Não se podem ultrapassar as negociações

20-11-2011
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Debate A questão do Estado Palestiniano

O que se passa na nossa parte do Médio Oriente não parece fazer grande sentido à primeira vista: Israel declarou que apoia o estabelecimento de dois Estados para dois povos, incluindo um Estado Palestiniano. Os palestinianos dizem que querem um Estado. Então porque é que duas posições aparentemente idênticas não levam ao resultado expectável? A resposta é simples. Ambos os lados divergem quanto aos meios para atingir esse objectivo. Israel acredita que o Estado Palestiniano deve ser fundado como resultado de um processo de paz abrangente e genuíno, mantendo as negociações directas como único meio de chegar a acordo face a todas as questões que estão implicadas no estabelecimento de um novo Estado.

Por seu lado, a Autoridade Palestiniana está a contornar a necessidade de negociações, tentando criar um Estado sem fazer a paz com Israel.

Esta é a real motivação da recusa palestiniana, que dura há já três anos, em participar em negociações sérias connosco, bem como da sua decisão em recorrer às Nações Unidas para conseguir um reconhecimento. Ao invés de negociar, os palestinianos assaltam Israel com uma guerra diplomática de deslegitimação, orquestrando uma verdadeira licitação de reconhecimento nas Nações Unidas - numa clara violação dos Acordos de Oslo que assinaram com Israel e que proíbem acções unilaterais que intentem mudar o status da Cisjordânia e de Gaza. Para além disso, como parte da sua estratégia para evitar negociações directas, optaram por ignorar o apelo urgente feito pelo Quarteto a 23 de Setembro último "por forma a ultrapassar os obstáculos correntes e retomar as negociações directas e bilaterais israelo-palestinianas sem atrasos ou pré-condições".

A primeira pré-condição emitida pela Autoridade Palestiniana foi ditar um fim à construção de colonatos, que tentam retratar como sendo o principal obstáculo à paz. Contudo, e décadas antes de existir um único colonato na Cisjordânia, os palestinianos optaram pela guerra. A própria Organização da Libertação da Palestina foi fundada em 1964, três anos antes da guerra de 67.

Resolveram ignorar a moratória de dez meses de iniciativa israelita nas construções na Cisjordânia, voltando às negociações passados nove meses e meio, onde após seis horas de conversações mais uma vez abandonaram a mesa. Para retomarem as conversações exigiram que Israel reconhecesse as linhas do cessar-fogo de 1949 como as fronteiras do novo Estado Palestiniano. E vem a caminho uma terceira pré-condição: a libertação de terroristas palestinianos condenados em cadeias israelitas.

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Enquanto a AP prossegue a sua guerra diplomática com o apoio automático de 22 países árabes, 57 muçulmanos e 118 não-alinhados, a Faixa de Gaza - controlada pelo Hamas - está engajada numa guerra literal disparando mísseis atrás de mísseis contra civis no Sul de Israel. Em Maio passado, a AP tentou um acordo de reconciliação com o Hamas, desconsiderando que a Carta fundadora dessa organização terrorista proclama a destruição de Israel e o assassínio de judeus, a rejeição de qualquer processo de paz e a prossecução de ataques terroristas.

Israel enfrenta duas entidades - uma que nos atinge com uma violência literal, a outra que o faz com documentos diplomáticos; uma com mísseis Grad e a outra com conspirações políticas.

A única forma que os palestinianos têm de conseguir um Estado é através de negociações directas direccionadas para pôr fim ao conflito com Israel e estabelecer uma relação de paz e cooperação. Por essa razão, Israel pediu um regresso à mesa negocial. A comunidade internacional, nomeadamente Portugal, agora com responsabilidades acrescidas nesta matéria enquanto membro do Conselho de Segurança da ONU, devia clarificar à AP que não pode ignorar as negociações de paz agindo consecutivamente com base em manobras hostis.

Debate A questão do Estado Palestiniano

O que se passa na nossa parte do Médio Oriente não parece fazer grande sentido à primeira vista: Israel declarou que apoia o estabelecimento de dois Estados para dois povos, incluindo um Estado Palestiniano. Os palestinianos dizem que querem um Estado. Então porque é que duas posições aparentemente idênticas não levam ao resultado expectável? A resposta é simples. Ambos os lados divergem quanto aos meios para atingir esse objectivo. Israel acredita que o Estado Palestiniano deve ser fundado como resultado de um processo de paz abrangente e genuíno, mantendo as negociações directas como único meio de chegar a acordo face a todas as questões que estão implicadas no estabelecimento de um novo Estado.

Por seu lado, a Autoridade Palestiniana está a contornar a necessidade de negociações, tentando criar um Estado sem fazer a paz com Israel.

Esta é a real motivação da recusa palestiniana, que dura há já três anos, em participar em negociações sérias connosco, bem como da sua decisão em recorrer às Nações Unidas para conseguir um reconhecimento. Ao invés de negociar, os palestinianos assaltam Israel com uma guerra diplomática de deslegitimação, orquestrando uma verdadeira licitação de reconhecimento nas Nações Unidas - numa clara violação dos Acordos de Oslo que assinaram com Israel e que proíbem acções unilaterais que intentem mudar o status da Cisjordânia e de Gaza. Para além disso, como parte da sua estratégia para evitar negociações directas, optaram por ignorar o apelo urgente feito pelo Quarteto a 23 de Setembro último "por forma a ultrapassar os obstáculos correntes e retomar as negociações directas e bilaterais israelo-palestinianas sem atrasos ou pré-condições".

A primeira pré-condição emitida pela Autoridade Palestiniana foi ditar um fim à construção de colonatos, que tentam retratar como sendo o principal obstáculo à paz. Contudo, e décadas antes de existir um único colonato na Cisjordânia, os palestinianos optaram pela guerra. A própria Organização da Libertação da Palestina foi fundada em 1964, três anos antes da guerra de 67.

Resolveram ignorar a moratória de dez meses de iniciativa israelita nas construções na Cisjordânia, voltando às negociações passados nove meses e meio, onde após seis horas de conversações mais uma vez abandonaram a mesa. Para retomarem as conversações exigiram que Israel reconhecesse as linhas do cessar-fogo de 1949 como as fronteiras do novo Estado Palestiniano. E vem a caminho uma terceira pré-condição: a libertação de terroristas palestinianos condenados em cadeias israelitas.

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Enquanto a AP prossegue a sua guerra diplomática com o apoio automático de 22 países árabes, 57 muçulmanos e 118 não-alinhados, a Faixa de Gaza - controlada pelo Hamas - está engajada numa guerra literal disparando mísseis atrás de mísseis contra civis no Sul de Israel. Em Maio passado, a AP tentou um acordo de reconciliação com o Hamas, desconsiderando que a Carta fundadora dessa organização terrorista proclama a destruição de Israel e o assassínio de judeus, a rejeição de qualquer processo de paz e a prossecução de ataques terroristas.

Israel enfrenta duas entidades - uma que nos atinge com uma violência literal, a outra que o faz com documentos diplomáticos; uma com mísseis Grad e a outra com conspirações políticas.

A única forma que os palestinianos têm de conseguir um Estado é através de negociações directas direccionadas para pôr fim ao conflito com Israel e estabelecer uma relação de paz e cooperação. Por essa razão, Israel pediu um regresso à mesa negocial. A comunidade internacional, nomeadamente Portugal, agora com responsabilidades acrescidas nesta matéria enquanto membro do Conselho de Segurança da ONU, devia clarificar à AP que não pode ignorar as negociações de paz agindo consecutivamente com base em manobras hostis.

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