averomundo: Vontade de vomitar

05-07-2011
marcar artigo


Pulido Valente, na crónica de hoje no Público, fala do desinteresse que parece grassar na opinião publicada e na comunicação social nacionais pela crise financeira mundial. Atribui esse desinteresse à nossa eterna miséria, à incapacidade de percebermos tudo o que tenha mais de três números. É possível que tenha razão. Mas também é possível que estejamos perante uma resposta mais pragmática: que mão poderemos ter na crise que não provocámos? Todos sabemos a resposta: nenhuma. Então, para quê um excesso de preocupação, mesmo que o barco se esteja a afundar? A experiência da nossa miséria, experiência que obsidia Pulido Valente, é antes de mais a experiência da impotência colectiva. Raramente somos os senhores do nosso destino. Tudo o que é essencial se decide onde não estamos e mesmo o que se decide por cá decide-se onde a maioria não se encontra. É fácil a meia dúzia de janotas, que leram umas tretas sobre livre-arbítrio e umas linhas sobre a livre iniciativa, acusar meio mundo de incapacidade de sobreviver sem o apoio ou a âncora do Estado. O que não é fácil a essa meia dúzia é perceber a longa história que nos formatou e que tolheu qualquer espírito de iniciativa e que lhes dá a possibilidade de ganhar dinheiro à custa das idiotices que põem da boca para fora. Quando leio a maior parte dos comentadores tenho vontade de vomitar. É evidente que não incluo aqui Pulido Valente, o único que verdadeiramente vale a pena ler.


Pulido Valente, na crónica de hoje no Público, fala do desinteresse que parece grassar na opinião publicada e na comunicação social nacionais pela crise financeira mundial. Atribui esse desinteresse à nossa eterna miséria, à incapacidade de percebermos tudo o que tenha mais de três números. É possível que tenha razão. Mas também é possível que estejamos perante uma resposta mais pragmática: que mão poderemos ter na crise que não provocámos? Todos sabemos a resposta: nenhuma. Então, para quê um excesso de preocupação, mesmo que o barco se esteja a afundar? A experiência da nossa miséria, experiência que obsidia Pulido Valente, é antes de mais a experiência da impotência colectiva. Raramente somos os senhores do nosso destino. Tudo o que é essencial se decide onde não estamos e mesmo o que se decide por cá decide-se onde a maioria não se encontra. É fácil a meia dúzia de janotas, que leram umas tretas sobre livre-arbítrio e umas linhas sobre a livre iniciativa, acusar meio mundo de incapacidade de sobreviver sem o apoio ou a âncora do Estado. O que não é fácil a essa meia dúzia é perceber a longa história que nos formatou e que tolheu qualquer espírito de iniciativa e que lhes dá a possibilidade de ganhar dinheiro à custa das idiotices que põem da boca para fora. Quando leio a maior parte dos comentadores tenho vontade de vomitar. É evidente que não incluo aqui Pulido Valente, o único que verdadeiramente vale a pena ler.

marcar artigo