Octávio V. Gonçalves: Reforma à la Crato

22-01-2012
marcar artigo

Se depois da recauchutagem na ADD (agora RADD), do refrescamento (com sabor a laranja) das Novas Oportunidades, do encerra-que-é-para-manter das direções regionais de educação, da manutenção da Parque Escolar e do silêncio sobre a necessidade de um concurso nacional de professores, que permita corrigir distorções de seis anos de socratismo, seria extraordinário que ainda houvesse alguém a alimentar expetativas de poder vir a surpreender-se com a prometida reforma curricular, que, na linguagem enfezada (escassa ambição e não menor impreparação) do Cratês, leva a designação de Revisão da Estrutura Curricular.
Trata-se de um documento, sem que me sinta motivado a entrar na análise da tremoçada da pequena deslocalização e do detalhe de mais hora para aqui ou para ali, ao melhor estilo governativo de Crato: retoques pontuais que não desencadeiem grandes reações, trivialidades tímidas ao sabor do senso comum, deslocalizações e pequena contabilidade, desde que se poupe em professores e em outros custos associados.
Estamos perante uma reforma descida para a categoria de revisão pontual e que qualquer professor, provido de constatações comuns e minimamente conhecedor da estrutura e organização curricular vigente, empreenderia em trinta minutos de visualização e reflexão, à mesa de uma qualquer cafetaria.
A estes retoques circunstanciais, sem qualquer outra fundamentação que exceda a impressão geral e o opinanço quotidiano, ficam a faltar, além de um mais ousado aprofundamento da autonomia das escolas em termos de gestão curricular, as seguintes dimensões:
- referenciação de estudos, análises comparativas e fundamentações suportivas das mudanças propostas;
- ideias consistentes sobre percursos formativos, porque uma sociedade equilibrada não carece apenas de cientistas e de matemáticos, e uma redefinição robusta e operacionalizável do perfil de aluno do ensino básico e do ensino secundário;
- definição e afetação de tempos, espaços e recursos humanos para um efetivo (e avaliável, ao contrário da vergonha dos TAE's e dos TE's) apoio à preparação escolar dos alunos;
- reestruturação de ciclos e reorganização de anos de escolaridade;
- uma aposta séria e verdadeiramente qualificante e diferenciada no ensino tecnoprofissional.
Basta atentar na comparação entre o que está e o que este ministério da Educação se propõe mudar, para se perceber a extensão do acanhamento, da insegurança e da impreparação desta equipa ministerial:

Fonte: Público

As mexidas são tão picuinhas e tão óbvias que se torna difícil estar discordante relativamente ao essencial daquilo que é proposto.

Se depois da recauchutagem na ADD (agora RADD), do refrescamento (com sabor a laranja) das Novas Oportunidades, do encerra-que-é-para-manter das direções regionais de educação, da manutenção da Parque Escolar e do silêncio sobre a necessidade de um concurso nacional de professores, que permita corrigir distorções de seis anos de socratismo, seria extraordinário que ainda houvesse alguém a alimentar expetativas de poder vir a surpreender-se com a prometida reforma curricular, que, na linguagem enfezada (escassa ambição e não menor impreparação) do Cratês, leva a designação de Revisão da Estrutura Curricular.
Trata-se de um documento, sem que me sinta motivado a entrar na análise da tremoçada da pequena deslocalização e do detalhe de mais hora para aqui ou para ali, ao melhor estilo governativo de Crato: retoques pontuais que não desencadeiem grandes reações, trivialidades tímidas ao sabor do senso comum, deslocalizações e pequena contabilidade, desde que se poupe em professores e em outros custos associados.
Estamos perante uma reforma descida para a categoria de revisão pontual e que qualquer professor, provido de constatações comuns e minimamente conhecedor da estrutura e organização curricular vigente, empreenderia em trinta minutos de visualização e reflexão, à mesa de uma qualquer cafetaria.
A estes retoques circunstanciais, sem qualquer outra fundamentação que exceda a impressão geral e o opinanço quotidiano, ficam a faltar, além de um mais ousado aprofundamento da autonomia das escolas em termos de gestão curricular, as seguintes dimensões:
- referenciação de estudos, análises comparativas e fundamentações suportivas das mudanças propostas;
- ideias consistentes sobre percursos formativos, porque uma sociedade equilibrada não carece apenas de cientistas e de matemáticos, e uma redefinição robusta e operacionalizável do perfil de aluno do ensino básico e do ensino secundário;
- definição e afetação de tempos, espaços e recursos humanos para um efetivo (e avaliável, ao contrário da vergonha dos TAE's e dos TE's) apoio à preparação escolar dos alunos;
- reestruturação de ciclos e reorganização de anos de escolaridade;
- uma aposta séria e verdadeiramente qualificante e diferenciada no ensino tecnoprofissional.
Basta atentar na comparação entre o que está e o que este ministério da Educação se propõe mudar, para se perceber a extensão do acanhamento, da insegurança e da impreparação desta equipa ministerial:

Fonte: Público

As mexidas são tão picuinhas e tão óbvias que se torna difícil estar discordante relativamente ao essencial daquilo que é proposto.

marcar artigo