Octávio V. Gonçalves: Escolas do "outro mundo"

21-01-2012
marcar artigo


Vale a pena continuar a ler AQUI...
Uma interessante crónica de Rui Moreira que, a propósito do bullying, se socorre da concepção que Hanna Arendt tem do papel da escola, a quem compete, através do saber e da formação, estabelecer um corte com o mundo privado de origem do aluno, de forma a propiciar-lhe as capacitações e as experiências que lhe permitam transitar para o "outro mundo" da cidadania exigente, responsável e pautada por valores.
É fundamental que seja a escola a quebrar a circularidade nada virtuosa que afecta a argumentação daqueles que continuam reféns das teorias sociologizantes do handicap social e que, no essencial, acabam sempre incrustados ao paradigma da facilitação e da desresponsabilização, pactuando negligentemente com a reprodução e a perpetuação, por parte da escola, das condições pessoais que arruínam às gerações mais jovens as expectativas de mobilidade social.
De uma vez por todas, cientistas sociais e políticos, herdeiros de uma certa esquerda que denunciava intelectualmente, mas depois tolerava intramuros, quando não mesmo escondia ou agravava, nas suas práticas concretas de exercício do poder político, a existência de condições paupérrimas de vida de muitos dos seus concidadãos, devem libertar-se, tanto da concepção da escola como reflexo das mundividências e das práticas sociais, como de uma espécie de complacência ideológica face à indisciplina, ao desrespeito, à negligenciação de deveres e ao desprezo pelo valor do trabalho e do esforço.
Numa sociedade moderna  e democrática, a indisciplina, a resolução das situações pela violência, o desrespeito pelo outro, o cultivo da dependência não podem ser salvaguardados como condições, patrimónios ou traços identitários de quem quer que seja.
E a escola é a primeira instituição a não dever nem poder pactuar com este tipo de atitudes e de condutas, caso contrário a mesma reduzir-se-á a um mecanismo reprodutor e favorecedor das desigualdades sociais.
O país tem vivido sob a influência de uma esquerda que, no âmbito da educação, se tem deixado embalar pelas aparências da inclusão, a qual tem condenado muitos jovens a certificações de escolaridade, mas a que não correspondem os saberes e as competências que lhes permitam romper com as debilidades e os constrangimentos dos meios de onde provêm.
Exige-se uma escola que prepare os alunos para o "outro mundo", mas também se necessita de uma esquerda mais ambiciosa e mais exigente.
Mas, a que temos é tão pouco ciosa do seu amor-próprio que até confia a chefia do governo a um chico-esperto que tem pautado a sua vida pública por esquemas e habilidades.


Vale a pena continuar a ler AQUI...
Uma interessante crónica de Rui Moreira que, a propósito do bullying, se socorre da concepção que Hanna Arendt tem do papel da escola, a quem compete, através do saber e da formação, estabelecer um corte com o mundo privado de origem do aluno, de forma a propiciar-lhe as capacitações e as experiências que lhe permitam transitar para o "outro mundo" da cidadania exigente, responsável e pautada por valores.
É fundamental que seja a escola a quebrar a circularidade nada virtuosa que afecta a argumentação daqueles que continuam reféns das teorias sociologizantes do handicap social e que, no essencial, acabam sempre incrustados ao paradigma da facilitação e da desresponsabilização, pactuando negligentemente com a reprodução e a perpetuação, por parte da escola, das condições pessoais que arruínam às gerações mais jovens as expectativas de mobilidade social.
De uma vez por todas, cientistas sociais e políticos, herdeiros de uma certa esquerda que denunciava intelectualmente, mas depois tolerava intramuros, quando não mesmo escondia ou agravava, nas suas práticas concretas de exercício do poder político, a existência de condições paupérrimas de vida de muitos dos seus concidadãos, devem libertar-se, tanto da concepção da escola como reflexo das mundividências e das práticas sociais, como de uma espécie de complacência ideológica face à indisciplina, ao desrespeito, à negligenciação de deveres e ao desprezo pelo valor do trabalho e do esforço.
Numa sociedade moderna  e democrática, a indisciplina, a resolução das situações pela violência, o desrespeito pelo outro, o cultivo da dependência não podem ser salvaguardados como condições, patrimónios ou traços identitários de quem quer que seja.
E a escola é a primeira instituição a não dever nem poder pactuar com este tipo de atitudes e de condutas, caso contrário a mesma reduzir-se-á a um mecanismo reprodutor e favorecedor das desigualdades sociais.
O país tem vivido sob a influência de uma esquerda que, no âmbito da educação, se tem deixado embalar pelas aparências da inclusão, a qual tem condenado muitos jovens a certificações de escolaridade, mas a que não correspondem os saberes e as competências que lhes permitam romper com as debilidades e os constrangimentos dos meios de onde provêm.
Exige-se uma escola que prepare os alunos para o "outro mundo", mas também se necessita de uma esquerda mais ambiciosa e mais exigente.
Mas, a que temos é tão pouco ciosa do seu amor-próprio que até confia a chefia do governo a um chico-esperto que tem pautado a sua vida pública por esquemas e habilidades.

marcar artigo