Fusão da Suma com a EGF prevê excedente de 25% de trabalhadores

07-06-2015
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Fusão da Suma com a EGF prevê excedente de 25% de trabalhadores

05 Jun 2015 Ana Maria Gonçalves

O desfecho da operação de concentração, que contempla ainda a redução das 11 empresas do universo da EGF para apenas cinco, aguarda luz verde da Autoridade da Concorrência.

A Suma, consórcio constituído pela Mota-Engil e pelos espanhóis da Urbaser, prevê a integração das suas actividades de resíduos com as da Empresa Geral de Fomento (EGF) num horizonte de cinco anos, a realizar até 2020, e aponta para um excedente de recursos humanos de 25%. A EGF emprega actualmente 1.840 trabalhadores.

Os dados constam da documentação na posse da Parpública, a que a Câmara de Loures teve acesso, por decisão judicial.

O projecto de fusão, que passa pela redução das actuais 11 empresas da EGF em apenas cinco, aguarda apenas a luz verde da Autoridade da Concorrência (AdC), cuja decisão está prevista para os próximos dias.

O ministro do Ambiente, Moreira da Silva, já fez saber que este trabalho deverá ficar concluído em Junho, permitindo assim ao Estado arrecadar os 150 milhões de euros da venda do capital da EGF, negócio que tem sido contestado pelas autarquias que integram o capital destas 11 empresas.

Do novo figurino traçado pelo vencedor da privatização da EGF consta a criação de um mega agrupamento. É o caso da junção da Valorsul, responsável pela pelo tratamento e valorização dos resíduos da Grande Lisboa e da região do Oeste, com a Amarsul, concessionária da área da Península de Setúbal.

Alteração societária que as autarquias envolvidas contestam. Em declarações ao Diário Económico, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, diz que o alargamento dos sistemas multimunicipais carece da aprovação dos accionistas minoritários, a qual não será dada.

Ao Diário Económico, fonte oficial da EGF explicou que "qualquer fusão só poderá ser concretizada com a anuência do concedente [Estado] e dos municípios".

Além desta, está prevista a integração da Valorminho, Resinorte e Resulima; ERSUL, Valorlis e Suldouro; bem como a Resistrela e Valnor. A quinta empresa resume-se à Algar, no Algarve.

Outro dos pontos críticos é a concretização do Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos, que se encontra alinhado com objectivos comunitários.

Bernardino Soares alerta para a proposta da Suma de deixar cair a construção da central de tratamento mecânico e biológico do Oeste, destinada a cumprir as metas de reciclagem e de desvios orgânicos do aterro, optando por investir na construção de uma quarta linha de incineração em S. João da Talha. Um projecto orçado em cerca de 90 milhões de euros.

Esta infra-estrutura constitui já hoje a principal fonte de receitas da Valorsul por via da produção de energia, fruto de uma tarifa subsidiada, a qual o Governo decidiu manter nos próximos anos. Só no último ano, a venda de electricidade rendeu à Valorsul 24,2 milhões de euros.

Este projecto terá, contudo, de reunir sempre o aval do município de Loures, da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), Agência Portuguesa do Ambiente e do Governo.

Ao Diário Económico, fonte oficial da EGF destacou que uma eventual quarta linha não "comprometerá nunca os objectivos de serviço público e determinados no Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos, os quais estão vertidos nos contratos de concessão".

A Câmara de Loures, em documento enviado a 1 de Junho à AdC defende ainda o envolvimento da ERSAR no processo de decisão devido ao impacto que a integração dos negócios poderá ter nas tarifas pagas pelos consumidores.

Desde Março sobe escrutínio aprofundado da AdC, a operação de concentração entre a Suma e a EGF deverá ser aprovada apenas com algumas ressalvas na área dos resíduos em baixa [recolha de lixo junto das populações e respectivo transporte], avançaram ao Diário Económico várias fontes ligadas ao processo. Informação que é negada pela entidade presidida por Ferreira Gomes "Trata-se de pura especulação, neste momento não foi tomada nenhuma decisão", afirmou fonte oficial da AdC.

A Mota-Engil recusou-se a comentar.

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Fusão da Suma com a EGF prevê excedente de 25% de trabalhadores

05 Jun 2015 Ana Maria Gonçalves

O desfecho da operação de concentração, que contempla ainda a redução das 11 empresas do universo da EGF para apenas cinco, aguarda luz verde da Autoridade da Concorrência.

A Suma, consórcio constituído pela Mota-Engil e pelos espanhóis da Urbaser, prevê a integração das suas actividades de resíduos com as da Empresa Geral de Fomento (EGF) num horizonte de cinco anos, a realizar até 2020, e aponta para um excedente de recursos humanos de 25%. A EGF emprega actualmente 1.840 trabalhadores.

Os dados constam da documentação na posse da Parpública, a que a Câmara de Loures teve acesso, por decisão judicial.

O projecto de fusão, que passa pela redução das actuais 11 empresas da EGF em apenas cinco, aguarda apenas a luz verde da Autoridade da Concorrência (AdC), cuja decisão está prevista para os próximos dias.

O ministro do Ambiente, Moreira da Silva, já fez saber que este trabalho deverá ficar concluído em Junho, permitindo assim ao Estado arrecadar os 150 milhões de euros da venda do capital da EGF, negócio que tem sido contestado pelas autarquias que integram o capital destas 11 empresas.

Do novo figurino traçado pelo vencedor da privatização da EGF consta a criação de um mega agrupamento. É o caso da junção da Valorsul, responsável pela pelo tratamento e valorização dos resíduos da Grande Lisboa e da região do Oeste, com a Amarsul, concessionária da área da Península de Setúbal.

Alteração societária que as autarquias envolvidas contestam. Em declarações ao Diário Económico, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, diz que o alargamento dos sistemas multimunicipais carece da aprovação dos accionistas minoritários, a qual não será dada.

Ao Diário Económico, fonte oficial da EGF explicou que "qualquer fusão só poderá ser concretizada com a anuência do concedente [Estado] e dos municípios".

Além desta, está prevista a integração da Valorminho, Resinorte e Resulima; ERSUL, Valorlis e Suldouro; bem como a Resistrela e Valnor. A quinta empresa resume-se à Algar, no Algarve.

Outro dos pontos críticos é a concretização do Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos, que se encontra alinhado com objectivos comunitários.

Bernardino Soares alerta para a proposta da Suma de deixar cair a construção da central de tratamento mecânico e biológico do Oeste, destinada a cumprir as metas de reciclagem e de desvios orgânicos do aterro, optando por investir na construção de uma quarta linha de incineração em S. João da Talha. Um projecto orçado em cerca de 90 milhões de euros.

Esta infra-estrutura constitui já hoje a principal fonte de receitas da Valorsul por via da produção de energia, fruto de uma tarifa subsidiada, a qual o Governo decidiu manter nos próximos anos. Só no último ano, a venda de electricidade rendeu à Valorsul 24,2 milhões de euros.

Este projecto terá, contudo, de reunir sempre o aval do município de Loures, da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), Agência Portuguesa do Ambiente e do Governo.

Ao Diário Económico, fonte oficial da EGF destacou que uma eventual quarta linha não "comprometerá nunca os objectivos de serviço público e determinados no Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos, os quais estão vertidos nos contratos de concessão".

A Câmara de Loures, em documento enviado a 1 de Junho à AdC defende ainda o envolvimento da ERSAR no processo de decisão devido ao impacto que a integração dos negócios poderá ter nas tarifas pagas pelos consumidores.

Desde Março sobe escrutínio aprofundado da AdC, a operação de concentração entre a Suma e a EGF deverá ser aprovada apenas com algumas ressalvas na área dos resíduos em baixa [recolha de lixo junto das populações e respectivo transporte], avançaram ao Diário Económico várias fontes ligadas ao processo. Informação que é negada pela entidade presidida por Ferreira Gomes "Trata-se de pura especulação, neste momento não foi tomada nenhuma decisão", afirmou fonte oficial da AdC.

A Mota-Engil recusou-se a comentar.

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