42 directores da empresa (a dimensão da TAP justifica a existência de 42 directores?!...), num tempo definido como de “situação financeira muito grave”.Os retoques efectuados no ECD, em termos de encurtamentos de anos de permanência em determinados escalões e de criação de um escalão para acomodar aqueles que têm azar ao jogo, basearam-se na convicção equívoca de que os professores vendem os seus princípios a remendos de circunstância e a aparentes migalhas e traduzem, no essencial, uma tentativa desesperada e derradeira de “consolidar” um princípio de divisão da carreira universalmente contestado, nas escolas e fora delas. Ainda por cima, quando esta revisão do ECD, que não foi solicitada nem aceite por ninguém na forma que veio a assumir, se autojustifica em declarações, mais uma vez, mentirosas da ministra da Educação, ao defender que as mesmas corresponderiam a uma ansiada reivindicação dos professores. Aquilo que os professores exigem é o fim da divisão arbitrária da carreira e a reposição da justiça e da tranquilidade nas escolas. A ministra da Educação tem-se feito de ignorante relativamente aos argumentos inatacáveis que sustentam a revogação da divisão da carreira e nunca teve a coragem e a competência para defender o concurso dos titulares a não ser com recurso às mais descaradas mentiras e mistificações.Este episódio traduz, a dois meses de eleições legislativas e num quadro político de ausência de maiorias absolutas e quando todos os partidos da oposição estão sintonizados com os professores na rejeição da divisão da carreira, uma clara ausência de escrúpulo democrático.Já a circunstância de o Governo não se ter oposto às mordomias que o Presidente da TAP e os seus directores atribuíram a si próprios (ver o post anterior), num período em que se exigiram enormes sacrifícios aos portugueses e em que muitos se confrontam com dificuldades dramáticas, é bem revelador das duas caras deste PS de Sócrates, que enche a boca com palavras em prol da justiça social, mas que convive bem com esta falta de escrúpulo moral por parte daqueles que regem os destinos da TAP.


Dois episódios recentes ilustram, inquestionavelmente, a degradação que vem afectando a vida democrática nacional, tanto no plano político estrito, como no domínio da justiça e da equidade social.Refiro-me, em concreto, à revisão do ECD aprovada pela voluntariedade do último Conselho de Ministros, bem como às notícias que nos chegam da TAP relativas às duplicações dos salários dos gestores e ao esbanjamento em aquisições milionárias de viaturas para os 42 directores da empresa (a dimensão da TAP justifica a existência de 42 directores?!...), num tempo definido como de “situação financeira muito grave”.Os retoques efectuados no ECD, em termos de encurtamentos de anos de permanência em determinados escalões e de criação de um escalão para acomodar aqueles que têm azar ao jogo, basearam-se na convicção equívoca de que os professores vendem os seus princípios a remendos de circunstância e a aparentes migalhas e traduzem, no essencial, uma tentativa desesperada e derradeira de “consolidar” um princípio de divisão da carreira universalmente contestado, nas escolas e fora delas. Ainda por cima, quando esta revisão do ECD, que não foi solicitada nem aceite por ninguém na forma que veio a assumir, se autojustifica em declarações, mais uma vez, mentirosas da ministra da Educação, ao defender que as mesmas corresponderiam a uma ansiada reivindicação dos professores. Aquilo que os professores exigem é o fim da divisão arbitrária da carreira e a reposição da justiça e da tranquilidade nas escolas. A ministra da Educação tem-se feito de ignorante relativamente aos argumentos inatacáveis que sustentam a revogação da divisão da carreira e nunca teve a coragem e a competência para defender o concurso dos titulares a não ser com recurso às mais descaradas mentiras e mistificações.Este episódio traduz, a dois meses de eleições legislativas e num quadro político de ausência de maiorias absolutas e quando todos os partidos da oposição estão sintonizados com os professores na rejeição da divisão da carreira, uma clara ausência de escrúpulo democrático.Já a circunstância de o Governo não se ter oposto às mordomias que o Presidente da TAP e os seus directores atribuíram a si próprios (ver o post anterior), num período em que se exigiram enormes sacrifícios aos portugueses e em que muitos se confrontam com dificuldades dramáticas, é bem revelador das duas caras deste PS de Sócrates, que enche a boca com palavras em prol da justiça social, mas que convive bem com esta falta de escrúpulo moral por parte daqueles que regem os destinos da TAP.

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