Octávio V. Gonçalves: PEC... de pecados

27-01-2012
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Enquanto esforço nacional para o equilíbrio das contas públicas, o Plano de Estabilidade e Crescimento [PEC] arranca mal, tendo em conta, quer a metodologia seguida para a sua elaboração, quer a forma propagandística (tentação irresistível do socratismo) como o mesmo começou a ser embrulhado e vendido ao país. Senão vejamos:
- o governo não convocou os partidos e demais parceiros sociais para uma negociação séria sobre as linhas de actuação e as medidas a incorporar no PEC, de forma a passar a ideia da autosuficência do PS (Partido de Sócrates) para resolver a grave crise em que nos encontramos, preferindo, em consonância, auscultar a posteriori. O objectivo é passar a mensagem que os méritos do PEC e dos efeitos que venha a gerar na correcção das contas públicas pertencem apenas a Sócrates, mas a assunção dos sacrifícios e dos problemas sócio-laborais que o mesmo vai desencadear deve ser uma responsabilidade solidária de todos os partidos (aqui o interesse partidário é substituído pelo interesse nacional e quem se puser fora incorre em pecado de lesa-pátria);
- antes de os partidos conhecerem o PEC, vão-se libertando informações a conta-gotas para a imprensa sobre medidas avulsas do documento, secundarizando-se os interlocutores políticos e distraindo as atenções de eventuais gatos escondidos;
- o governo, aparentemente, remeteu-se ao silêncio após a aprovação em Conselho de Ministros, mas apareceu o porta-voz do PS (esvaziando ainda mais o alcance nacional do documento) a enquadrar o esforço exigível pelo PEC na propaganda falaciosa das virtualidades de Sócrates para baixar o défice e numa comparação mistificadora entre a situação actual e a situação de 2005.
Acontece que, nesta fase, Sócrates não goza da credibilidade política que tinha em 2005, o défice agora é muito superior a 2005 e não se encontrará empolado pela inclusão de desorçamentações que agora, muitas, já deixaram de contar de facto para o agravamento do défice (veja-se aqui a desorçamentação no orçamento para 2007), além de que a redução foi feita, fundamentalmente, à custa do aumento dos impostos, ao passo que, agora, essa possibilidade não é viável, dada a sobrecarga fiscal que já existe e a tremenda debilidade da economia para a poder suportar.
Esta gente não consegue mesmo libertar-se destes PECados.


Enquanto esforço nacional para o equilíbrio das contas públicas, o Plano de Estabilidade e Crescimento [PEC] arranca mal, tendo em conta, quer a metodologia seguida para a sua elaboração, quer a forma propagandística (tentação irresistível do socratismo) como o mesmo começou a ser embrulhado e vendido ao país. Senão vejamos:
- o governo não convocou os partidos e demais parceiros sociais para uma negociação séria sobre as linhas de actuação e as medidas a incorporar no PEC, de forma a passar a ideia da autosuficência do PS (Partido de Sócrates) para resolver a grave crise em que nos encontramos, preferindo, em consonância, auscultar a posteriori. O objectivo é passar a mensagem que os méritos do PEC e dos efeitos que venha a gerar na correcção das contas públicas pertencem apenas a Sócrates, mas a assunção dos sacrifícios e dos problemas sócio-laborais que o mesmo vai desencadear deve ser uma responsabilidade solidária de todos os partidos (aqui o interesse partidário é substituído pelo interesse nacional e quem se puser fora incorre em pecado de lesa-pátria);
- antes de os partidos conhecerem o PEC, vão-se libertando informações a conta-gotas para a imprensa sobre medidas avulsas do documento, secundarizando-se os interlocutores políticos e distraindo as atenções de eventuais gatos escondidos;
- o governo, aparentemente, remeteu-se ao silêncio após a aprovação em Conselho de Ministros, mas apareceu o porta-voz do PS (esvaziando ainda mais o alcance nacional do documento) a enquadrar o esforço exigível pelo PEC na propaganda falaciosa das virtualidades de Sócrates para baixar o défice e numa comparação mistificadora entre a situação actual e a situação de 2005.
Acontece que, nesta fase, Sócrates não goza da credibilidade política que tinha em 2005, o défice agora é muito superior a 2005 e não se encontrará empolado pela inclusão de desorçamentações que agora, muitas, já deixaram de contar de facto para o agravamento do défice (veja-se aqui a desorçamentação no orçamento para 2007), além de que a redução foi feita, fundamentalmente, à custa do aumento dos impostos, ao passo que, agora, essa possibilidade não é viável, dada a sobrecarga fiscal que já existe e a tremenda debilidade da economia para a poder suportar.
Esta gente não consegue mesmo libertar-se destes PECados.

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