O labirinto que separa as empresas do sucesso

07-10-2015
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Quatro diretores de grandes empresas deram ao Expresso a sua visão do atual panorama empresarial português e enumeraram as dificuldades das empresas. A burocracia, os impostos e o financiamento são os principais destaques.

Entre a criação de uma empresa e o sucesso da mesma, há um percurso labiríntico a percorrer. Numa entrevista ao Expresso, os directores executivos (CEO) da Kyaia, Partex Oil and Gas e Martifer responderam à pergunta fulcral do projeto: "O que querem as empresas?" (iniciativa do Expresso e da CGD) e enumeraram os obstáculos que impedem as empresas de crescer a um nível que as permita competir com o resto do mundo.

O excesso de 'papelada'

O primeiro dos muitos obstáculos é o processo burocrático. "A obrigação do Estado é ser um intermediário entre as empresas e os agentes económicos", adianta António Serrano, antigo ministro da Agricultura, que vê na instabilidade das decisões e da legislação um forte entrave ao desenvolvimento. "Em vez disso, decidiu criar uma lista enorme de formulários e documentação para preencher e entregar", conclui o atual professor catedrático da Universidade de Évora e antigo diretor do grupo Lusíada Saúde.

"Hoje perde-se cada vez mais tempo a preencher este e aquele papel, e acaba por haver sempre alguma coisa em falta", acrescenta o presidente da Kyaia, Fortunato Frederico, que vê na burocracia uma perda de tempo e, por consequência, dinheiro. O líder da oitava marca de sapatos mais vendida no mundo enumera ainda os custos práticos do excesso burocrático: "São semanas - se não meses - que as empresas perdem para ter a papelada em ordem. Para que não existam falhas, as empresas são obrigadas a ter um departamento só para isso". E conclui: "São apenas custos adicionais que tinham maior utilidade se fossem aplicados nos salários dos funcionários".

A (difícil) obtenção de financiamento

O segundo desafio que uma corporação nacional enfrenta é a procura de ajudas que permitam o crescimento para um patamar de maior escala, ou seja, a obtenção de financiamento. Uma matéria que, na opinião de António Costa Silva, ainda apresenta muitas deficiências: "Vivemos num país de muitos 'eus' e poucos 'nós'", afirma o CEO da Partex Oil and Gas, que diz que as "empresas ainda vivem como 'reféns' do ceticismo do Estado, dada a falta de apoios que permitam competir com o resto da Europa". Para reforçar a sua ideia, o líder da empresa que integra a Fundação Gulbenkian analisa: "No ano passado, o volume de crédito para as PME declinou 10%, ao passo que o volume para as grandes empresas aumentou 5%. Isto não faz sentido quando as PME representam 99% do tecido empresarial português e empregam 77% dos trabalhadores".

Carga fiscal impede a fluidez do mercado

Passadas as barreiras da burocracia e da obtenção de financiamento, resta ainda outro grande entrave: a elevada tributação fiscal. As empresas conseguem finalmente produzir, mas não têm a quem vender. "Não existe consumo com salários mínimos de 505 euros", garante Carlos Martins, fundador e director da Martifer. Para o CEO da empresa centrada na construção metálica e da energia solar, os baixos salários, associados à elavada tributação em "impostos sobre o consumo, como IVA e IRS, fazem com que os consumidores tenham ainda menos dinheiro, o que leva à compressão do mercado, porque as empresas não têm a quem vender", explica.

Quatro diretores de grandes empresas deram ao Expresso a sua visão do atual panorama empresarial português e enumeraram as dificuldades das empresas. A burocracia, os impostos e o financiamento são os principais destaques.

Entre a criação de uma empresa e o sucesso da mesma, há um percurso labiríntico a percorrer. Numa entrevista ao Expresso, os directores executivos (CEO) da Kyaia, Partex Oil and Gas e Martifer responderam à pergunta fulcral do projeto: "O que querem as empresas?" (iniciativa do Expresso e da CGD) e enumeraram os obstáculos que impedem as empresas de crescer a um nível que as permita competir com o resto do mundo.

O excesso de 'papelada'

O primeiro dos muitos obstáculos é o processo burocrático. "A obrigação do Estado é ser um intermediário entre as empresas e os agentes económicos", adianta António Serrano, antigo ministro da Agricultura, que vê na instabilidade das decisões e da legislação um forte entrave ao desenvolvimento. "Em vez disso, decidiu criar uma lista enorme de formulários e documentação para preencher e entregar", conclui o atual professor catedrático da Universidade de Évora e antigo diretor do grupo Lusíada Saúde.

"Hoje perde-se cada vez mais tempo a preencher este e aquele papel, e acaba por haver sempre alguma coisa em falta", acrescenta o presidente da Kyaia, Fortunato Frederico, que vê na burocracia uma perda de tempo e, por consequência, dinheiro. O líder da oitava marca de sapatos mais vendida no mundo enumera ainda os custos práticos do excesso burocrático: "São semanas - se não meses - que as empresas perdem para ter a papelada em ordem. Para que não existam falhas, as empresas são obrigadas a ter um departamento só para isso". E conclui: "São apenas custos adicionais que tinham maior utilidade se fossem aplicados nos salários dos funcionários".

A (difícil) obtenção de financiamento

O segundo desafio que uma corporação nacional enfrenta é a procura de ajudas que permitam o crescimento para um patamar de maior escala, ou seja, a obtenção de financiamento. Uma matéria que, na opinião de António Costa Silva, ainda apresenta muitas deficiências: "Vivemos num país de muitos 'eus' e poucos 'nós'", afirma o CEO da Partex Oil and Gas, que diz que as "empresas ainda vivem como 'reféns' do ceticismo do Estado, dada a falta de apoios que permitam competir com o resto da Europa". Para reforçar a sua ideia, o líder da empresa que integra a Fundação Gulbenkian analisa: "No ano passado, o volume de crédito para as PME declinou 10%, ao passo que o volume para as grandes empresas aumentou 5%. Isto não faz sentido quando as PME representam 99% do tecido empresarial português e empregam 77% dos trabalhadores".

Carga fiscal impede a fluidez do mercado

Passadas as barreiras da burocracia e da obtenção de financiamento, resta ainda outro grande entrave: a elevada tributação fiscal. As empresas conseguem finalmente produzir, mas não têm a quem vender. "Não existe consumo com salários mínimos de 505 euros", garante Carlos Martins, fundador e director da Martifer. Para o CEO da empresa centrada na construção metálica e da energia solar, os baixos salários, associados à elavada tributação em "impostos sobre o consumo, como IVA e IRS, fazem com que os consumidores tenham ainda menos dinheiro, o que leva à compressão do mercado, porque as empresas não têm a quem vender", explica.

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