Dramatização final no último comício de Passos e Portas

16-10-2015
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No último comício da coligação, Paulo Portas foi buscar toda a artilharia que tinha para dramatizar as consequências de uma eventual vitória do PS. Acenou com o défice a disparar e a dívida a crescer, acenou com o risco de não ser possível devolver rendimentos às pessoas, falou no papão dos "Syrizas cá do sítio" chegarem ao Governo, agitou a hipótese de Portugal se meter em problemas na Europa e no euro. O caos. Mas com um antídoto: "Ao votar coligação estão com toda a probabilidade a votar em quem vai ganhar e a acrescentar estabilidade a essa vitória, essencial para podemos ter quatro anos melhores, tranquilos (...) Deem a Portugal um Governo estável, duradouro e coerente".

O número dois da coligação levou ao comício duas notícias do dia, que apresentou como prova de que as coisas estão a correr bem e como sinal daquilo que poderá estar em causa se vencer o PS. Por um lado, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, que tantas vezes faz previsões mais pessimistas do que o Governo, confirmou esta sexta-feira que está ao alcance o cumprimento de um défice abaixo dos 3%, conforme o Executivo tem dito. "O Governo tinha razão e temos condições para ter um défice abaixo dos 3%. Mas o défice disparará para cima de 3% se forem socialistas a vencer. Não é uma suspeita, é o programa que eles apresentaram", disparou Portas. Por outro lado, pegando na notícia de um novo investimento estrangeiro que poderá chegar aos mil milhões de euros, Portas perguntou à audiência: "Vamos dar cabo da confiança, vamos dar cabo do investimento, vamos dar cabo da criação de emprego? Não. Para isso é necessário ter maioria, estabilidade e confiança".

Em noite de gastar o resto das munições, Portas alertou ainda que "se os indecisos se aproximarem do PS, isso terá como consequência certamente abrir caminho à aproximação de partidos antieuro e antiEuropa da esfera do poder e isso não é desejável para Portugal. A escolha, por isso, será entre a coligação, que "governa ao centro", como acontece "nos países europeus", ou o PS, que "abriu portas aos Syrizas cá do sítio para se poderem aproximar do poder".

Luís Barra

Passos: não andar à procura de arranjinhos

A seguir a Portas, Pedro Passos Coelho, embora em tom mais conciliador, pegou na deixa e puxou pelos argumentos. Embalados pelas sondagens, a questão para a coligação não é a vitória, mas a sua dimensão. A preocupação de Passos e Portas foi sobre as condições que o vencedor terá ou não para governar. "O desejamos acima de tudo são quatro anos de estabilidade, esperança e confiança, para não andar à procura de arranjos e arranjinhos, para ver se temos orçamento, se temos governo, se temos crescimento e emprego", disse Passos. A solução para isso, assegurou, é "uma maioria no Parlamento que traga estabilidade ao governo e a Portugal" - nunca, na campanha, pronunciou maioria absoluta, mas nunca tirou daí o pensamento.

O risco de uma disputa constitucional no caso de a coligação ganhar por poucos - o que poderia deixar o PS com mais deputados do que o PSD, podendo os socialistas reclamar que seriam a maior bancada parlamentar - também serviu para carregar razões no apelo à maioria absoluta. "Temos no essencial dois candidatos a primeiro-ministro, eu e o dr. António Costa. Agora imaginem o que era os portugueses escolherem a coligação e a mim para primeiro-ministro e na segunda-feira acordarem com António Costa como primeiro-ministro. Fará sentido que alguém que tivesse perdido as eleições fizesse Governo no dia seguinte?", perguntou o líder do PSD, frisando que "deve formar governo quem ganhar as eleições."

José Carlos Carvalho

Ministros, Marcelo, Santana... e taxistas

A parte central da Praça da Figueira estava bem composta, mas havia muito mais praça além do espaço que a coligação preparou para o comício. A multidão foi mais impressionante enquanto descia do Largo do Chiado até ao Rossio - não pareciam tantos como o PS tinha juntado, duas horas antes, mas estavam bastante mais festivos e empolgados. As sondagens pesam...

O palco também estava composto. Os principais rostos do governo lá estavam ao lado de Passos e Portas, a começar pelos governantes mais zurzidos pela oposição: Maria Luís Albuquerque, a ministra da austeridade, Paulo Núncio, o homem dos impostos, Sérgio Monteiro e Pires de Lima, os homens das privatizações... E bastantes mais, que antes tinham feito com Passos e Portas a tradicional descida do Chiado: Paula Teixeira da Cruz, Assunção Cristas, Rui Machete, Luis Marques Guedes... Santana Lopes, que chegou à arruada com os dois líderes da coligação, ficou num sítio mais discreto do palco; já Marcelo Rebelo de Sousa, que concentrou todas as atenções no início desta ação de campanha, cumprimentou Passos à chegada, mas não esteve nem na arruada nem no comício (foi gravar a entrevista desta noite com Ricardo Araújo Pereira).

Ao fundo da Praça da Figueira, um grupo de taxistas protestava por causa do conflito com a Uber e tentava fazer-se ouvir durante os dois discursos, com assobios e gritos de "aldrabão". Mas as palavras de ordem lançadas pelos jotinhas que estavam ali concentrados sobrepunham-se sempre. Apesar disso, o líder da coligação referiu-se ao facto de haver ali quem protestasse como uma vitória da democracia. "Que grande lição de democracia e pluralismo demos nestes quatro anos", lançou para a plateia.

No último comício da coligação, Paulo Portas foi buscar toda a artilharia que tinha para dramatizar as consequências de uma eventual vitória do PS. Acenou com o défice a disparar e a dívida a crescer, acenou com o risco de não ser possível devolver rendimentos às pessoas, falou no papão dos "Syrizas cá do sítio" chegarem ao Governo, agitou a hipótese de Portugal se meter em problemas na Europa e no euro. O caos. Mas com um antídoto: "Ao votar coligação estão com toda a probabilidade a votar em quem vai ganhar e a acrescentar estabilidade a essa vitória, essencial para podemos ter quatro anos melhores, tranquilos (...) Deem a Portugal um Governo estável, duradouro e coerente".

O número dois da coligação levou ao comício duas notícias do dia, que apresentou como prova de que as coisas estão a correr bem e como sinal daquilo que poderá estar em causa se vencer o PS. Por um lado, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, que tantas vezes faz previsões mais pessimistas do que o Governo, confirmou esta sexta-feira que está ao alcance o cumprimento de um défice abaixo dos 3%, conforme o Executivo tem dito. "O Governo tinha razão e temos condições para ter um défice abaixo dos 3%. Mas o défice disparará para cima de 3% se forem socialistas a vencer. Não é uma suspeita, é o programa que eles apresentaram", disparou Portas. Por outro lado, pegando na notícia de um novo investimento estrangeiro que poderá chegar aos mil milhões de euros, Portas perguntou à audiência: "Vamos dar cabo da confiança, vamos dar cabo do investimento, vamos dar cabo da criação de emprego? Não. Para isso é necessário ter maioria, estabilidade e confiança".

Em noite de gastar o resto das munições, Portas alertou ainda que "se os indecisos se aproximarem do PS, isso terá como consequência certamente abrir caminho à aproximação de partidos antieuro e antiEuropa da esfera do poder e isso não é desejável para Portugal. A escolha, por isso, será entre a coligação, que "governa ao centro", como acontece "nos países europeus", ou o PS, que "abriu portas aos Syrizas cá do sítio para se poderem aproximar do poder".

Luís Barra

Passos: não andar à procura de arranjinhos

A seguir a Portas, Pedro Passos Coelho, embora em tom mais conciliador, pegou na deixa e puxou pelos argumentos. Embalados pelas sondagens, a questão para a coligação não é a vitória, mas a sua dimensão. A preocupação de Passos e Portas foi sobre as condições que o vencedor terá ou não para governar. "O desejamos acima de tudo são quatro anos de estabilidade, esperança e confiança, para não andar à procura de arranjos e arranjinhos, para ver se temos orçamento, se temos governo, se temos crescimento e emprego", disse Passos. A solução para isso, assegurou, é "uma maioria no Parlamento que traga estabilidade ao governo e a Portugal" - nunca, na campanha, pronunciou maioria absoluta, mas nunca tirou daí o pensamento.

O risco de uma disputa constitucional no caso de a coligação ganhar por poucos - o que poderia deixar o PS com mais deputados do que o PSD, podendo os socialistas reclamar que seriam a maior bancada parlamentar - também serviu para carregar razões no apelo à maioria absoluta. "Temos no essencial dois candidatos a primeiro-ministro, eu e o dr. António Costa. Agora imaginem o que era os portugueses escolherem a coligação e a mim para primeiro-ministro e na segunda-feira acordarem com António Costa como primeiro-ministro. Fará sentido que alguém que tivesse perdido as eleições fizesse Governo no dia seguinte?", perguntou o líder do PSD, frisando que "deve formar governo quem ganhar as eleições."

José Carlos Carvalho

Ministros, Marcelo, Santana... e taxistas

A parte central da Praça da Figueira estava bem composta, mas havia muito mais praça além do espaço que a coligação preparou para o comício. A multidão foi mais impressionante enquanto descia do Largo do Chiado até ao Rossio - não pareciam tantos como o PS tinha juntado, duas horas antes, mas estavam bastante mais festivos e empolgados. As sondagens pesam...

O palco também estava composto. Os principais rostos do governo lá estavam ao lado de Passos e Portas, a começar pelos governantes mais zurzidos pela oposição: Maria Luís Albuquerque, a ministra da austeridade, Paulo Núncio, o homem dos impostos, Sérgio Monteiro e Pires de Lima, os homens das privatizações... E bastantes mais, que antes tinham feito com Passos e Portas a tradicional descida do Chiado: Paula Teixeira da Cruz, Assunção Cristas, Rui Machete, Luis Marques Guedes... Santana Lopes, que chegou à arruada com os dois líderes da coligação, ficou num sítio mais discreto do palco; já Marcelo Rebelo de Sousa, que concentrou todas as atenções no início desta ação de campanha, cumprimentou Passos à chegada, mas não esteve nem na arruada nem no comício (foi gravar a entrevista desta noite com Ricardo Araújo Pereira).

Ao fundo da Praça da Figueira, um grupo de taxistas protestava por causa do conflito com a Uber e tentava fazer-se ouvir durante os dois discursos, com assobios e gritos de "aldrabão". Mas as palavras de ordem lançadas pelos jotinhas que estavam ali concentrados sobrepunham-se sempre. Apesar disso, o líder da coligação referiu-se ao facto de haver ali quem protestasse como uma vitória da democracia. "Que grande lição de democracia e pluralismo demos nestes quatro anos", lançou para a plateia.

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