portugal contemporâneo: toda a liberdade

30-06-2011
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Um primeiro-ministro que se sinta difamado por um blogger, provavelmente vai colocar uma acção judicial contra ele, ainda que não tenha razão. Um Papa que seja difamado ou insultado por um blogger não faz nada disso. Na realidade, não faz nada.A diferença reside em que um primeiro-ministro à procura de ser reeleito não é um homem livre, está escravizado à opinião pública, e a acção judicial dá pelo menos a aparência de que é ele que tem razão - e não o blogger -, favorecendo a sua imagem junto do público.Pelo contrário, se o Papa é insultado ou difamado - como por vezes tem sucedido na blogosfera portuguesa - ele não reage, nem com processos judiciais, nem com perseguições pessoais, nem sequer retribuindo os insultos.Quem insulta o Papa (ou qualquer outra pessoa) não é de certeza um homem livre, porque só o poderá ter feito para agradar - porque se encontra escravizado - à opinião de algum grupo ateísta ou anti-católico militante. Mas o Papa é um homem livre, o seu lugar é vitalício, não depende de ninguém. Para quê, então fazer o mal - pondo um processo judicial ao autor dos insultos ou vingando-se dele por outra forma, em qualquer caso produzindo-lhe um dano - se ele tem toda a liberdade para fazer o bem - ignorando os insultos e até contribuindo para reeducar o seu autor?O Papa possui sobre a hierarquia da Igreja, que inclui muitas centenas de milhar de eclesiásticos espalhados pelo mundo, e sobre todos os assuntos da Igreja, um poder que, nos termos da lei canónica, é um poder "pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer". Dotado deste poder, o Papa pode, se quiser, instrumentalizar à vontade a vida de todos os eclesiásticos que dependem dele, subjugando-os, discriminando entre eles, penalizando-os, perseguindo-os. Mas não o faz. Na realidade, para quê fazer o mal se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?Ainda por cima o poder do Papa é vitalício. Todo junto, este é um poder extraordinário - o mais absoluto de todos os poderes que se podem conceder a um homem. Lord Acton escreveu que "todo o poder corrompe e o poder absoluto tende corromper absolutamente". E, embora a história da Igreja contemple casos de Papas que se deixaram corromper, esses foram as excepções, não a regra. Na realidade, porque é que um Papa se há-de deixar corromper, fazendo o mal, se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?Uma palavra irresponsável ou mal intencionada do Papa seria suficiente para levar por maus caminhos mais de um bilião de fieis católicos espalhados pelo mundo, e provavelmente mais alguns biliões de homens e mulheres - se calhar, toda a humanidade - que, embora não sendo católicos, olham para ele como um líder e uma autoridade moral. Mas porque haveria o Papa de agir assim, fazendo o mal, se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?

Um primeiro-ministro que se sinta difamado por um blogger, provavelmente vai colocar uma acção judicial contra ele, ainda que não tenha razão. Um Papa que seja difamado ou insultado por um blogger não faz nada disso. Na realidade, não faz nada.A diferença reside em que um primeiro-ministro à procura de ser reeleito não é um homem livre, está escravizado à opinião pública, e a acção judicial dá pelo menos a aparência de que é ele que tem razão - e não o blogger -, favorecendo a sua imagem junto do público.Pelo contrário, se o Papa é insultado ou difamado - como por vezes tem sucedido na blogosfera portuguesa - ele não reage, nem com processos judiciais, nem com perseguições pessoais, nem sequer retribuindo os insultos.Quem insulta o Papa (ou qualquer outra pessoa) não é de certeza um homem livre, porque só o poderá ter feito para agradar - porque se encontra escravizado - à opinião de algum grupo ateísta ou anti-católico militante. Mas o Papa é um homem livre, o seu lugar é vitalício, não depende de ninguém. Para quê, então fazer o mal - pondo um processo judicial ao autor dos insultos ou vingando-se dele por outra forma, em qualquer caso produzindo-lhe um dano - se ele tem toda a liberdade para fazer o bem - ignorando os insultos e até contribuindo para reeducar o seu autor?O Papa possui sobre a hierarquia da Igreja, que inclui muitas centenas de milhar de eclesiásticos espalhados pelo mundo, e sobre todos os assuntos da Igreja, um poder que, nos termos da lei canónica, é um poder "pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer". Dotado deste poder, o Papa pode, se quiser, instrumentalizar à vontade a vida de todos os eclesiásticos que dependem dele, subjugando-os, discriminando entre eles, penalizando-os, perseguindo-os. Mas não o faz. Na realidade, para quê fazer o mal se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?Ainda por cima o poder do Papa é vitalício. Todo junto, este é um poder extraordinário - o mais absoluto de todos os poderes que se podem conceder a um homem. Lord Acton escreveu que "todo o poder corrompe e o poder absoluto tende corromper absolutamente". E, embora a história da Igreja contemple casos de Papas que se deixaram corromper, esses foram as excepções, não a regra. Na realidade, porque é que um Papa se há-de deixar corromper, fazendo o mal, se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?Uma palavra irresponsável ou mal intencionada do Papa seria suficiente para levar por maus caminhos mais de um bilião de fieis católicos espalhados pelo mundo, e provavelmente mais alguns biliões de homens e mulheres - se calhar, toda a humanidade - que, embora não sendo católicos, olham para ele como um líder e uma autoridade moral. Mas porque haveria o Papa de agir assim, fazendo o mal, se ele tem toda a liberdade para fazer o bem?

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