CIDADANIA LX: Particulares criaram parque privativo numa rua do Bairro Alto sem autorização

28-01-2012
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In Público (21/5/2009)José António Cerejo«Desconhecidos, embora facilmente identificáveis, privatizaram uma parte da Rua Luz Soriano. Câmara garantiu que ontem mesmo reporia a legalidadeA marosca foi feita há meses e estava à vista de toda a gente menos da polícia e dos fiscais municipais. A Câmara de Lisboa só se apercebeu da evidência depois de o PÚBLICO ter feito perguntas dobre o assunto. "Já viu aquilo? Puseram ali uns pilaretes com cadeados e quando querem lá pôr os carros tiram-nos - quando se vão embora voltam a pô-los..." A mulher, que andava há meia hora à procura de estacionamento, não escondia a indignação. "Aquilo deve ser de algum truta. Já houve aí pessoas que telefonaram para a câmara, mas dizem que não sabem de nada."A conversa passou-se há umas três semanas na R. Luz Soriano, em frente ao número 73, junto às antigas instalações do extinto Diário Popular. Logo a seguir a um aparentemente desnecessário sinal de proibição de estacionamento e paragem, vários pilaretes metálicos iguais a tantos outros, paralelos à fachada dos prédios, criavam uma zona onde era impossível estacionar - excepto para os pequenos smarts, que se instalam na perpendicular à via. Olhando com atenção, porém, verificava-se que aqueles obstáculos estavam encaixados num tubo mais largo, enterrado no chão, e presos a uma engenhosa peça metálica - com dobradiças e também chumbada no solo com cimento - através de um cadeado."Já viu este desplante?", perguntava horas depois um outro morador, quando três das colunas metálicas já lá não estavam e no espaço antes vedado para deixar passar os peões - na rua não há passeios - se encontrava uma carrinha e um automóvel. Desde então o PÚBLICO passou várias vezes pelo local. Nalguns casos encontrou os pilaretes no seu lugar e o espaço vazio, noutros encontrou-o ocupado e sem pilaretes. Nestes casos, os ocupantes eram sempre os mesmos: uma carrinha Fiat Scudo preta (62-CP-56) e um Golf cinzento (90-HJ-57), ambos usados por pessoas que têm um escritório no primeiro andar do número 73. Questionada a Câmara de Lisboa sobre o assunto, a resposta tardou duas semanas, mas chegou anteontem, por escrito. De acordo com os serviços de Tráfego, os pilaretes ali instalados pela autarquia, para "proteger a entrada de edifícios" e o acesso de peões, nomeadamente em frente ao 73, são fixos, agarrados ao chão. "Os pilaretes amovíveis foram colocados, ignora-se por quem, sem o parecer dos serviços." O texto acrescenta que "a zona protegida com pilaretes amovíveis tem um sinal vertical a proibir a paragem e o estacionamento, exactamente o contrário da situação abusiva que se verifica". Por isso mesmo, conclui, "já foram dadas instruções" para que os mesmos sejam retirados entre terça e quarta-feira (ontem). O PÚBLICO ainda perguntou se foi levantado algum processo de contra-ordenação aos donos dos veículos que usavam o espaço, ou se foi feita alguma participação criminal, mas ainda não obteve resposta.»


In Público (21/5/2009)José António Cerejo«Desconhecidos, embora facilmente identificáveis, privatizaram uma parte da Rua Luz Soriano. Câmara garantiu que ontem mesmo reporia a legalidadeA marosca foi feita há meses e estava à vista de toda a gente menos da polícia e dos fiscais municipais. A Câmara de Lisboa só se apercebeu da evidência depois de o PÚBLICO ter feito perguntas dobre o assunto. "Já viu aquilo? Puseram ali uns pilaretes com cadeados e quando querem lá pôr os carros tiram-nos - quando se vão embora voltam a pô-los..." A mulher, que andava há meia hora à procura de estacionamento, não escondia a indignação. "Aquilo deve ser de algum truta. Já houve aí pessoas que telefonaram para a câmara, mas dizem que não sabem de nada."A conversa passou-se há umas três semanas na R. Luz Soriano, em frente ao número 73, junto às antigas instalações do extinto Diário Popular. Logo a seguir a um aparentemente desnecessário sinal de proibição de estacionamento e paragem, vários pilaretes metálicos iguais a tantos outros, paralelos à fachada dos prédios, criavam uma zona onde era impossível estacionar - excepto para os pequenos smarts, que se instalam na perpendicular à via. Olhando com atenção, porém, verificava-se que aqueles obstáculos estavam encaixados num tubo mais largo, enterrado no chão, e presos a uma engenhosa peça metálica - com dobradiças e também chumbada no solo com cimento - através de um cadeado."Já viu este desplante?", perguntava horas depois um outro morador, quando três das colunas metálicas já lá não estavam e no espaço antes vedado para deixar passar os peões - na rua não há passeios - se encontrava uma carrinha e um automóvel. Desde então o PÚBLICO passou várias vezes pelo local. Nalguns casos encontrou os pilaretes no seu lugar e o espaço vazio, noutros encontrou-o ocupado e sem pilaretes. Nestes casos, os ocupantes eram sempre os mesmos: uma carrinha Fiat Scudo preta (62-CP-56) e um Golf cinzento (90-HJ-57), ambos usados por pessoas que têm um escritório no primeiro andar do número 73. Questionada a Câmara de Lisboa sobre o assunto, a resposta tardou duas semanas, mas chegou anteontem, por escrito. De acordo com os serviços de Tráfego, os pilaretes ali instalados pela autarquia, para "proteger a entrada de edifícios" e o acesso de peões, nomeadamente em frente ao 73, são fixos, agarrados ao chão. "Os pilaretes amovíveis foram colocados, ignora-se por quem, sem o parecer dos serviços." O texto acrescenta que "a zona protegida com pilaretes amovíveis tem um sinal vertical a proibir a paragem e o estacionamento, exactamente o contrário da situação abusiva que se verifica". Por isso mesmo, conclui, "já foram dadas instruções" para que os mesmos sejam retirados entre terça e quarta-feira (ontem). O PÚBLICO ainda perguntou se foi levantado algum processo de contra-ordenação aos donos dos veículos que usavam o espaço, ou se foi feita alguma participação criminal, mas ainda não obteve resposta.»

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