Um amigo brasileiro alertou-me para uma entrevista muito interessante dada por Charles Murray à revista «Isto é», no mês passado, onde afirma que a “miscigenação diminui o QI dos brasileiros” e que a “elevada proporção de negros no País reduz o índice de inteligência nacional”. O politólogo americano, que se tornou internacionalmente conhecido com o livro que provocou grande controvérsia, “The Bell Curve: intelligence and class structure in american life” [1996], escrito em co-autoria com Richard J. Herrnstein, psicólogo e professor de Harvard, foi pela primeira vez ao Brasil para participar no seminário “O Impacto dos Resultados Pisa e a Formação de Intelectuais na América Latina”. O seu último livro é “Real Education: Four Simple Truths for Bringing America's Schools Back to Reality”.Racista?Às acusações de racismo, Murray responde: “Fui acusado de racismo porque mostrei um indiscutível facto empírico: quando amostras representativas de brancos e negros são submetidas a testes que medem a habilidade cognitiva, os resultados médios são diferentes. Isto não é uma opinião. É um facto, da mesma forma que medidas de altura mostram um resultado médio diferente entre japoneses e alemães. Eu não tirei conclusões racistas deste facto, não advoguei políticas racistas, e tenho escrito explicitamente que a lei deve tratar pessoas como indivíduos e não como membros de grupos raciais. Então por que me chamar de racista? Porque alguns factos não podem ser discutidos - e os indivíduos que os discutem devem ser pessoas terríveis.”Miscegenação e QIConfrontado com a constatação de que o Brasil é um país onde a miscigenação é a regra e questionado se isso significa que o QI médio do brasileiro é inferior ao dos nórdicos, por exemplo, Murray responde: “É uma questão de aritmética. Se em testes o QI é sempre maior com amostras de nórdicos do que com amostras de negros, então um país com uma significativa proporção de negros terá um QI médio inferior ao de um país que consiste exclusivamente de nórdicos. Isso é verdade, por exemplo, quando comparamos os Estados Unidos com a Suécia, da mesma forma que é verdade quando comparamos o Brasil e a Suécia. A única questão é empírica: as médias são sempre diferentes? Se são, a questão está respondida por si mesma.”O valor dos testes de QI“O valor dos testes de QI, para um cientista social, é usá-los para prever resultados em grupos grandes. Por exemplo, se você me mostrar duas crianças de seis anos, uma com 110 de QI e outra com 90, não tenho ideia de quem estará ganhando mais quando elas estiverem com 30 anos. Mas, se você me mostrar mil crianças de seis anos com 90 de QI e mil com 110, posso dizer com muita confiança que a renda do grupo de 110 de QI aos 30 anos será mais alta na média - essa é palavra-chave, na média - do que a do grupo de 90.”
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Um amigo brasileiro alertou-me para uma entrevista muito interessante dada por Charles Murray à revista «Isto é», no mês passado, onde afirma que a “miscigenação diminui o QI dos brasileiros” e que a “elevada proporção de negros no País reduz o índice de inteligência nacional”. O politólogo americano, que se tornou internacionalmente conhecido com o livro que provocou grande controvérsia, “The Bell Curve: intelligence and class structure in american life” [1996], escrito em co-autoria com Richard J. Herrnstein, psicólogo e professor de Harvard, foi pela primeira vez ao Brasil para participar no seminário “O Impacto dos Resultados Pisa e a Formação de Intelectuais na América Latina”. O seu último livro é “Real Education: Four Simple Truths for Bringing America's Schools Back to Reality”.Racista?Às acusações de racismo, Murray responde: “Fui acusado de racismo porque mostrei um indiscutível facto empírico: quando amostras representativas de brancos e negros são submetidas a testes que medem a habilidade cognitiva, os resultados médios são diferentes. Isto não é uma opinião. É um facto, da mesma forma que medidas de altura mostram um resultado médio diferente entre japoneses e alemães. Eu não tirei conclusões racistas deste facto, não advoguei políticas racistas, e tenho escrito explicitamente que a lei deve tratar pessoas como indivíduos e não como membros de grupos raciais. Então por que me chamar de racista? Porque alguns factos não podem ser discutidos - e os indivíduos que os discutem devem ser pessoas terríveis.”Miscegenação e QIConfrontado com a constatação de que o Brasil é um país onde a miscigenação é a regra e questionado se isso significa que o QI médio do brasileiro é inferior ao dos nórdicos, por exemplo, Murray responde: “É uma questão de aritmética. Se em testes o QI é sempre maior com amostras de nórdicos do que com amostras de negros, então um país com uma significativa proporção de negros terá um QI médio inferior ao de um país que consiste exclusivamente de nórdicos. Isso é verdade, por exemplo, quando comparamos os Estados Unidos com a Suécia, da mesma forma que é verdade quando comparamos o Brasil e a Suécia. A única questão é empírica: as médias são sempre diferentes? Se são, a questão está respondida por si mesma.”O valor dos testes de QI“O valor dos testes de QI, para um cientista social, é usá-los para prever resultados em grupos grandes. Por exemplo, se você me mostrar duas crianças de seis anos, uma com 110 de QI e outra com 90, não tenho ideia de quem estará ganhando mais quando elas estiverem com 30 anos. Mas, se você me mostrar mil crianças de seis anos com 90 de QI e mil com 110, posso dizer com muita confiança que a renda do grupo de 110 de QI aos 30 anos será mais alta na média - essa é palavra-chave, na média - do que a do grupo de 90.”