‘Street Food’: negócio sobre rodas

25-09-2015
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As cores apelativas reflectem o sol do meio-dia que se faz sentir no Parque das Nações. Estacionado junto ao Oceanário, o carrinho de ‘street food' da Frua desperta curiosidade mas são poucos, àquela hora, os que se aproximam, apesar do calor. Turistas portugueses olham de longe para o vibrante ‘food truck' verde-fluorescente e framboesa onde os três sócios, todos com idades em torno dos 30 anos, preparam o seu produto.

A Frua não vende comida mas sim sumos naturais, de fruta, preparados na hora e a preços apelativos. Só quando uma família nórdica, de cabelo quase branco e um ligeiro escaldão, se aproxima para matar a sede com um sumo de laranja com gengibre é que a família portuguesa decide arriscar. "Os turistas são mais abertos a este tipo de conceito. Já estão mais habituados e não têm medo de experimentar. Os portugueses ainda se estão a adaptar", explica Vera Leiria, sócia da Frua.

O ‘food truck' de sumos de fruta é apenas um dos exemplos dos carros de comida de rua que se têm multiplicado pelas ruas das grandes cidades - sobretudo Lisboa e Porto - no último ano. São cerca de 40 as empresas associadas na Street Food Portugal, associação do sector, criada em Maio deste ano. E no último ano os conceitos de comida de rua passaram de 30 a 40 para mais de 100, refere Luís Rato, presidente da associação e fundador da KiosqueStreetFood, a fábrica de onde saem as motas Piaggio transformadas em autênticas montras de cores e diferentes produtos. "Devem existir entre 50 a 60 operadores de ‘street food' porque não contabilizamos os tradicionais vendedores ambulantes, como os vendedores de castanhas", frisa Luís Rato.

Apesar de despertarem olhares curiosos em Portugal estas motas não são novidade em cidades como Nova Iorque, em que é comum ver os apressados nova-iorquinos a pegar num cachorro-quente ou numa fatia de pizza e seguir em direcção ao seu destino. Portugal ainda precisa de se adaptar a este conceito de comer em pé, ou em andamento, defende Lucas Lopes, engenheiro civil, que criou o Chamos Hot Dog. O venezuelano, que veio para Portugal em Fevereiro de 2014 - o pais é madeirense- com a mulher e a filha pequena, lembra: "Os portugueses não estão habituados a comer na rua. Muitos por vergonha, outros porque acham que não temos higiene no que fazemos e a maioria é porque quer comer sentado a uma mesa" e, no caso da Chamos, ainda não foi dada a autorização para ter esplanada.

O crescimento tem sido de tal forma que as perspectivas de crescimento de facturação para os próximos quatro anos é de 20 a 25%, segundo as estimativas da associação. O negócio vale já 2,5 milhões de euros e a tendência é continuar a crescer. Um valor bastante reduzido, contudo, quando se compara com os dados globais: mais de 2,5 mil milhões de pessoas escolhem, todos os dias, comida de rua.

Procurar um negócio próprio

A origem do negócio é quase sempre a mesma: as empresas contactadas têm em comum, sobretudo, os seus fundadores. São jovens (menos de 40 anos), com profissões que não estão relacionadas com o sector da restauração, mas sentiram a necessidade - ou a vontade - de ter um negócio. Alguns, como os sócios da Frua - Vera é veterinária, Carina Oliveira, engenheira agro-ambiental e Carlos Relva, engenheiro florestal - deixaram os seus empregos para se dedicarem à comida de rua. "Tínhamos espírito empreendedor e vontade de ter uma coisa nossa. Considerámos que, em Lisboa, não havia oferta de fruta e sumos naturais e decidimos montar o negócio."

Já Pedro Henriques e Paula, da Hotdog in Style, lançaram o seu ‘food truck' de cachorros quentes mas mantiveram as profissões. Ele é licenciado em Direito e trabalha há 15 anos na área da Informática; ela está ligada ao ramo de penhores. "Para iniciar este projecto tivemos de colocar um colaborador, o que gerou um posto de trabalho. Trabalhamos os dois numa área que nada tem a ver com este negócio", refere Pedro Henriques.

O investimento inicial, estima Luís Rato, vai dos 10 mil aos 40 mil euros na mota ou no atrelado - por norma com formato da carrinha Volkswagen pão-de-forma -, a que se acrescentam depois custos com seguros, licenças, viatura de apoio quando necessária e ainda um gerador de electricidade, em extras que podem chegar aos 15 mil euros.

O gerador é um elemento ruidoso nos carros de comida de rua, embora os donos dos ‘food trucks' procurem escondê-los e mantê-los o mais afastados possível da sua mota. Mas, fora de festivais de comida de rua, são inevitáveis. Lucas Lopes refere, aliás, que esta é uma das principais dificuldades deste negócio. "Nos festivais o fornecimento eléctrico está incluído mas na rua é preciso ter um gerador ou baterias para trabalhar. A EDP pode autorizar o fornecimento de um ponto de electricidade sempre que se tenha a licença de ocupação de espaço público e que seja viável", explica. Mas o gerador tem custos: "No nosso caso, o custo das obras para contar com uma rede fixa é de 1.200 euros e é preciso renovar o pedido à EDP a cada 20 dias. Neste momento, estamos a gastar 350 euros mensais em gasolina para uso do gerador", conclui.

As cores apelativas reflectem o sol do meio-dia que se faz sentir no Parque das Nações. Estacionado junto ao Oceanário, o carrinho de ‘street food' da Frua desperta curiosidade mas são poucos, àquela hora, os que se aproximam, apesar do calor. Turistas portugueses olham de longe para o vibrante ‘food truck' verde-fluorescente e framboesa onde os três sócios, todos com idades em torno dos 30 anos, preparam o seu produto.

A Frua não vende comida mas sim sumos naturais, de fruta, preparados na hora e a preços apelativos. Só quando uma família nórdica, de cabelo quase branco e um ligeiro escaldão, se aproxima para matar a sede com um sumo de laranja com gengibre é que a família portuguesa decide arriscar. "Os turistas são mais abertos a este tipo de conceito. Já estão mais habituados e não têm medo de experimentar. Os portugueses ainda se estão a adaptar", explica Vera Leiria, sócia da Frua.

O ‘food truck' de sumos de fruta é apenas um dos exemplos dos carros de comida de rua que se têm multiplicado pelas ruas das grandes cidades - sobretudo Lisboa e Porto - no último ano. São cerca de 40 as empresas associadas na Street Food Portugal, associação do sector, criada em Maio deste ano. E no último ano os conceitos de comida de rua passaram de 30 a 40 para mais de 100, refere Luís Rato, presidente da associação e fundador da KiosqueStreetFood, a fábrica de onde saem as motas Piaggio transformadas em autênticas montras de cores e diferentes produtos. "Devem existir entre 50 a 60 operadores de ‘street food' porque não contabilizamos os tradicionais vendedores ambulantes, como os vendedores de castanhas", frisa Luís Rato.

Apesar de despertarem olhares curiosos em Portugal estas motas não são novidade em cidades como Nova Iorque, em que é comum ver os apressados nova-iorquinos a pegar num cachorro-quente ou numa fatia de pizza e seguir em direcção ao seu destino. Portugal ainda precisa de se adaptar a este conceito de comer em pé, ou em andamento, defende Lucas Lopes, engenheiro civil, que criou o Chamos Hot Dog. O venezuelano, que veio para Portugal em Fevereiro de 2014 - o pais é madeirense- com a mulher e a filha pequena, lembra: "Os portugueses não estão habituados a comer na rua. Muitos por vergonha, outros porque acham que não temos higiene no que fazemos e a maioria é porque quer comer sentado a uma mesa" e, no caso da Chamos, ainda não foi dada a autorização para ter esplanada.

O crescimento tem sido de tal forma que as perspectivas de crescimento de facturação para os próximos quatro anos é de 20 a 25%, segundo as estimativas da associação. O negócio vale já 2,5 milhões de euros e a tendência é continuar a crescer. Um valor bastante reduzido, contudo, quando se compara com os dados globais: mais de 2,5 mil milhões de pessoas escolhem, todos os dias, comida de rua.

Procurar um negócio próprio

A origem do negócio é quase sempre a mesma: as empresas contactadas têm em comum, sobretudo, os seus fundadores. São jovens (menos de 40 anos), com profissões que não estão relacionadas com o sector da restauração, mas sentiram a necessidade - ou a vontade - de ter um negócio. Alguns, como os sócios da Frua - Vera é veterinária, Carina Oliveira, engenheira agro-ambiental e Carlos Relva, engenheiro florestal - deixaram os seus empregos para se dedicarem à comida de rua. "Tínhamos espírito empreendedor e vontade de ter uma coisa nossa. Considerámos que, em Lisboa, não havia oferta de fruta e sumos naturais e decidimos montar o negócio."

Já Pedro Henriques e Paula, da Hotdog in Style, lançaram o seu ‘food truck' de cachorros quentes mas mantiveram as profissões. Ele é licenciado em Direito e trabalha há 15 anos na área da Informática; ela está ligada ao ramo de penhores. "Para iniciar este projecto tivemos de colocar um colaborador, o que gerou um posto de trabalho. Trabalhamos os dois numa área que nada tem a ver com este negócio", refere Pedro Henriques.

O investimento inicial, estima Luís Rato, vai dos 10 mil aos 40 mil euros na mota ou no atrelado - por norma com formato da carrinha Volkswagen pão-de-forma -, a que se acrescentam depois custos com seguros, licenças, viatura de apoio quando necessária e ainda um gerador de electricidade, em extras que podem chegar aos 15 mil euros.

O gerador é um elemento ruidoso nos carros de comida de rua, embora os donos dos ‘food trucks' procurem escondê-los e mantê-los o mais afastados possível da sua mota. Mas, fora de festivais de comida de rua, são inevitáveis. Lucas Lopes refere, aliás, que esta é uma das principais dificuldades deste negócio. "Nos festivais o fornecimento eléctrico está incluído mas na rua é preciso ter um gerador ou baterias para trabalhar. A EDP pode autorizar o fornecimento de um ponto de electricidade sempre que se tenha a licença de ocupação de espaço público e que seja viável", explica. Mas o gerador tem custos: "No nosso caso, o custo das obras para contar com uma rede fixa é de 1.200 euros e é preciso renovar o pedido à EDP a cada 20 dias. Neste momento, estamos a gastar 350 euros mensais em gasolina para uso do gerador", conclui.

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