CIDADANIA LX: Donos da casa com painéis de Almada aceitam preservação se os deixarem construir anexo

21-01-2012
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In Público (30/4/2009)Ana Henriques«Caso nova construção não seja autorizada, os proprietários da moradia do Restelo querem que câmara a adquira por mais de dois milhões de eurosOs proprietários da moradia do Restelo onde existem vários painéis de Almada Negreiros admitem desistir da sua demolição e reabilitar o imóvel se, em contrapartida, forem autorizados a construir mais um edifício no terreno onde se situa a casa, na Rua de Alcolena. Caso a Câmara de Lisboa não o permita, propõem à autarquia que lhes adquira a moradia por valor superior a dois milhões de euros.O assunto será em breve discutido pelos vereadores. Seja como for, o município recusa-se a autorizar a demolição, por entender que o edifício, da autoria do arquitecto António Varela, tem "um excepcional interesse no contexto da arquitectura moderna portuguesa". É do gabinete do arquitecto Vasco Massapina o projecto que prevê a destruição da moradia dos anos 50 e a sua substituição por uma nova vivenda. Quem assina o trabalho é o seu filho, João Massapina.Técnicas perplexasAs técnicas camarárias que analisaram o processo estranham que a memória descritiva entregue por este atelier nos serviços camarários para levar por diante a demolição escamoteie o seu valor enquanto peça artística e arquitectónica: "Foi com enorme perplexidade que constatámos que o arquitecto desvaloriza em absoluto a moradia. Ignora-a como se de uma obra menor se tratasse e desconhece que ela integra o inventário municipal do património", escrevem num parecer. Com efeito, não há no projecto de Massapina qualquer referência a Almada Negreiros ou a António Varela. As técnicas desmentem ainda o estado de "pré-ruína" da casa invocado pelo mesmo arquitecto: "Encontra-se em razoável estado de conservação. Os sinais de degradação que apresenta devem-se essencialmente ao abandono e à falta de obras de conservação periódicas". Ainda de acordo com o mesmo parecer, o jardim que rodeia o imóvel, no qual os proprietários querem agora construir um anexo, "deve continuar a ser uma área permeável verde, com manutenção das árvores de médio e grande porte, e de todos os elementos de carácter simbólico dispersos pelo mesmo". A reunião de ontem da câmara foi marcada por uma inusitada discussão entre os vereadores Sá Fernandes e o social-democrata Fernando Negrão sobre a sinalética da cidade. No calor da discussão Sá Fernandes não mediu as palavras. "Agradecia que não me atirasse perdigotos", disse a Negrão. »Pessoalmente, acho este caso escandaloso. Quem tem que impor condições é a CML, é o IGESPAR, não é o proprietário. Como é do conhecimento público o IGESPAR pode invocar a ilegalidade do processo. Como é sabido, a casa encontra-se na zona de protecção da Capela de São Jerónimo, MN. Quais anexos, quais carapuças ... caso contrário, tenho que acreditar no que já me disseram: é tudo um teatro, pois o promotor está entendido com a CML e o novo arquitecto tem muito mais pêso na CML do que, imagine-se, o legado de António Varela e Almada Negreiros. Estou curioso com a posição de 'força' da O.A. Mas uma coisa é certa, este caso, do que resultar dele se inferirá de valer, ou não valer, a pena em defender seja o que for de património em Lisboa. Cadê o MC?


In Público (30/4/2009)Ana Henriques«Caso nova construção não seja autorizada, os proprietários da moradia do Restelo querem que câmara a adquira por mais de dois milhões de eurosOs proprietários da moradia do Restelo onde existem vários painéis de Almada Negreiros admitem desistir da sua demolição e reabilitar o imóvel se, em contrapartida, forem autorizados a construir mais um edifício no terreno onde se situa a casa, na Rua de Alcolena. Caso a Câmara de Lisboa não o permita, propõem à autarquia que lhes adquira a moradia por valor superior a dois milhões de euros.O assunto será em breve discutido pelos vereadores. Seja como for, o município recusa-se a autorizar a demolição, por entender que o edifício, da autoria do arquitecto António Varela, tem "um excepcional interesse no contexto da arquitectura moderna portuguesa". É do gabinete do arquitecto Vasco Massapina o projecto que prevê a destruição da moradia dos anos 50 e a sua substituição por uma nova vivenda. Quem assina o trabalho é o seu filho, João Massapina.Técnicas perplexasAs técnicas camarárias que analisaram o processo estranham que a memória descritiva entregue por este atelier nos serviços camarários para levar por diante a demolição escamoteie o seu valor enquanto peça artística e arquitectónica: "Foi com enorme perplexidade que constatámos que o arquitecto desvaloriza em absoluto a moradia. Ignora-a como se de uma obra menor se tratasse e desconhece que ela integra o inventário municipal do património", escrevem num parecer. Com efeito, não há no projecto de Massapina qualquer referência a Almada Negreiros ou a António Varela. As técnicas desmentem ainda o estado de "pré-ruína" da casa invocado pelo mesmo arquitecto: "Encontra-se em razoável estado de conservação. Os sinais de degradação que apresenta devem-se essencialmente ao abandono e à falta de obras de conservação periódicas". Ainda de acordo com o mesmo parecer, o jardim que rodeia o imóvel, no qual os proprietários querem agora construir um anexo, "deve continuar a ser uma área permeável verde, com manutenção das árvores de médio e grande porte, e de todos os elementos de carácter simbólico dispersos pelo mesmo". A reunião de ontem da câmara foi marcada por uma inusitada discussão entre os vereadores Sá Fernandes e o social-democrata Fernando Negrão sobre a sinalética da cidade. No calor da discussão Sá Fernandes não mediu as palavras. "Agradecia que não me atirasse perdigotos", disse a Negrão. »Pessoalmente, acho este caso escandaloso. Quem tem que impor condições é a CML, é o IGESPAR, não é o proprietário. Como é do conhecimento público o IGESPAR pode invocar a ilegalidade do processo. Como é sabido, a casa encontra-se na zona de protecção da Capela de São Jerónimo, MN. Quais anexos, quais carapuças ... caso contrário, tenho que acreditar no que já me disseram: é tudo um teatro, pois o promotor está entendido com a CML e o novo arquitecto tem muito mais pêso na CML do que, imagine-se, o legado de António Varela e Almada Negreiros. Estou curioso com a posição de 'força' da O.A. Mas uma coisa é certa, este caso, do que resultar dele se inferirá de valer, ou não valer, a pena em defender seja o que for de património em Lisboa. Cadê o MC?

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