Fiel Inimigo: Os inimigos da Revolução

28-01-2012
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A revolução bolivariana já leva quase uma década, e vai desembocando a passo de ganso no pântano onde costumam atolar-se as engenharias sociais socialistas (inflação galopante, escassez de produtos básicos, mercado negro, queda do investimento estrangeiro, progressiva descrença dos cidadãos e paradoxal enriquecimento da nomenklatura de serviço.)Os porcos triunfam, garante a fábula orwelliana.A resposta suina está também no guião: perseguição dos inimigos internos, feitos responsáveis pela falência das grandiosas ideias socialistas, doses cavalares de propaganda e, in extremis, a invocação de um inimigo externo.É dos livros.Quanto aos inimigos internos e à propaganda, Chavez tem-nos usado com galhardia e generosidade. Os bodes expiatórios servem justamente para expiar pecados e incapacidades.Em termos de inimigo externo, Chavez não se poupa.Os EUA naturalmente, afinal trata-se do ogre habitual da mitologia dos idiotas latino-americanos, mas é um tema batido e apesar do reconhecido dom do Tenente-Coronel no métier de farejar enxofre e conspirações gringas em todos os cantos, a generalidade das pessoas já não liga muito aos gritos alarmados sobre o lobo que desta vez é que vem.A Espanha também ainda serve para excitar as febres nacionais e socialistas sul-americanas, e Chavez bem tentou explorar o filão, mas a resposta seca do Rei de Espanha, sentou-o e deixou-o a ganir, exposto ao ridículo e à mercê da gargalhada do pagode.Todavia a Espanha e EUA são apenas inimigos de estimação, bons para farroncas verbais e gesticulações ao longe.E poucos acreditam seriamente que estes países passem as noites em branco e afiar as facas e a planear invadir a chácara do Hugo.É aqui que entra a Colômbia. O modo como Chavez tem inflamado a retórica contra este país e o facto de se ter colocado ostensivamente do lado das guerrilhas comunistas, especialistas em narcotráfico e sequestros (tudo em nome do bem, do povo e das causas, e essas coisas, claro), é algo de preocupante.A Colômbia é do mesmo campeonato, faz fronteira com a Venezuela, e um conflito armado oferece uma fuga para a frente ao novo El Comandante, servindo de desculpa para a cada vez mais manifesta incapacidade em criar o prometido paraíso socialista.Chavez está a escalar a crise até ao ponto em que pode estalar um conflito militar.Até agora as suas megalomanias têm-se “apenas” traduzido em pouco subtis interferências nos processos eleitorais dos países vizinhos.Com a Colômbia, o patamar é outro.Nos últimos tempos Hugo Chavez gastou biliões de dólares na compra de sofisticados sistemas de armas, muito para além das suas necessidades de autodefesa, e tem neste momento em armas, os maiores efectivos da América do Sul, que sobem para cerca de 2 milhões de homens, se contarmos com a milícia “revolucionária”.É muito pessoal a coçar os tomates.Com a produção petrolífera a baixar, em resultado da nacionalização e da concomitante falta de investimento, Chavez depende desesperadamente da manutenção em alta dos preços do petróleo.Um conflito na zona, teria, pelo menos no imediato, um efeito mágico: subida dos preços do petróleo, poder total para o Tenente-Coronel e inflamação dos sentimentos nacionalistas em redor do líder.É tentador e a Colômbia está a jeito.Só é pena os gringos…

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A revolução bolivariana já leva quase uma década, e vai desembocando a passo de ganso no pântano onde costumam atolar-se as engenharias sociais socialistas (inflação galopante, escassez de produtos básicos, mercado negro, queda do investimento estrangeiro, progressiva descrença dos cidadãos e paradoxal enriquecimento da nomenklatura de serviço.)Os porcos triunfam, garante a fábula orwelliana.A resposta suina está também no guião: perseguição dos inimigos internos, feitos responsáveis pela falência das grandiosas ideias socialistas, doses cavalares de propaganda e, in extremis, a invocação de um inimigo externo.É dos livros.Quanto aos inimigos internos e à propaganda, Chavez tem-nos usado com galhardia e generosidade. Os bodes expiatórios servem justamente para expiar pecados e incapacidades.Em termos de inimigo externo, Chavez não se poupa.Os EUA naturalmente, afinal trata-se do ogre habitual da mitologia dos idiotas latino-americanos, mas é um tema batido e apesar do reconhecido dom do Tenente-Coronel no métier de farejar enxofre e conspirações gringas em todos os cantos, a generalidade das pessoas já não liga muito aos gritos alarmados sobre o lobo que desta vez é que vem.A Espanha também ainda serve para excitar as febres nacionais e socialistas sul-americanas, e Chavez bem tentou explorar o filão, mas a resposta seca do Rei de Espanha, sentou-o e deixou-o a ganir, exposto ao ridículo e à mercê da gargalhada do pagode.Todavia a Espanha e EUA são apenas inimigos de estimação, bons para farroncas verbais e gesticulações ao longe.E poucos acreditam seriamente que estes países passem as noites em branco e afiar as facas e a planear invadir a chácara do Hugo.É aqui que entra a Colômbia. O modo como Chavez tem inflamado a retórica contra este país e o facto de se ter colocado ostensivamente do lado das guerrilhas comunistas, especialistas em narcotráfico e sequestros (tudo em nome do bem, do povo e das causas, e essas coisas, claro), é algo de preocupante.A Colômbia é do mesmo campeonato, faz fronteira com a Venezuela, e um conflito armado oferece uma fuga para a frente ao novo El Comandante, servindo de desculpa para a cada vez mais manifesta incapacidade em criar o prometido paraíso socialista.Chavez está a escalar a crise até ao ponto em que pode estalar um conflito militar.Até agora as suas megalomanias têm-se “apenas” traduzido em pouco subtis interferências nos processos eleitorais dos países vizinhos.Com a Colômbia, o patamar é outro.Nos últimos tempos Hugo Chavez gastou biliões de dólares na compra de sofisticados sistemas de armas, muito para além das suas necessidades de autodefesa, e tem neste momento em armas, os maiores efectivos da América do Sul, que sobem para cerca de 2 milhões de homens, se contarmos com a milícia “revolucionária”.É muito pessoal a coçar os tomates.Com a produção petrolífera a baixar, em resultado da nacionalização e da concomitante falta de investimento, Chavez depende desesperadamente da manutenção em alta dos preços do petróleo.Um conflito na zona, teria, pelo menos no imediato, um efeito mágico: subida dos preços do petróleo, poder total para o Tenente-Coronel e inflamação dos sentimentos nacionalistas em redor do líder.É tentador e a Colômbia está a jeito.Só é pena os gringos…

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