PS responde a BE: ideia de apresentar novo Orçamento é "irrealista, impossível" e causa "tremenda estranheza"

21-10-2020
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Política PS responde a BE: ideia de apresentar novo Orçamento é "irrealista, impossível" e causa "tremenda estranheza" 20.10.2020 às 16h06 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Linkedin Pinterest Link: ANTÓNIO COTRIM Depois de uma entrevista em que Catarina Martins defendeu que o chumbo do Orçamento não tem de levar a uma crise política (nem a uma governação por duodécimos), PS veio responder. Momento é de pressão: as negociações à esquerda são retomadas esta terça-feira Mariana Lima Cunha Jornalista “Estranheza”. É este o sentimento que o PS diz ter sentido ao ouvir a entrevista de Catarina Martins ao “Observador” esta terça-feira, a horas de começar uma nova ronda negocial à esquerda. No Parlamento, a líder da bancada socialista, Ana Catarina Mendes, mostrou-se indignada com as afirmações da coordenadora bloquista, que defende que o Orçamento continua a ser insuficiente e que, se não houver condições para a sua aprovação, o Governo terá de apresentar uma nova proposta - um reparo que para o PS causa a tal “estranheza” e que “parece irrealista e impossível”. O momento é, para os dois lados, de pressão: pouco antes de nova reunião, e num momento de alta tensão entre os dois partidos, tanto Bloco de Esquerda como PS apostam as fichas em passar a responsabilidade para o outro lado e tentar provar a razoabilidade dos seus argumentos. Por isso mesmo, depois de Catarina Martins ter explorado as limitações do documento nas quatro áreas que o BE estabelece como prioritárias - SNS, Novo Banco, nova prestação social e emprego - Ana Catarina Mendes veio lembrar que em todos esses pilares há avanços: a proposta de Orçamento do Governo promete um “SNS reforçado”, cria um apoio para quem perdeu os rendimentos e “garante que o Fundo de Resolução não tem dinheiro público”. “É extraordinário”, assim, que o BE mantenha que as suas exigências não estão a ter resposta, insistiu a líder parlamentar. A verdade está algures no meio: estas questões estão inscritas no Orçamento e são em boa medida respostas às reivindicações do Bloco; por outro lado, o que o partido de Catarina Martins diz é que é preciso olhar para as letras pequenas, garantindo que nas condições e moldes atuais as medidas relativas ao emprego e a nova prestação ficam esvaziadas e com uma abrangência reduzida. O Novo Banco, por outro lado, passa a ser financiado por empréstimo da banca - mas para o Bloco isso não chega, uma vez que o empréstimo é feito ao Fundo de Resolução, um mecanismo do Estado que fica assim endividado. Para o PS, as declarações de Catarina Martins - que voltou a recordar que, nestes moldes, o BE não viabilizará o documento - não acontecem esta terça-feira “por acaso”, ou seja, é dia de fazer pressão pré-negocial. E é nessas mesmas declarações que a líder da banca encontra motivos para “estranheza” ou até para “absoluta estranheza”, expressão que repetiu por diversas vezes no Parlamento. Um dos motivos é que, na mesma entrevista, Catarina Martins considerou o cenário de governar o país sem Orçamento e por duodécimos uma “irresponsabilidade”, mas a hipótese tinha sido avançada há semanas pelo bloquista José Manuel Pureza. Por isso, com ironia, Ana Catarina Mendes constatou com a tal “estranheza” mas também com “satisfação” que o partido já abandonou essa ideia. Por outro lado, também “estranhou” que o partido tenha “inventado à última hora a necessidade de um novo Orçamento”, por ter ouvido Catarina Martins dizer que, se este Orçamento não for aprovado, a alternativa será o Governo apresentar um novo documento e não recorrer aos duodécimos. As negociações prosseguem durante esta terça e quarta-feira com BE, PCP, PAN e PEV, os partidos com quem o primeiro-ministro tem dito estar disposto a negociar. Até agora, nenhum garante a sua viabilização. A primeira votação, na generalidade, está marcada para dia 28 de outubro; a final, depois da especialidade (se lá chegar), será no dia 26 de novembro.

Política PS responde a BE: ideia de apresentar novo Orçamento é "irrealista, impossível" e causa "tremenda estranheza" 20.10.2020 às 16h06 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Linkedin Pinterest Link: ANTÓNIO COTRIM Depois de uma entrevista em que Catarina Martins defendeu que o chumbo do Orçamento não tem de levar a uma crise política (nem a uma governação por duodécimos), PS veio responder. Momento é de pressão: as negociações à esquerda são retomadas esta terça-feira Mariana Lima Cunha Jornalista “Estranheza”. É este o sentimento que o PS diz ter sentido ao ouvir a entrevista de Catarina Martins ao “Observador” esta terça-feira, a horas de começar uma nova ronda negocial à esquerda. No Parlamento, a líder da bancada socialista, Ana Catarina Mendes, mostrou-se indignada com as afirmações da coordenadora bloquista, que defende que o Orçamento continua a ser insuficiente e que, se não houver condições para a sua aprovação, o Governo terá de apresentar uma nova proposta - um reparo que para o PS causa a tal “estranheza” e que “parece irrealista e impossível”. O momento é, para os dois lados, de pressão: pouco antes de nova reunião, e num momento de alta tensão entre os dois partidos, tanto Bloco de Esquerda como PS apostam as fichas em passar a responsabilidade para o outro lado e tentar provar a razoabilidade dos seus argumentos. Por isso mesmo, depois de Catarina Martins ter explorado as limitações do documento nas quatro áreas que o BE estabelece como prioritárias - SNS, Novo Banco, nova prestação social e emprego - Ana Catarina Mendes veio lembrar que em todos esses pilares há avanços: a proposta de Orçamento do Governo promete um “SNS reforçado”, cria um apoio para quem perdeu os rendimentos e “garante que o Fundo de Resolução não tem dinheiro público”. “É extraordinário”, assim, que o BE mantenha que as suas exigências não estão a ter resposta, insistiu a líder parlamentar. A verdade está algures no meio: estas questões estão inscritas no Orçamento e são em boa medida respostas às reivindicações do Bloco; por outro lado, o que o partido de Catarina Martins diz é que é preciso olhar para as letras pequenas, garantindo que nas condições e moldes atuais as medidas relativas ao emprego e a nova prestação ficam esvaziadas e com uma abrangência reduzida. O Novo Banco, por outro lado, passa a ser financiado por empréstimo da banca - mas para o Bloco isso não chega, uma vez que o empréstimo é feito ao Fundo de Resolução, um mecanismo do Estado que fica assim endividado. Para o PS, as declarações de Catarina Martins - que voltou a recordar que, nestes moldes, o BE não viabilizará o documento - não acontecem esta terça-feira “por acaso”, ou seja, é dia de fazer pressão pré-negocial. E é nessas mesmas declarações que a líder da banca encontra motivos para “estranheza” ou até para “absoluta estranheza”, expressão que repetiu por diversas vezes no Parlamento. Um dos motivos é que, na mesma entrevista, Catarina Martins considerou o cenário de governar o país sem Orçamento e por duodécimos uma “irresponsabilidade”, mas a hipótese tinha sido avançada há semanas pelo bloquista José Manuel Pureza. Por isso, com ironia, Ana Catarina Mendes constatou com a tal “estranheza” mas também com “satisfação” que o partido já abandonou essa ideia. Por outro lado, também “estranhou” que o partido tenha “inventado à última hora a necessidade de um novo Orçamento”, por ter ouvido Catarina Martins dizer que, se este Orçamento não for aprovado, a alternativa será o Governo apresentar um novo documento e não recorrer aos duodécimos. As negociações prosseguem durante esta terça e quarta-feira com BE, PCP, PAN e PEV, os partidos com quem o primeiro-ministro tem dito estar disposto a negociar. Até agora, nenhum garante a sua viabilização. A primeira votação, na generalidade, está marcada para dia 28 de outubro; a final, depois da especialidade (se lá chegar), será no dia 26 de novembro.

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