Octávio V. Gonçalves: Vade metro, Socranás

27-01-2012
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O episódio que relato de seguida não tem qualquer relevância, como tudo o que o primeiro-ministro diz, mas é ilustrativo de como o seu truque retórico, procurando exacerbar o valor e a importância de tudo aquilo que propõe, inaugura ou utiliza (do "absolutamente essencial" ao "mais moderno"), nem sempre ou quase nunca adere escorreitamente à realidade real.
Hoje, no decurso de uma das suas aparições propagandísticas diárias, Sócrates deu-se ares de ecologista, ao contrário dos membros do governo que o acompanharam e que não abdicaram das suas poluentes altas cilindradas, tendo-se dirigido de metro a uma feira de tecnologias, a decorrer na FIL, como forma de também celebrar o Dia Europeu sem Carros. Alardeando, com o excesso que o caracteriza, os pratos da sua "balança tecnológica", Sócrates evitou falar dos problemas do endividamento do país (pormenor de somenos e desenquadrado da futilidade retórica), mas ainda teve oportunidade para enaltecer o metro como uma excelente alternativa de transporte para a plebe (para os membros do governo seria pouco edificante e não resolveria o problema do défice), saindo-se com esta pérola, em conformidade com o seu credo retórico:
[É bom viajar de metro, até porque] "O metro de Lisboa é um dos metros mais modernos do país".
Pois, pudera! Os outros metros do país, excluindo aquele eléctrico do Porto que, de vez em quando, atravessa um ou outro túnel, quais são?...
Apenas um exemplo de como o discurso político de Sócrates se encontra reduzido a uma espécie de "tretalidade", isto é, pura, ainda que por vezes traiçoeira, encenação de tretas.


O episódio que relato de seguida não tem qualquer relevância, como tudo o que o primeiro-ministro diz, mas é ilustrativo de como o seu truque retórico, procurando exacerbar o valor e a importância de tudo aquilo que propõe, inaugura ou utiliza (do "absolutamente essencial" ao "mais moderno"), nem sempre ou quase nunca adere escorreitamente à realidade real.
Hoje, no decurso de uma das suas aparições propagandísticas diárias, Sócrates deu-se ares de ecologista, ao contrário dos membros do governo que o acompanharam e que não abdicaram das suas poluentes altas cilindradas, tendo-se dirigido de metro a uma feira de tecnologias, a decorrer na FIL, como forma de também celebrar o Dia Europeu sem Carros. Alardeando, com o excesso que o caracteriza, os pratos da sua "balança tecnológica", Sócrates evitou falar dos problemas do endividamento do país (pormenor de somenos e desenquadrado da futilidade retórica), mas ainda teve oportunidade para enaltecer o metro como uma excelente alternativa de transporte para a plebe (para os membros do governo seria pouco edificante e não resolveria o problema do défice), saindo-se com esta pérola, em conformidade com o seu credo retórico:
[É bom viajar de metro, até porque] "O metro de Lisboa é um dos metros mais modernos do país".
Pois, pudera! Os outros metros do país, excluindo aquele eléctrico do Porto que, de vez em quando, atravessa um ou outro túnel, quais são?...
Apenas um exemplo de como o discurso político de Sócrates se encontra reduzido a uma espécie de "tretalidade", isto é, pura, ainda que por vezes traiçoeira, encenação de tretas.

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