Sacanas e Sentimentais: memórias 10

01-07-2011
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senhornão acredito em ti masobrigado por me teres dadoa poesiaposso acreditar nelaporque me faladas vidas que se perdemdos homens em geraltu sabes como nos fizesteperdoo-te porque ao ser poetatambém quero criare condenoas minhas obras a viverdesculpa-me tu a imodéstiamas entre camaradasvê como te estou a incluir numaesfera socialmas entre camaradasnão deve haver ressentimentostambém sabes somo loucostu porque me fizesteeu porque te faço em cada momentote erijo igrejasme esqueço de ti quando me pedeste obrigo a existir quando te peçono outro dia fiz-te um concíliopara discutir as tuas razõesisto faz-me lembrar uma formigaque chama gigantes aos anõese olha a coisa não deu nadaparece-me não tenho lido os jornaisultimamente que os homens continuam a matar-seeu também os mato mas nessa altura não sou euabdico de mim e mando a minha cargapara as tuas costasnós estávamos tão bem no paraísolembras-te das suecadas que batíamos durante a noiteé isso o raio desse teu espírito irrequietotenho a certeza de que no-lo deixaste porquete era incómodose um dia te deres ao trabalho de olharcá para baixonão te esqueças de por uma roda dentadaem lugar do coraçãose o não fizeres vão enganar-tee subjugar até que te tornes uma máquinacomo euos homens são já tão evoluídosque nem discutemcontabilizampor isso te estou a dizer que sejasesperto e não te deixes embarrilarpor aqueles que dizem que acreditam em tise não te importas vou deixar de te escreveré que não te acredito nem posso compreendera tua tão estranha maneira de serpor todos os séculos dos séculosaleluia Bissau, Setembro de 1968


senhornão acredito em ti masobrigado por me teres dadoa poesiaposso acreditar nelaporque me faladas vidas que se perdemdos homens em geraltu sabes como nos fizesteperdoo-te porque ao ser poetatambém quero criare condenoas minhas obras a viverdesculpa-me tu a imodéstiamas entre camaradasvê como te estou a incluir numaesfera socialmas entre camaradasnão deve haver ressentimentostambém sabes somo loucostu porque me fizesteeu porque te faço em cada momentote erijo igrejasme esqueço de ti quando me pedeste obrigo a existir quando te peçono outro dia fiz-te um concíliopara discutir as tuas razõesisto faz-me lembrar uma formigaque chama gigantes aos anõese olha a coisa não deu nadaparece-me não tenho lido os jornaisultimamente que os homens continuam a matar-seeu também os mato mas nessa altura não sou euabdico de mim e mando a minha cargapara as tuas costasnós estávamos tão bem no paraísolembras-te das suecadas que batíamos durante a noiteé isso o raio desse teu espírito irrequietotenho a certeza de que no-lo deixaste porquete era incómodose um dia te deres ao trabalho de olharcá para baixonão te esqueças de por uma roda dentadaem lugar do coraçãose o não fizeres vão enganar-tee subjugar até que te tornes uma máquinacomo euos homens são já tão evoluídosque nem discutemcontabilizampor isso te estou a dizer que sejasesperto e não te deixes embarrilarpor aqueles que dizem que acreditam em tise não te importas vou deixar de te escreveré que não te acredito nem posso compreendera tua tão estranha maneira de serpor todos os séculos dos séculosaleluia Bissau, Setembro de 1968

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