É possível Portugal ser competitivo no euro?

01-09-2015
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Ricardo Reis diz que a pertença ao euro não é um constrangimento mas uma vantagem. A união monetária “dá acesso a um mercado de capitais mais vasto que permite às empresas competitivas conseguirem crescer muito mais depressa”, não obstante “esse mercado de capitais vir com riscos, e os eventos de 2010 são um bom exemplo deles”.

É possível Portugal ser competitivo? Ricardo Reis sugere uma pergunta formulada de forma diferente: “Uma forma diferente de pôr a questão é se um Portugal como o de 2000, que se recusava a fazer certas reformas e preferia defender-se de alguma concorrência internacional do que enfrentá-la, não pode ser competitivo no euro”. “Um Portugal reformado pode sê-lo“, remata o professor da Columbia University.

João Ferreira do Amaral, em contraste, defende que “competir no mercado global, com um câmbio inadequado e com políticas que não nos servem porque não são definidas por nós, é, pura e simplesmente, impossível“. Esta convicção de que Portugal “deve sair do euro, o quanto antes” apenas tem equivalente no Partido Comunista, entre os principais partidos que se apresentam às eleições de 4 de outubro.

O partido liderado por Jerónimo de Sousa é o único que defende, claramente, a saída do euro. O Partido Comunista quer “romper com as dependências externas, reduzir os défices estruturais e recuperar um desenvolvimento soberano. O que exige a renegociação da dívida nos prazos, juros e montantes, a intervenção com vista ao desmantelamento da União Económica e Monetária, e o estudo e a preparação para a libertação do País da submissão ao euro, visando recuperar instrumentos centrais de Estado soberano (monetário, orçamental, cambial)”.

Já o Bloco de Esquerda, no seu programa, critica uma “arquitetura da moeda única [que] criou uma autoridade sobre a política monetária e cambial que retira aos Estados os instrumentos mais importantes de ação económica”. Para o partido liderado por Catarina Martins, “sob as atuais regras europeias, a possibilidade do controlo de capitais é reduzida a breves momentos excecionais e não é possível o controlo público da banca ou de indústrias, ou um programa para o pleno emprego”. É por isso que o partido pede “desobediência, em nome da soberania“.

Por seu lado, o Partido Livre diz que, “por ter sido criada com base num desenho institucional deficiente, a nova moeda única desencadeou dinâmicas de divergência que explicam não só o sobre-endividamento das periferias, como a incapacidade de resposta à crise financeira e a própria crise do euro. Na realidade, a crise do euro, hoje tão profunda, está a comprometer a própria viabilidade do projeto de Europa de democracia, prosperidade e justiça social a que os portugueses aderiram em 1986″. Ainda assim, o partido diz que quer um “relançamento da economia pensado não apenas numa perspetiva nacional, mas também europeia”. Revogar o Tratado Orçamental e renegociar a dívida são algumas das exigências do Livre.

No programa eleitoral, o Partido Socialista escreve que, “como Estado-membro da União Europeia, Portugal tem várias das suas opções políticas fundamentais associadas a decisões que hoje são tomadas pela União no seu conjunto. O que é um constrangimento inerente, em particular, à participação na União Económica e Monetária e à partilha de uma moeda comum representa também uma enorme vantagem“. A equipa de António Costa sublinha, contudo, que “para capitalizar essa vantagem, a atitude das autoridades portuguesas tem de ser ativa e empenhada, fazendo-se ouvir em Bruxelas, defendendo em Bruxelas os nossos interesses próprios e contribuindo também para a mudança ao nível europeu em favor da economia, do investimento e do emprego”.

Em entrevista à revista Visão, publicada a 13 de agosto, António Costa disse que “seria um erro enorme” abandonar a zona euro. O Partido Socialista, diz António Costa na mesma entrevista, tem um “plano A que é o de cumprir com todas as exigências e compromissos internacionais com Bruxelas, nomeadamente cumprir as metas do défice e da dívida. Mas temos um plano B, que é o de negociar a alteração das regras europeias”. “Mas não partimos à aventura, tomando por certo que tudo depende de uma negociação”, conclui o líder socialista.

A coligação PSD/CDS, por fim, defende que as “relações com os nossos parceiros da União Europeia (UE) fazem da nossa política europeia um pilar central da política externa portuguesa”. Para Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, “interessa a Portugal estar presente em todos os novos desenvolvimentos de natureza institucional, porque só assim se atenuam as desvantagens inerentes à ocupação da periferia geográfica da Europa”.

Ricardo Reis diz que a pertença ao euro não é um constrangimento mas uma vantagem. A união monetária “dá acesso a um mercado de capitais mais vasto que permite às empresas competitivas conseguirem crescer muito mais depressa”, não obstante “esse mercado de capitais vir com riscos, e os eventos de 2010 são um bom exemplo deles”.

É possível Portugal ser competitivo? Ricardo Reis sugere uma pergunta formulada de forma diferente: “Uma forma diferente de pôr a questão é se um Portugal como o de 2000, que se recusava a fazer certas reformas e preferia defender-se de alguma concorrência internacional do que enfrentá-la, não pode ser competitivo no euro”. “Um Portugal reformado pode sê-lo“, remata o professor da Columbia University.

João Ferreira do Amaral, em contraste, defende que “competir no mercado global, com um câmbio inadequado e com políticas que não nos servem porque não são definidas por nós, é, pura e simplesmente, impossível“. Esta convicção de que Portugal “deve sair do euro, o quanto antes” apenas tem equivalente no Partido Comunista, entre os principais partidos que se apresentam às eleições de 4 de outubro.

O partido liderado por Jerónimo de Sousa é o único que defende, claramente, a saída do euro. O Partido Comunista quer “romper com as dependências externas, reduzir os défices estruturais e recuperar um desenvolvimento soberano. O que exige a renegociação da dívida nos prazos, juros e montantes, a intervenção com vista ao desmantelamento da União Económica e Monetária, e o estudo e a preparação para a libertação do País da submissão ao euro, visando recuperar instrumentos centrais de Estado soberano (monetário, orçamental, cambial)”.

Já o Bloco de Esquerda, no seu programa, critica uma “arquitetura da moeda única [que] criou uma autoridade sobre a política monetária e cambial que retira aos Estados os instrumentos mais importantes de ação económica”. Para o partido liderado por Catarina Martins, “sob as atuais regras europeias, a possibilidade do controlo de capitais é reduzida a breves momentos excecionais e não é possível o controlo público da banca ou de indústrias, ou um programa para o pleno emprego”. É por isso que o partido pede “desobediência, em nome da soberania“.

Por seu lado, o Partido Livre diz que, “por ter sido criada com base num desenho institucional deficiente, a nova moeda única desencadeou dinâmicas de divergência que explicam não só o sobre-endividamento das periferias, como a incapacidade de resposta à crise financeira e a própria crise do euro. Na realidade, a crise do euro, hoje tão profunda, está a comprometer a própria viabilidade do projeto de Europa de democracia, prosperidade e justiça social a que os portugueses aderiram em 1986″. Ainda assim, o partido diz que quer um “relançamento da economia pensado não apenas numa perspetiva nacional, mas também europeia”. Revogar o Tratado Orçamental e renegociar a dívida são algumas das exigências do Livre.

No programa eleitoral, o Partido Socialista escreve que, “como Estado-membro da União Europeia, Portugal tem várias das suas opções políticas fundamentais associadas a decisões que hoje são tomadas pela União no seu conjunto. O que é um constrangimento inerente, em particular, à participação na União Económica e Monetária e à partilha de uma moeda comum representa também uma enorme vantagem“. A equipa de António Costa sublinha, contudo, que “para capitalizar essa vantagem, a atitude das autoridades portuguesas tem de ser ativa e empenhada, fazendo-se ouvir em Bruxelas, defendendo em Bruxelas os nossos interesses próprios e contribuindo também para a mudança ao nível europeu em favor da economia, do investimento e do emprego”.

Em entrevista à revista Visão, publicada a 13 de agosto, António Costa disse que “seria um erro enorme” abandonar a zona euro. O Partido Socialista, diz António Costa na mesma entrevista, tem um “plano A que é o de cumprir com todas as exigências e compromissos internacionais com Bruxelas, nomeadamente cumprir as metas do défice e da dívida. Mas temos um plano B, que é o de negociar a alteração das regras europeias”. “Mas não partimos à aventura, tomando por certo que tudo depende de uma negociação”, conclui o líder socialista.

A coligação PSD/CDS, por fim, defende que as “relações com os nossos parceiros da União Europeia (UE) fazem da nossa política europeia um pilar central da política externa portuguesa”. Para Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, “interessa a Portugal estar presente em todos os novos desenvolvimentos de natureza institucional, porque só assim se atenuam as desvantagens inerentes à ocupação da periferia geográfica da Europa”.

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