10 situações a evitar para não ser roubado nem enganado quando for viajar pelo mundo

21-10-2015
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Larápios há muitos, seu palerma!

É o que diria Vasco Santana se, nos dias de hoje, perdesse horas e horas em filas e mais filas no aeroporto de Buenos Aires. Se deambulasse (qual jogo do empurra à asiática) pelas ruas apinhadas de Shangai. Se fosse surripiado por um macaco-carteirista em Bali. Se partisse de Roma com menos bagagem do que aquela com que chegou à estação de comboio. Se trocasse um maço de notas num cambista de Cuba por um maço de coisa-nenhuma. Se fosse multado por um polícia e de seguida ele lhe perdoasse a multa (mas o dinheirinho pago não regressava ao bolso do burlado do Vasco) na Cidade do México. Ou, por entre tantos ses — e cá vai mais um –, se andasse de táxi em Caracas e a bandeirada fosse a de uma volta ao mundo com muitos semáforos pelo meio.

O que não falta por aí, de uma ponta à outra do globo, são burlões que tratam de embarcar os turistas numa viagem ao conto do vigário. Outros há, mais larápios que burlões, que só lhes roubam a carteira sem que sequer dêem por isso. Entre uns e outros, venha o diabo e escolha.

O espanhol Isidoro Merino é o homem dos sete ofícios — ou quase. É jornalista, fotógrafo, bloguer, escritor de viagens e um “trotamundos”, como o próprio se descreve. Na página do El País onde, religiosamente e desde 1998, escreve sobre o que vai descobrindo mundo afora, resolveu dar 10 dicas aos turistas que são mais distraídos e voltam de férias com as carteiras mais leves — e às vezes nem carteira trazem na volta.

Se já foi surripiado, leia isto. Se não foi, leia também, para que não venha a sê-lo — sobretudo se está ainda a pensar numa semaninha de férias ou a planear as do próximo ano.

Alguns aeroportos são autênticos “cachorros-quentes”. E nós, nesta metáfora, somos as salsichas; sem espaço para respirar, para avançar nas filas, para nada. No Aeroporto de Buenos Aires, conta Merino, num desses apertos para aqui, apertos para acolá, alguém espirrou e a mala de Merino ficou uma salgalhada de suja. O bondoso do “espirrador” lá se ofereceu para limpá-la, e quando Merino deitou a mão a carteira, não estava lá. O que é que ele sugere? Que não deixe que ninguém lhe limpe a mala. Literal ou metaforicamente.

A história é esta e conta-se rapidamente: nas ruas de Nanjing, uma avenida apinhada de lojas e de gente em Shangai, um casal, normalmente jovial e bem-parecido, aborda o turista e propõe-se a apresentar-lhe a “famosa” cerimónia do chá chinesa. O turista não quer. E que tal um karaoke? Também não quer. Mas o casal, insistente, propõe: E que tal uma massagem shiatsu? — “com um final feliz”, conta-nos Isidoro Merino. Há quem, de entre as três, alguma aceite. O turista vai com o casal, desfruta da hospitalidade de Shangai, e no final chega-lhe uma conta exorbitante para pagar, como se tivesse vivido durante uma semana, à grande e à francesa, na suite presidencial do Ritz lá do sítio. Aqui-d’el-rei, não pago!, reclama o turista. Ai paga, paga. E paga na hora, pois a conta vai-lhe ser cobrada, não pelo simpático casal, mas por dois grandalhões sem disposição para negociar dívidas. Como evitar a extorsão? Merino sugere que se ouçam os ensinamentos das mães: nunca fale com desconhecidos. Muito menos em Shangai.

Atenção: nunca diga a um estranho, que só conheceu ao desembarcar no destino, quem sabe depois de uma noitada bem bebida num bar, quem é, de onde vem ou, menos ainda, onde está alojado, para onde vai a seguir ou quanto regressa a casa. Isidoro Merino alerta-lhe que fazê-lo é o suficiente para ser roubado ou, em alguns casos, até raptado. O ideal, para não aparentar ser um daqueles turistas trombalazanas diante de tão simpático local, é mentir: diga que parte três dias depois da data verdadeira. E de onde vem? De um aldeiazinha, pobre, na Conchinchina. Ele nem vai reparar que você é europeu.

Já não se fazem carteiristas como antigamente. Hoje, conta Isidoro Merino, os ditos larápios fazem-se, eles próprios, de turistas, com a câmara fotográfica ao peito, empunhando de um mapa, trazem a mochila carregada sobre os ombros, mas, misturados na multidão, tratam de esvaziar os bolsos dos verdadeiros turistas. Merino sugere-lhe que leve consigo só o dinheiro de que necessita. Ah, e nunca leve o passaporte, mas uma cópia deste. Cartões de crédito? Não, nem pensar em levá-los. E se os levar, guarde-os bem. Você sabe onde.

Cuidado com os “Usain Bolt” dos carteirista. É que há alguns, que mirando-o de longe, só aguardam o momento em que você se senta numa esplanada, bebe o seu copo de vinho sossegado, e tudo o que deixa pousado sobre a mesa, seja o telemóvel, a carteira ou a mochila, é surripiado num ápice pelo “velocista” voyeur. Faça como o Isidoro Merino: não deixe nada à mão de semear. Mas beba o seu vinho sossegado, claro.

Na Ásia, particularmente no templo indonésio de Uluwatu, em Bali, há macacos (sim, macacos…) que fazem Bonnie Parker e Clyde Barrow corar de vergonha. É que os símios aproximam-se de si, simpáticos, inofensivos, pensa você que à busca de uma migalha, não é? Não. O que eles querem, verdadeiramente, é o que em si reluz: seja um fio, uns óculos a segurar o cabelo, tudo o que aquelas pequenitas mãos de macaco conseguirem roubar por esticão. Pelo sim pelo não, não dê confiança aos macacos de Bali. Cada um no seu galho, e sete olhos neles.

Roma Termini. É a estação ferroviária mais importante da capital italiana e uma das mais movimentas da Europa. Aqui não há ladrões de meia tigela. Aqui há verdadeiros “Houdini” da ladroagem. Conta-nos Isidoro Merino que o turista chega à estação, pousa a mala mesmo a lado, olha para as horas, distrai-se por segundos com o placard das partidas e chegadas, e, quando olha para o lado de novo, está só e a mala foi-se. O turista bem que ergue a cabeça no ar, a ver se descortina uma mala igual à sua com alguém, mas não vê nada. O ladrão aproximou-se, pousou uma mala com um fundo falso sobre a dele, puxou-a com um elaborado sistema de pinças, e arrivederci! Em Roma, sê romano: agarre-se à sua mala como se tivesse lá dentro lingotes de ouro.

Se tenciona visitar Cuba, saiba que o país usa duas moedas. Ambas oficiais. Os pesos convertíveis (CUC) e os pesos cubanos (CUP). Um euro vale, sensivelmente, 1,2 CUC. Contudo, um euro vale 30 CUP. E atenção: com os pesos cubanos só se podem comprar bens de primeira necessidade e pouco mais. Vá sempre a casas de cambio certificadas para trocar o seu dinheiro e não o faço com cambistas de rua, que muitas vezes lhe dão gato por lebre. Que é como quem diz, pesos cubanos por pesos convertíveis.

Se for à Cidade do México (ou a Guadalajara, Tijuana ou Monterrey, tanto faz…) e tiver o azar de ser multado por um polícia, quem sabe por beber na rua — o que é proibido por lei –, oxalá tenha a sorte de o não ser por um polícia, como dizer?, corrupto. É que muitos dos polícias mexicanos se predispõem, na hora, a retirar-lhe a multa, desde que uma parte da coima fique com eles. E não há um valor fixo. É que eles mostram-se sempre dispostos a ouvir o regateio dos gringos. Isidoro Merino sugere-lhe que o melhor mesmo é não se por a jeito quando anda nas calles mexicanas.

Os táxis. Merino fala-nos de Caracas, onde os taxistas são amigos… do alheio. Mas poder-nos-ia falar de Nova Iorque, do Rio de Janeiro, Londres, Beijing, Cidade do Cabo, Camberra ou, claro, de Lisboa. Em todo o lado há taxistas profissionais e taxistas que são desonestos. O que é que ele sugere? Que desconfie sempre. De tudo! Entre só em táxis licenciados para o transporte de passageiros. Informe-se previamente (hoje, com um smartphone na mão, só é enganado quem quer) sobre qual é o percurso mais rápido (para ir do Aeroporto de Lisboa à Avenida da Liberdade não precisa de fazer uma visitinha a Almada…) para chegar ao seu destino. Sim, o taxímetro é igual em toda parte: muita atenção às tarifas, às mudanças de tarifa e, sobretudo, aos taxímetros desligados; se está avariado (diz-lhe o condutor que está), negoceie previamente o valor a pagar.

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Larápios há muitos, seu palerma!

É o que diria Vasco Santana se, nos dias de hoje, perdesse horas e horas em filas e mais filas no aeroporto de Buenos Aires. Se deambulasse (qual jogo do empurra à asiática) pelas ruas apinhadas de Shangai. Se fosse surripiado por um macaco-carteirista em Bali. Se partisse de Roma com menos bagagem do que aquela com que chegou à estação de comboio. Se trocasse um maço de notas num cambista de Cuba por um maço de coisa-nenhuma. Se fosse multado por um polícia e de seguida ele lhe perdoasse a multa (mas o dinheirinho pago não regressava ao bolso do burlado do Vasco) na Cidade do México. Ou, por entre tantos ses — e cá vai mais um –, se andasse de táxi em Caracas e a bandeirada fosse a de uma volta ao mundo com muitos semáforos pelo meio.

O que não falta por aí, de uma ponta à outra do globo, são burlões que tratam de embarcar os turistas numa viagem ao conto do vigário. Outros há, mais larápios que burlões, que só lhes roubam a carteira sem que sequer dêem por isso. Entre uns e outros, venha o diabo e escolha.

O espanhol Isidoro Merino é o homem dos sete ofícios — ou quase. É jornalista, fotógrafo, bloguer, escritor de viagens e um “trotamundos”, como o próprio se descreve. Na página do El País onde, religiosamente e desde 1998, escreve sobre o que vai descobrindo mundo afora, resolveu dar 10 dicas aos turistas que são mais distraídos e voltam de férias com as carteiras mais leves — e às vezes nem carteira trazem na volta.

Se já foi surripiado, leia isto. Se não foi, leia também, para que não venha a sê-lo — sobretudo se está ainda a pensar numa semaninha de férias ou a planear as do próximo ano.

Alguns aeroportos são autênticos “cachorros-quentes”. E nós, nesta metáfora, somos as salsichas; sem espaço para respirar, para avançar nas filas, para nada. No Aeroporto de Buenos Aires, conta Merino, num desses apertos para aqui, apertos para acolá, alguém espirrou e a mala de Merino ficou uma salgalhada de suja. O bondoso do “espirrador” lá se ofereceu para limpá-la, e quando Merino deitou a mão a carteira, não estava lá. O que é que ele sugere? Que não deixe que ninguém lhe limpe a mala. Literal ou metaforicamente.

A história é esta e conta-se rapidamente: nas ruas de Nanjing, uma avenida apinhada de lojas e de gente em Shangai, um casal, normalmente jovial e bem-parecido, aborda o turista e propõe-se a apresentar-lhe a “famosa” cerimónia do chá chinesa. O turista não quer. E que tal um karaoke? Também não quer. Mas o casal, insistente, propõe: E que tal uma massagem shiatsu? — “com um final feliz”, conta-nos Isidoro Merino. Há quem, de entre as três, alguma aceite. O turista vai com o casal, desfruta da hospitalidade de Shangai, e no final chega-lhe uma conta exorbitante para pagar, como se tivesse vivido durante uma semana, à grande e à francesa, na suite presidencial do Ritz lá do sítio. Aqui-d’el-rei, não pago!, reclama o turista. Ai paga, paga. E paga na hora, pois a conta vai-lhe ser cobrada, não pelo simpático casal, mas por dois grandalhões sem disposição para negociar dívidas. Como evitar a extorsão? Merino sugere que se ouçam os ensinamentos das mães: nunca fale com desconhecidos. Muito menos em Shangai.

Atenção: nunca diga a um estranho, que só conheceu ao desembarcar no destino, quem sabe depois de uma noitada bem bebida num bar, quem é, de onde vem ou, menos ainda, onde está alojado, para onde vai a seguir ou quanto regressa a casa. Isidoro Merino alerta-lhe que fazê-lo é o suficiente para ser roubado ou, em alguns casos, até raptado. O ideal, para não aparentar ser um daqueles turistas trombalazanas diante de tão simpático local, é mentir: diga que parte três dias depois da data verdadeira. E de onde vem? De um aldeiazinha, pobre, na Conchinchina. Ele nem vai reparar que você é europeu.

Já não se fazem carteiristas como antigamente. Hoje, conta Isidoro Merino, os ditos larápios fazem-se, eles próprios, de turistas, com a câmara fotográfica ao peito, empunhando de um mapa, trazem a mochila carregada sobre os ombros, mas, misturados na multidão, tratam de esvaziar os bolsos dos verdadeiros turistas. Merino sugere-lhe que leve consigo só o dinheiro de que necessita. Ah, e nunca leve o passaporte, mas uma cópia deste. Cartões de crédito? Não, nem pensar em levá-los. E se os levar, guarde-os bem. Você sabe onde.

Cuidado com os “Usain Bolt” dos carteirista. É que há alguns, que mirando-o de longe, só aguardam o momento em que você se senta numa esplanada, bebe o seu copo de vinho sossegado, e tudo o que deixa pousado sobre a mesa, seja o telemóvel, a carteira ou a mochila, é surripiado num ápice pelo “velocista” voyeur. Faça como o Isidoro Merino: não deixe nada à mão de semear. Mas beba o seu vinho sossegado, claro.

Na Ásia, particularmente no templo indonésio de Uluwatu, em Bali, há macacos (sim, macacos…) que fazem Bonnie Parker e Clyde Barrow corar de vergonha. É que os símios aproximam-se de si, simpáticos, inofensivos, pensa você que à busca de uma migalha, não é? Não. O que eles querem, verdadeiramente, é o que em si reluz: seja um fio, uns óculos a segurar o cabelo, tudo o que aquelas pequenitas mãos de macaco conseguirem roubar por esticão. Pelo sim pelo não, não dê confiança aos macacos de Bali. Cada um no seu galho, e sete olhos neles.

Roma Termini. É a estação ferroviária mais importante da capital italiana e uma das mais movimentas da Europa. Aqui não há ladrões de meia tigela. Aqui há verdadeiros “Houdini” da ladroagem. Conta-nos Isidoro Merino que o turista chega à estação, pousa a mala mesmo a lado, olha para as horas, distrai-se por segundos com o placard das partidas e chegadas, e, quando olha para o lado de novo, está só e a mala foi-se. O turista bem que ergue a cabeça no ar, a ver se descortina uma mala igual à sua com alguém, mas não vê nada. O ladrão aproximou-se, pousou uma mala com um fundo falso sobre a dele, puxou-a com um elaborado sistema de pinças, e arrivederci! Em Roma, sê romano: agarre-se à sua mala como se tivesse lá dentro lingotes de ouro.

Se tenciona visitar Cuba, saiba que o país usa duas moedas. Ambas oficiais. Os pesos convertíveis (CUC) e os pesos cubanos (CUP). Um euro vale, sensivelmente, 1,2 CUC. Contudo, um euro vale 30 CUP. E atenção: com os pesos cubanos só se podem comprar bens de primeira necessidade e pouco mais. Vá sempre a casas de cambio certificadas para trocar o seu dinheiro e não o faço com cambistas de rua, que muitas vezes lhe dão gato por lebre. Que é como quem diz, pesos cubanos por pesos convertíveis.

Se for à Cidade do México (ou a Guadalajara, Tijuana ou Monterrey, tanto faz…) e tiver o azar de ser multado por um polícia, quem sabe por beber na rua — o que é proibido por lei –, oxalá tenha a sorte de o não ser por um polícia, como dizer?, corrupto. É que muitos dos polícias mexicanos se predispõem, na hora, a retirar-lhe a multa, desde que uma parte da coima fique com eles. E não há um valor fixo. É que eles mostram-se sempre dispostos a ouvir o regateio dos gringos. Isidoro Merino sugere-lhe que o melhor mesmo é não se por a jeito quando anda nas calles mexicanas.

Os táxis. Merino fala-nos de Caracas, onde os taxistas são amigos… do alheio. Mas poder-nos-ia falar de Nova Iorque, do Rio de Janeiro, Londres, Beijing, Cidade do Cabo, Camberra ou, claro, de Lisboa. Em todo o lado há taxistas profissionais e taxistas que são desonestos. O que é que ele sugere? Que desconfie sempre. De tudo! Entre só em táxis licenciados para o transporte de passageiros. Informe-se previamente (hoje, com um smartphone na mão, só é enganado quem quer) sobre qual é o percurso mais rápido (para ir do Aeroporto de Lisboa à Avenida da Liberdade não precisa de fazer uma visitinha a Almada…) para chegar ao seu destino. Sim, o taxímetro é igual em toda parte: muita atenção às tarifas, às mudanças de tarifa e, sobretudo, aos taxímetros desligados; se está avariado (diz-lhe o condutor que está), negoceie previamente o valor a pagar.

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