Prazeres Minúsculos: E para ti? O que é o Amor?

30-06-2011
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Excerto de «O Que é o Amor Para Ti?», com organização de Sofia Costa Quintas e editado na Pergaminho:Sofia Costa Quintas: Estamos a chegar ao fim desta animadaconversa. Ao longo de duas horas, focámos algumasdas múltiplas faces do amor e da paixão. Certamente haveriamuito mais a dizer. Antes de terminarmos, peço a cadaum que faça uma breve síntese em jeito de comentário a estedebate.Margarida Rebelo Pinto: Em relação à paixão, acho quefoi tudo muito consensual. Todos concordamos com estaideia de a paixão ser uma projecção e ter uma base de instinto.Quanto ao amor, podíamos estar aqui dez anos que nãochegávamos a nenhuma conclusão.Alçada Baptista: Esquecemos um pouco o amor. O quesignifica que esta é uma zona turva nas nossas vidas. E é umazona turva porque vivemos num tempo em que o amor andatão misturado com a carne que poucas pessoas conseguemdescobrir a chave do mecanismo dos afectos.Casimiro de Brito: A paixão é um sopro. Um vento que nos doma e que nos reconstrói. Ou destrói. O amor será antesuma casa que nós construímos. As pessoas tendem a viveruma vida sedentária, e a paixão é nómada. Quando somostomados pela paixão, lá vem o momento em que desejamosacalmar, aquilo é glorioso mas arrasa. O ser humano vivenuma espécie de oscilação permanente entre o sedentarismoe o nomadismo. Mas também dependemos de circunstâncias.É entre o pouco e o imenso que se vive a grande arte, ado amor.Jorge Marques: Fiquei com a ideia de que a paixão é facilmenteexplicável e até tratada pela ciência, porque resultafundamentalmente de uma necessidade. Relativamente aoamor, verifiquei que cada um de nós tem um conceito diferentedaquilo que ele representa. Para mim continua a ser ummistério. É fundamentalmente uma aprendizagem, que é diferentepara cada um.João Villalobos: Acho que corremos seriamente o risco detornarmos o amor cada vez mais impossível, porque cada vezsomos mais individualistas. Mesmo durante esta conversa,falou-se muito no eu e pouco no outro. Para mim, o amor,contrariamente ao que diz o Casimiro, é amar o feio. Em relaçãoà paixão, o amor fica sempre a ganhar. O amor é umaaceitação e, por isso, tem outro ritmo.Isabel Empis: O amor está ligado à harmonia. É tranquilo.E é também o encontro da nossa essência. Está num lugaronde tudo tem uma beleza própria. A paixão é um mecanismopsicológico e de projecção, cujo objecto vai mudando segundoas nossas necessidades de comportamento. São tentativas quefazemos para chegar à essência. Através da aprendizagem quecada paixão representa, vamos engrossando o caudal do nossoamor. O amor é como o universo, está sempre a crescer. Éum sentimento infinito.

Excerto de «O Que é o Amor Para Ti?», com organização de Sofia Costa Quintas e editado na Pergaminho:Sofia Costa Quintas: Estamos a chegar ao fim desta animadaconversa. Ao longo de duas horas, focámos algumasdas múltiplas faces do amor e da paixão. Certamente haveriamuito mais a dizer. Antes de terminarmos, peço a cadaum que faça uma breve síntese em jeito de comentário a estedebate.Margarida Rebelo Pinto: Em relação à paixão, acho quefoi tudo muito consensual. Todos concordamos com estaideia de a paixão ser uma projecção e ter uma base de instinto.Quanto ao amor, podíamos estar aqui dez anos que nãochegávamos a nenhuma conclusão.Alçada Baptista: Esquecemos um pouco o amor. O quesignifica que esta é uma zona turva nas nossas vidas. E é umazona turva porque vivemos num tempo em que o amor andatão misturado com a carne que poucas pessoas conseguemdescobrir a chave do mecanismo dos afectos.Casimiro de Brito: A paixão é um sopro. Um vento que nos doma e que nos reconstrói. Ou destrói. O amor será antesuma casa que nós construímos. As pessoas tendem a viveruma vida sedentária, e a paixão é nómada. Quando somostomados pela paixão, lá vem o momento em que desejamosacalmar, aquilo é glorioso mas arrasa. O ser humano vivenuma espécie de oscilação permanente entre o sedentarismoe o nomadismo. Mas também dependemos de circunstâncias.É entre o pouco e o imenso que se vive a grande arte, ado amor.Jorge Marques: Fiquei com a ideia de que a paixão é facilmenteexplicável e até tratada pela ciência, porque resultafundamentalmente de uma necessidade. Relativamente aoamor, verifiquei que cada um de nós tem um conceito diferentedaquilo que ele representa. Para mim continua a ser ummistério. É fundamentalmente uma aprendizagem, que é diferentepara cada um.João Villalobos: Acho que corremos seriamente o risco detornarmos o amor cada vez mais impossível, porque cada vezsomos mais individualistas. Mesmo durante esta conversa,falou-se muito no eu e pouco no outro. Para mim, o amor,contrariamente ao que diz o Casimiro, é amar o feio. Em relaçãoà paixão, o amor fica sempre a ganhar. O amor é umaaceitação e, por isso, tem outro ritmo.Isabel Empis: O amor está ligado à harmonia. É tranquilo.E é também o encontro da nossa essência. Está num lugaronde tudo tem uma beleza própria. A paixão é um mecanismopsicológico e de projecção, cujo objecto vai mudando segundoas nossas necessidades de comportamento. São tentativas quefazemos para chegar à essência. Através da aprendizagem quecada paixão representa, vamos engrossando o caudal do nossoamor. O amor é como o universo, está sempre a crescer. Éum sentimento infinito.

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