Octávio V. Gonçalves: O país do medo

25-01-2012
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Confessava-me, hoje, um jornalista que os professores contratados, por si contactados, têm medo de dar a cara e de falar para a comunicação social sobre a sua situação profissional e sobre as incidências injustas que os afectam, desde a arbitrariedade e a aleatoriedade com que se perverteu a graduação profissional, na sequência do 1º ciclo de avaliação, até à insegurança que marca o seu quotidiano escolar e à subjectividade das decisões que presidem às suas (não) reconduções.
Esta constatação é corroborada em outros domínios da vida  nacional, como ontem confessava o presidente da CIP, António Saraiva, em declarações ao Diário Económico, onde afirmava que a inibição das empresas, para se inscreverem na lista de credores do Estado, se fica a dever ao receio de retaliações.
Um regime/governação que castra ou limita as intervenções públicas dos cidadãos e das empresas na defesa dos seus direitos e da justiça, constitui o principal sintoma de um país asfixiado e apodrecido.
Estas situações, mesmo que suportadas na percepção subjectiva e na apreensão dos cidadãos, apenas são possíveis porque a democracia, o edifício legislativo, o sistema de justiça, a prepotência e o alvedrio governativos ou a estruturação das organizações permitem ou pactuam com a possibilidade de ocorrerem, quer dependências e submissões a pequenos poderes despóticos, quer interferências governamentais (as tais represálias e favorecimentos) à margem de regulamentos e leis que deviam garantir a todos os cidadãos um tratamento igual e absolutamente expectável à luz de critérios e normas imunes a desvios politicamente motivados.
Como tal, questionar se o medo dos cidadãos é real ou auto-induzido é uma abordagem meramente retórica e irrelevante, porque, na prática, existe a possibilidade, nestes exemplos referenciados, de o Director, no seu arbítrio, não os reconduzir ou prejudicá-los na escola, ou de o Estado socratizado retaliar as empresas que não aderem ao beija-mão, dificultando e inviabilizando processos, candidaturas, parcerias ou projectos.


Confessava-me, hoje, um jornalista que os professores contratados, por si contactados, têm medo de dar a cara e de falar para a comunicação social sobre a sua situação profissional e sobre as incidências injustas que os afectam, desde a arbitrariedade e a aleatoriedade com que se perverteu a graduação profissional, na sequência do 1º ciclo de avaliação, até à insegurança que marca o seu quotidiano escolar e à subjectividade das decisões que presidem às suas (não) reconduções.
Esta constatação é corroborada em outros domínios da vida  nacional, como ontem confessava o presidente da CIP, António Saraiva, em declarações ao Diário Económico, onde afirmava que a inibição das empresas, para se inscreverem na lista de credores do Estado, se fica a dever ao receio de retaliações.
Um regime/governação que castra ou limita as intervenções públicas dos cidadãos e das empresas na defesa dos seus direitos e da justiça, constitui o principal sintoma de um país asfixiado e apodrecido.
Estas situações, mesmo que suportadas na percepção subjectiva e na apreensão dos cidadãos, apenas são possíveis porque a democracia, o edifício legislativo, o sistema de justiça, a prepotência e o alvedrio governativos ou a estruturação das organizações permitem ou pactuam com a possibilidade de ocorrerem, quer dependências e submissões a pequenos poderes despóticos, quer interferências governamentais (as tais represálias e favorecimentos) à margem de regulamentos e leis que deviam garantir a todos os cidadãos um tratamento igual e absolutamente expectável à luz de critérios e normas imunes a desvios politicamente motivados.
Como tal, questionar se o medo dos cidadãos é real ou auto-induzido é uma abordagem meramente retórica e irrelevante, porque, na prática, existe a possibilidade, nestes exemplos referenciados, de o Director, no seu arbítrio, não os reconduzir ou prejudicá-los na escola, ou de o Estado socratizado retaliar as empresas que não aderem ao beija-mão, dificultando e inviabilizando processos, candidaturas, parcerias ou projectos.

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