Octávio V. Gonçalves: Rapidamente e a contento

22-01-2012
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Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, afirma, pela enésima vez, que o caso Freeport "vai ser rapidamente resolvido".
Não é que estas declarações introduzam alguma novidade sobre o desfecho expectável do caso Freeport, pois os portugueses mais atentos já interiorizaram que, entre nós, nem com flagrante delito o Ministério Público ousaria constituir arguido ou deduzir qualquer acusação contra altas figuras do Estado. Por exemplo, não se percebe onde reside o receio do Procurador-Geral da República em disponibilizar o seu despacho de arquivamento à comissão de Inquérito da Assembleia da República (ler aqui...), admitindo que as conversas escutadas a Sócrates são inócuas do ponto de vista criminal e, como tal, não têm qualquer relevo no plano judicial.
A novidade está, por um lado, na substituição de um limite temporal preciso para o fim do caso Freeport (como já aconteceu em anteriores verbalizações) por uma baliza mais adverbial ("rapidamente") que, tendo em conta a relação da justiça com prazos e limites temporais, tanto pode querer significar amanhã, no próximo mês ou daqui a cinco anos.
Mas, a maior novidade reside na confirmação de uma espécie de nexo de causalidade: sempre que Sócrates aparece confrontado, na comunicação social, com casos ou situações que o deixam ficar muito mal na fotografia da reputação pública, aí surge Cândida Almeida a querer dar a entender que das bandas do "Freeport", e naquilo que verdadeiramente importava esclarecer, não virá vento agreste, ficando tudo "rapidamente" em quietude.
Todavia e por mais "qualidade" de que a investigação se possa ter revestido, parece uma evidência que a "massa" saiu de Londres e que a justiça foi incapaz e incompetente para lhe seguir o rasto, persistindo sempre a dúvida sobre o seu real destino.


Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, afirma, pela enésima vez, que o caso Freeport "vai ser rapidamente resolvido".
Não é que estas declarações introduzam alguma novidade sobre o desfecho expectável do caso Freeport, pois os portugueses mais atentos já interiorizaram que, entre nós, nem com flagrante delito o Ministério Público ousaria constituir arguido ou deduzir qualquer acusação contra altas figuras do Estado. Por exemplo, não se percebe onde reside o receio do Procurador-Geral da República em disponibilizar o seu despacho de arquivamento à comissão de Inquérito da Assembleia da República (ler aqui...), admitindo que as conversas escutadas a Sócrates são inócuas do ponto de vista criminal e, como tal, não têm qualquer relevo no plano judicial.
A novidade está, por um lado, na substituição de um limite temporal preciso para o fim do caso Freeport (como já aconteceu em anteriores verbalizações) por uma baliza mais adverbial ("rapidamente") que, tendo em conta a relação da justiça com prazos e limites temporais, tanto pode querer significar amanhã, no próximo mês ou daqui a cinco anos.
Mas, a maior novidade reside na confirmação de uma espécie de nexo de causalidade: sempre que Sócrates aparece confrontado, na comunicação social, com casos ou situações que o deixam ficar muito mal na fotografia da reputação pública, aí surge Cândida Almeida a querer dar a entender que das bandas do "Freeport", e naquilo que verdadeiramente importava esclarecer, não virá vento agreste, ficando tudo "rapidamente" em quietude.
Todavia e por mais "qualidade" de que a investigação se possa ter revestido, parece uma evidência que a "massa" saiu de Londres e que a justiça foi incapaz e incompetente para lhe seguir o rasto, persistindo sempre a dúvida sobre o seu real destino.

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