Bolinando

04-01-2012
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30 anos...

Comemorou-se ontem o 30º aniversário da UGT.

Que estranha sensação para mim. Pela primeira vez estive presente não como activista ou dirigente da UGT mas sim como convidado.

A sessão solene consistiu em discursos do Presidente da UGT, João Dias da Silva, do Presidente da Câmara de Lisboa, do secretário-geral da UGT, João Proença, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

As muitas personalidades presentes, para além dessas, ministros, deputados, titulares de cargos públicos, não fizeram mais do que a sua obrigação. A luta pela criação da UGT está intimamente ligada à luta pela liberdade no nosso país. A sua afirmação ao longo dos anos está intimamente ligada à consolidação da democracia em Portugal.

Combate duro e tão injustamente esquecido! Travado numa altura em que, e por muito que custe lembrar isso aos de memória curta, aos arrivistas e parasitas do regime democrático, lutar pela democracia sindical implicava coragem moral e física.

E a sua afirmação ao longo dos anos fez-se através da visão e honestidade política e social de homens e mulheres de partidos que se degladiavam pelo poder mas que souberam, na esfera sindical, colocar quase sempre os interesses superiores dos trabalhadores portugueses acima dos interesses muito mais mesquinhos das suas militâncias partidárias.

Confesso que foi com alguma emoção que revi muitos daqueles que, no passado, foram o rosto e o coração da central. Desde logo o seu primeiro SG. o Zé Manel Torres Couto, mas também outros como o Miguel Pacheco, o Pereira Lopes, o Manel António, a Manela Teixeira, o Zé Veludo, o Barbosa de Oliveira... gente que não via há tanto tempo mas que, em geral, me merecem respeito e, acima de tudo, amizade.

Claro que foi igualmente bom rever dois outros fundadores da UGT, o Rui Oliveira Costa e, sobretudo o meu querido Henrique Coelho, esse por vezes esquecido grande secretário internacional da UGT, monumento à generosidade e com um coração do tamanho do mundo e que até hoje só o atraiçoou a ele mesmo.

Foi igualmente muito agradável ver a presença de quem tem hoje funções de outra responsabilidade mas que fez "tarimba" na UGT e daí partiu para outros desafios, como o Artur Penedos, o António Dornelas, o Joaquim Arenga, o Arménio Santos. Desse grupo não estavam o Joffre Justino, provavelmente por mais uma vez se terem esquecido dele, o Ferro Rodrigues porque anda por outras lides e o Américo Thomati por razões que desconheço.

Outros faltaram por razões óbvias de saúde. Desde logo a minha querida Elisa Damião, a grande responsável por eu ter seguido a área onde estou hoje, essa grande mulher, e grande sindicalista, uma montanha de coragem num corpo frágil de mulher, mas também o meu grande Vitor Almeida, a amizade no estado mais puro, hoje a passar por momentos de grande dureza e, como sempre, esquecido, sobretudo pelos seus companheiros de partido. Para mim tu estavas lá, Vitor.

Como foi bom rever a Lena André. Essa grande sindicalista, essa amiga sincera, provavelmente a futura secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos. E que justiça será feita nesse dia!

E o João Queirós, sempre na sombra, sempre menosprezado, mas sempre activo e responsável. E o restante pessoal da UGT, os melhores trabalhadores, os melhores técnicos do mundo! A Graça, incansável e simpática como só ela sabe, a Dina, o Carlos Alves, a Teresa, essa memória viva, a Anabela, as juristas, o Miguel, e a minha querida Olga, de mau feitio e excelente coração... uma querida por quem os anos não passam.

E como me faltaram aqueles que já não estão entre nós... Sobretudo aqueles que conheci mais de perto e com quem trabalhei. Desde logo o insubstituível Agostinho Roseta, mas também o "nosso homem em S. Francisco", o Frank de Souza cuja vida dava não um mas vários livros, o Luis Lemos, e o tão saudoso Pato Ribeiro! Sei que todos estiveram em espírito, mas isso é fraca consolação para a sua ausência física.

Queria ainda referir uma presença muito especial: a do Ulisses Garrido. Espero que estivesse lá em representação da CGTP. Seja como for, estava. E ainda bem. É alguém que muito respeito, apesar das diferenças entre nós em termos políticos e sindicais. Mas a sua honestidade intelectual, a sua coerência e a solidez da sua formação fazem dele, mais do que um adversário um interlocutor, alguém com quem a discussão produz sempre frutos e que mesmo quando defendemos coisas diferentes reconheço a solidez, coerência e clareza da sua argumentação. E é das discussão nesta base que podem nascer coisas bonitas. Obrigado por teres ido Ulisses.

E, claro, uma palavra especial para o João Proença. Tão especial que me merece uma entrada à parte neste blog. Fá-la-ei brevemente pois acho que o João Proença merece um artigo à parte. Por agora basta-me dizer que, em minha opinião, se hoje ainda há UGT apesar de todos os torpes e soezes ataques que tem sofrido, isso deve-se acima de tudo ao pensamento e acção do João.

Gosto muito do que faço hoje.

Mas não esqueço as minhas raízes. Estão ali. Provavelmente não irei voltar nunca, até porque nunca se deve voltar onde se foi feliz. E eu fui muito feliz na UGT. E devo-lhe muito. Por muito que lhe tenha dado, e acho que dei, recebi sempre mais.

Por muitas coisas que venha a fazer, por muitos cargos que venha a ocupar, por muitas voltas que a vida dê, terei sempre uma dívida impagável de gratidão, respeito, amizade por todos aqueles homens e mulheres que conceberam, criaram e mantêm vivo este espaço de liberdade e democracia, de responsabilidade política e social, de progresso que foi, é e será a UGT.

A todos o meu obrigado!

30 anos...

Comemorou-se ontem o 30º aniversário da UGT.

Que estranha sensação para mim. Pela primeira vez estive presente não como activista ou dirigente da UGT mas sim como convidado.

A sessão solene consistiu em discursos do Presidente da UGT, João Dias da Silva, do Presidente da Câmara de Lisboa, do secretário-geral da UGT, João Proença, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

As muitas personalidades presentes, para além dessas, ministros, deputados, titulares de cargos públicos, não fizeram mais do que a sua obrigação. A luta pela criação da UGT está intimamente ligada à luta pela liberdade no nosso país. A sua afirmação ao longo dos anos está intimamente ligada à consolidação da democracia em Portugal.

Combate duro e tão injustamente esquecido! Travado numa altura em que, e por muito que custe lembrar isso aos de memória curta, aos arrivistas e parasitas do regime democrático, lutar pela democracia sindical implicava coragem moral e física.

E a sua afirmação ao longo dos anos fez-se através da visão e honestidade política e social de homens e mulheres de partidos que se degladiavam pelo poder mas que souberam, na esfera sindical, colocar quase sempre os interesses superiores dos trabalhadores portugueses acima dos interesses muito mais mesquinhos das suas militâncias partidárias.

Confesso que foi com alguma emoção que revi muitos daqueles que, no passado, foram o rosto e o coração da central. Desde logo o seu primeiro SG. o Zé Manel Torres Couto, mas também outros como o Miguel Pacheco, o Pereira Lopes, o Manel António, a Manela Teixeira, o Zé Veludo, o Barbosa de Oliveira... gente que não via há tanto tempo mas que, em geral, me merecem respeito e, acima de tudo, amizade.

Claro que foi igualmente bom rever dois outros fundadores da UGT, o Rui Oliveira Costa e, sobretudo o meu querido Henrique Coelho, esse por vezes esquecido grande secretário internacional da UGT, monumento à generosidade e com um coração do tamanho do mundo e que até hoje só o atraiçoou a ele mesmo.

Foi igualmente muito agradável ver a presença de quem tem hoje funções de outra responsabilidade mas que fez "tarimba" na UGT e daí partiu para outros desafios, como o Artur Penedos, o António Dornelas, o Joaquim Arenga, o Arménio Santos. Desse grupo não estavam o Joffre Justino, provavelmente por mais uma vez se terem esquecido dele, o Ferro Rodrigues porque anda por outras lides e o Américo Thomati por razões que desconheço.

Outros faltaram por razões óbvias de saúde. Desde logo a minha querida Elisa Damião, a grande responsável por eu ter seguido a área onde estou hoje, essa grande mulher, e grande sindicalista, uma montanha de coragem num corpo frágil de mulher, mas também o meu grande Vitor Almeida, a amizade no estado mais puro, hoje a passar por momentos de grande dureza e, como sempre, esquecido, sobretudo pelos seus companheiros de partido. Para mim tu estavas lá, Vitor.

Como foi bom rever a Lena André. Essa grande sindicalista, essa amiga sincera, provavelmente a futura secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos. E que justiça será feita nesse dia!

E o João Queirós, sempre na sombra, sempre menosprezado, mas sempre activo e responsável. E o restante pessoal da UGT, os melhores trabalhadores, os melhores técnicos do mundo! A Graça, incansável e simpática como só ela sabe, a Dina, o Carlos Alves, a Teresa, essa memória viva, a Anabela, as juristas, o Miguel, e a minha querida Olga, de mau feitio e excelente coração... uma querida por quem os anos não passam.

E como me faltaram aqueles que já não estão entre nós... Sobretudo aqueles que conheci mais de perto e com quem trabalhei. Desde logo o insubstituível Agostinho Roseta, mas também o "nosso homem em S. Francisco", o Frank de Souza cuja vida dava não um mas vários livros, o Luis Lemos, e o tão saudoso Pato Ribeiro! Sei que todos estiveram em espírito, mas isso é fraca consolação para a sua ausência física.

Queria ainda referir uma presença muito especial: a do Ulisses Garrido. Espero que estivesse lá em representação da CGTP. Seja como for, estava. E ainda bem. É alguém que muito respeito, apesar das diferenças entre nós em termos políticos e sindicais. Mas a sua honestidade intelectual, a sua coerência e a solidez da sua formação fazem dele, mais do que um adversário um interlocutor, alguém com quem a discussão produz sempre frutos e que mesmo quando defendemos coisas diferentes reconheço a solidez, coerência e clareza da sua argumentação. E é das discussão nesta base que podem nascer coisas bonitas. Obrigado por teres ido Ulisses.

E, claro, uma palavra especial para o João Proença. Tão especial que me merece uma entrada à parte neste blog. Fá-la-ei brevemente pois acho que o João Proença merece um artigo à parte. Por agora basta-me dizer que, em minha opinião, se hoje ainda há UGT apesar de todos os torpes e soezes ataques que tem sofrido, isso deve-se acima de tudo ao pensamento e acção do João.

Gosto muito do que faço hoje.

Mas não esqueço as minhas raízes. Estão ali. Provavelmente não irei voltar nunca, até porque nunca se deve voltar onde se foi feliz. E eu fui muito feliz na UGT. E devo-lhe muito. Por muito que lhe tenha dado, e acho que dei, recebi sempre mais.

Por muitas coisas que venha a fazer, por muitos cargos que venha a ocupar, por muitas voltas que a vida dê, terei sempre uma dívida impagável de gratidão, respeito, amizade por todos aqueles homens e mulheres que conceberam, criaram e mantêm vivo este espaço de liberdade e democracia, de responsabilidade política e social, de progresso que foi, é e será a UGT.

A todos o meu obrigado!

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